Da complexidade à clareza: o caminho para a mobilidade elétrica

Boas notícias para os utilizadores de carros elétricos em Portugal: foi finalmente aprovado e entrou em vigor o apoio de 10 milhões de euros, por parte do Governo, para o incentivo à compra deste tipo de veículos. Uma medida que chega praticamente a meio do ano, mas não deixa de ser fundamental para o caminho que tem vindo a ser traçado ao longo dos últimos anos para que a mobilidade elétrica seja cada vez mais comum no dia a dia dos portugueses.

Dos automóveis às bicicletas, passando pela instalação de pontos de carregamento em condomínios, é, no entanto, bastante possível que este valor disponibilizado pelo Fundo Ambiental se esgote rapidamente, uma vez que os dados mostram que desde o início do ano já foram matriculados mais carros elétricos dos que previsivelmente podem ser apoiados com os incentivos deste fundo.

Com estes incentivos, que são verdadeiramente positivos, e o franco crescimento da rede de postos de carregamento em todo o país, acredito que, neste momento, falta apostar mais na formação e informação. Especialmente para um novo utilizador de veículos elétricos, é importante que o mesmo possa receber informações precisas no momento de aquisição, para que seja possível realizar a transição de um veículo a combustão para um veículo elétrico de uma forma simples.

Quais as tomadas compatíveis com o meu carro? Como escolher entre as mesmas? Como saber que tipo de posto de carregamento serve para o tempo de carregamento necessita? Em viagem, como posso encontrar rapidamente um posto de carregamento disponível? Todas estas questões são mais do que válidas para quem, ao longo dos últimos 10, 20 ou 30 anos apenas tinha de se preocupar com qual o tipo de combustível indicado para o seu carro, dirigir-se a um posto de combustível e abastecer sempre que necessário.

Com a aparente complexidade e variáveis existentes no que toca ao ato de carregamento de um veículo elétrico e a falta de clareza que, em determinadas situações, poderá existir, acredito que é aqui que reside atualmente a maior necessidade do mercado: continuar a investir em soluções que tornem o carregamento de um veículo elétrico tão simples quanto carregar um telemóvel. É por isso que defendo a necessidade de apostar na formação dos vários intervenientes do ecossistema da mobilidade elétrica, bem como nas soluções tecnológicas que permitam educar e simplificar a vida de um utilizador de veículos elétricos. Só assim daremos o passo seguimento para que mais pessoas se sintam confortáveis e seguras com a aquisição de um veículo elétrico.

Paralelamente, e ainda no que toca aos incentivos que foram agora aprovados, acredito que os apoios na área da mobilidade suave são também um ponto bastante positivo a destacar, promovendo uma maior adoção de veículos alternativos quando o tipo de deslocação assim o permite e contribuindo para a redução do tráfego automóvel nas grandes cidades. Para o futuro, creio que poderá ser importante o Governo dedicar também uma parte destes incentivos à instalação de wallboxes privadas, em ambiente doméstico e independente da rede pública nacional.

O caminho para a adoção da mobilidade elétrica tem experienciado uma franca evolução nos últimos anos, sendo necessário que o Governo e players do setor continuem a trabalhar no sentido de trazer cada vez mais clareza, comodidade e confiança aos utilizadores de carros elétricos.