A importância dos fundos europeus para empresas mais sustentáveis
O Centro Cultural de Chaves recebeu, dia 10 de maio, a conferência "A importância dos fundos europeus para empresas mais sustentáveis", organizada pelo Santander Portugal e pela CM de Chaves.
“A importância dos Fundos Europeus para empresas mais sustentáveis” foi o mote da conferência organizada pelo Santander Portugal e pelo município de Chaves, que decorreu na passada quarta-feira, dia 10 de maio, no auditório do Centro Cultural de Chaves.
Além da abordagem aos fundos europeus e o impacto que estes podem ter nas empresas, esta iniciativa pretende também quebrar as dificuldades típicas das regiões mais distantes dos grandes centros com vista a promover o seu desenvolvimento.
Os desafios de uma economia mais aberta ao exterior, os fundos europeus PRR e o PT2030, o apoio às empresas no Corredor Ibérico e a importância das políticas ESG para uma transição mais sustentável foram outros dos temas debatidos nesta conferência, que contou com a presença de Nuno Vaz, presidente da Câmara de Chaves; Bruno Fernandes, economista, Santander; Helena Lampreia, Head Internacional Desk, Santander Portugal; Llaré Blanco Bahamonde, diretora Balcão Verín, Santander Espanha; Cristina Melo Antunes, responsável Negócio ESG Green Finance, Santander; António Caixinha, diretor de Marketing de Produto, EDP; e Paulo Natal, responsável Área Comercial Particulares & Negócios, Santander.
O evento contou, ainda, com um painel de debate moderado por António Larguesa, jornalista do ECO, que teve como oradores Vítor Ribeiro, CFO Anteros Empreitadas, S. A.; Filomena Dias, diretora de Sistemas de Incentivos, Forgesp; e Patrícia Madeira, responsável da Área de Estratégia de Empresas, Santander.
“Esta iniciativa pareceu-nos muito oportuna e necessária neste momento de novos desafios e oportunidades”, começou por dizer Nuno Vaz, na abertura do evento. O presidente da Câmara de Chaves reconheceu que é preciso “mais informação e mais conhecimento” que permita às organizações dos vários setores ter uma melhor gestão e atingir os resultados a que se propõem.
Nesse sentido, o responsável pelo município de Chaves realçou dois recursos que considera fundamentais nesse processo: o capital humano, que “é o diferenciador de qualquer projeto”, e o capital financeiro. “Todos sabemos que é muito importante as empresas terem recursos financeiros. É importante perceber quais os instrumentos que existem que nos possam pôr em contexto de igualdade”, acrescentou, referindo-se à diferença territorial das zonas menos centrais.
A abertura da economia ao exterior como solução
A globalização da economia tem sido, de acordo com Bruno Fernandes, “um processo gradual que se tem desenvolvido ao longo do tempo” e que trouxe várias vantagens à economia portuguesa.
O economista começou por fazer um resumo da história das crises nacionais e de um fator comum em todas elas: “a transformação da economia”, que acabou por torná-la cada vez mais globalizada. “Até à crise, a economia estava dependente do consumo interno. Mas a crise fez com que as famílias perdessem poder de compra e este desaparecimento da procura interna obrigou a que as empresas tivessem de se reinventar e que desalavancassem os rácios de endividamento. Estes fatores de desequilíbrio obrigaram a que a economia reaprendesse a operar”.
"As empresas conseguiram fazer esse processo de transformação, que obrigou a que passássemos de uma economia dependente do fator trabalho para uma economia mais dependente do fator capital. Durante este processo, cada euro investido na economia era muito mais produtivo.”
Percebe-se, portanto, que as empresas que investiram e se reinventaram foram as que melhor conseguiram ultrapassar os tempos de crise. “Verificamos que os setores que mais cresceram entre 2006 e 2021 foram os que maiores ganhos de produtividade tiveram durante este período. Isso mostra que as empresas devem acreditar que é através do investimento que vão ser mais resilientes para o futuro. Por isso, é importante continuar a investir, mesmo em tempos de incerteza”, disse o economista.
Os fundos europeus como oportunidade de investimento
Se os investimentos são fundamentais para a evolução do tecido empresarial português e, consequentemente, da economia, aproveitar os fundos europeus disponíveis parece, à partida, uma excelente opção. Mas como é que isto se processa na prática? Quais os critérios que uma empresa tem de ter para se candidatar?
“Os sistemas de incentivos são instrumentos de política pública, portanto é importante casar os instrumentos das empresas com as políticas públicas nacionais e comunitárias“, referiu Filomena Dias, da Forgesp. A responsável garante que é importante que “todo o processo de acesso aos fundos europeus passe por um diagnóstico claro das necessidades de investimento da empresa e a sua estratégia” e revelou que o trabalho da Forgesp visa ajudar a empresa a “elencar todos os investimentos necessários e alavancar todos os projetos da empresa, para que vão de encontro às políticas públicas”.
Neste ponto, Patrícia Madeira, do Santander, explicou qual o posicionamento do banco nesta matéria: “O Santander, quando olha para os fundos europeus, vê-os como uma oportunidade única para desenvolver a economia”.
"Estamos focados em olhar para as empresas com uma visão 360. Analisamos a empresa e o impacto que aquele projeto terá nela.”
Segundo a responsável da Área de Estratégia de Empresas no Santander, o apoio que o banco oferece às empresas pode ser direto ou indireto. No caso do apoio direto, as empresas são apoiadas através de um “complemento das fontes de financiamento desses projetos”, enquanto o apoio indireto acontece quando parte dos fundos vão para instituições públicas que têm como fornecedores empresas associadas. Neste caso, o banco apoia as empresas fornecedoras “na tesouraria e nos investimentos para a execução destes projetos”.
Vítor Ribeiro, CFO da Anteros Empreitadas, uma empresa sediada em Chaves, já se candidatou aos fundos europeus em 2019 e, mesmo não tendo sido bem sucedido devido ao aparecimento inesperado da pandemia, o empresário pretende voltar a candidatar-se com vista a tornar a sua empresa mais sustentável: “A empresa está a pensar investir na economia circular porque é necessário reutilizar os resíduos da nossa produção, portanto estamos a equacionar fazer investimentos em maquinaria para usar os resíduos como matéria-prima”.
“Sentimos os nossos clientes mais focados e mais conscientes em fazer esta transição”, disse, por sua vez, Patrícia Madeira. A responsável acrescentou que “o Green Finance está no dia-a-dia do banco” e revelou que, apesar de sentirem uma maior consciência para esta temática nas empresas de maior dimensão, “as PME também já começam a fazer esse caminho”. “Existe uma maior sensibilidade hoje em dia do que há um ano atrás, por exemplo”, contou.
Segundo Filomena Dias, estes temas da transição energética e digital têm-se tornado cada vez mais relevantes, até para a escolha dos candidatos a fundos europeus. “Há aqui quatro aspetos fundamentais que têm de estar presentes e que durante algum tempo tinham cariz facultativo, mas agora têm-se tornado cada vez mais obrigatórios, nomeadamente a inovação, a orientação para os mercados externos, e as questões da transição climática e transição digital. E isto, que eram aspetos facultativos, agora, mesmo não estando designados no processo de candidatura, acabam por ser fundamentais na fase de seleção”, expôs.
A importância dos investimentos para o cumprimento das políticas ESG
De facto, a transição energética é um dos temas mais importantes nas agendas de todos os países do mundo e, por essa razão, torna-se crucial que haja mudanças a acontecer desde já no funcionamento dos mercados, a fim de que se atinja a neutralidade carbónica até 2050.
Cristina Melo Antunes, responsável Negócio ESG Green Finance, Santander, explicou, por isso, que o “investimento no autoconsumo é o primeiro desafio” e, nesse sentido, o banco Santander em Portugal associou-se à EDP “para conseguir dar um apoio às empresas nesta transição para as energias renováveis”.
"O Santander é o banco que mais financia em termos de energias renováveis na Europa.”
António Caixinha, diretor de Marketing de Produto, EDP, salientou que “a transição energética vai ser uma viagem até metade deste século”. “Nós ainda não sabemos como vamos descarbonizar até 2050, mas há coisas que são óbvias e a geração distribuída é a melhor aposta porque é uma tecnologia que permite rentabilidade, é 100% verde, 100% sustentável, e cumpre os propósitos do ESG, além de nos dar a estabilidade aos preços da energia”, referiu.
De acordo com o responsável da EDP, só há dois requisitos para investir na geração distribuída: “ter um telhado, parque de estacionamento ou terreno disponível e ser consumidor de energia”. “Este é o primeiro passo na transição energética, mas atrás deles vêm imensos, como a frota elétrica e tudo o que isso vai implicar fazer nas empresas e nas casas, bem como a transformação da geração de calor na indústria, por onde passará também o hidrogénio”, continuou.
A importância do corredor ibérico na globalização da economia
Além da transição energética, outro dos grandes desafios das empresas é a internacionalização. Um fator comum neste processo é precisarem de uma conta bancária e enfrentarem uma regulamentação e nomenclatura completamente diferentes de país para país. Nesse sentido, Helena Lampreia, Head Internacional Desk, Santander Portugal, abordou uma área criada pelo Santander, o Internacional Desk, que está presente nos 16 países onde o banco se encontra e que visa “fazer ponte com países de destino”.
Essa área ganha ainda mais importância para potenciar o corredor ibérico, uma vez que existem várias trocas económicas entre Portugal e Espanha e ter esta ponte facilita muito esse processo. “Para as empresas galegas, Portugal é a sua primeira janela de internacionalização”, afirmou Llaré Blanco Bahamonde, diretora do balcão Verín, Santander Espanha.
"Há uma confiança das empresas espanholas no Santander pelo facto de ter o banco Santander em Espanha e em Portugal.”
A responsável pelo Santander Espanha explicou, ainda, que “este corredor ibérico facilita muito essas trocas, uma vez que transmite ao cliente que entre o Santander Portugal e o Santander Espanha não há fronteiras“.
“Um fator distintivo do Santander Portugal é o facto de estarmos integrados num grande grupo internacional que só sabe fazer banca. Temos que ter um sentido de responsabilidade muito grande. Vivemos do triângulo de ter acionistas satisfeitos, colaboradores motivados, e clientes realizados, com quem aprendemos todos os dias”, concluiu Paulo Natal, responsável Área Comercial Particulares & Negócios, Santander, no encerramento da conferência.
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