BRANDS' ECO Ciclo de Conversas #2 – Mobilidade Sustentável

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  • 17 Maio 2023

A segunda sessão do "Ciclo de Conversas - Rumo à Neutralidade Carbónica 2030", organizada pela CM do Porto, teve como tema a "Mobilidade Sustentável". O evento decorreu no Porto Innovation Hub.

O “Ciclo de Conversas – Rumo à Neutralidade Carbónica 2030” é uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal do Porto, que conta com 10 sessões de esclarecimento e debate relacionadas ao tema da sustentabilidade e da descarbonização. A segunda sessão aconteceu na passada quinta-feira, dia 11 de maio, no Porto Innovation Hub e teve como tema “Mobilidade Sustentável”.

Teresa Stanislau, Membro do Conselho de Gerência da STCP Serviços, foi a moderadora do evento, que contou com a presença de Carlos Abreu, Diretor da Unidade de Manutenção da Frota da STCP; Fabrizio Curtale, Diretor da Bird Portugal; e Francisco Travassos, Diretor de Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky.

Cada um dos oradores teve direito a uma intervenção, seguida de um espaço de esclarecimento com o público presente no Porto Innovation Hub.

“Enquanto cidade, é importante perceber quais os desafios que se colocam na área da mobilidade. E há aqui dois vetores: a tecnologia, infraestruturas e frotas e, por outro lado, os hábitos das pessoas. Não nos podemos limitar a desenvolver a infraestrutura e tecnologia e não incentivar a mudança de hábitos”, começou por dizer Teresa Stanislau, dando o mote para o arranque do evento.

O papel da STCP na transição para a mobilidade sustentável

A STCP gere a rede de autocarros no concelho do Porto e também várias linhas em concelhos do Grande Porto, o que significa que tem um peso considerável no que diz respeito à transição para uma mobilidade sustentável no município. Mas o que tem vindo a fazer nesse sentido?

Carlos Abreu, Diretor da Unidade de Manutenção da Frota da STCP, iniciou a sua intervenção explicando que a empresa tem 420 autocarros, sendo a sua grande maioria movida a gás natural (333), 67 são movidos a gasóleo e 20 são elétricos.

A modernização da frota dos autocarros STCP começou em 2018 e alastrou-se até 2022, altura em que a empresa optou por adquirir veículos com maior qualidade, movidos a gás natural. Agora, a partir deste ano, Carlos Abreu revelou que todos os veículos que forem adquiridos pela STCP “já serão veículos com zero emissões”. Depois, de 2028 a 2040, é esperada “a substituição da totalidade dos carros com emissões de carbono”.

“Estes quatro anos foram a fase de experimentação. Nós fizemos duas aquisições de autocarros elétricos – uma de 15 unidades e outra de 5 unidades – e fomos acompanhando a evolução dos veículos porque inicialmente, em 2018, os carros não tinham a capacidade necessária para responder às nossas necessidades de operação. Tinham pouca autonomia, mas isso foi mudando”, explicou.

O responsável da STCP revelou ainda que, para este ano, têm previsto e contratado um fornecimento de 48 autocarros elétricos. “Estes já com capacidade suficiente para operarem em qualquer linha STCP. Prevemos que, até 2027, sejam substituídos todos os autocarros a gasóleo e alguns dos autocarros a gás natural (cerca de 80) por autocarros elétricos”.

"Prevemos que, até 2027, sejam substituídos todos os autocarros a gasóleo e alguns dos autocarros a gás natural (cerca de 80) por autocarros elétricos.”

Carlos Abreu, Diretor da Unidade de Manutenção da Frota da STCP

O objetivo, segundo Carlos Abreu, é chegar a 2027 com quase metade de autocarros a gás natural e outra metade de autocarros elétricos. “Para a década seguinte, o objetivo será eliminar os autocarros a gás natural e ter só veículos elétricos”, disse.

O impacto da mobilidade suave

“A nossa missão é tornar as cidades mais sustentáveis. Muitas viagens que são feitas com carros poderiam ser substituídas por viagens de trotinete. Desta forma, reduziríamos o número de carros na cidade, o trânsito e tornávamos a mobilidade mais sustentável”, começou por dizer Fabrizio Curtale, Diretor da Bird Portugal.

A Bird é uma empresa pioneira de micro mobilidade suave, que cria as suas próprias trotinetes e que tem toda uma rede de bicicletas e trotinetes elétricos no país e, mais concretamente, no Porto. “Estimamos que, no Porto, há, a cada ano, 286 milhões de viagens de carro, das quais 168 são viagens curtas, que se poderiam fazer de trotinetes. Se conseguíssemos converter 7 milhões destas viagens para micro mobilidade, isso significaria ter menos 1000 carros por dia, o que se traduz numa poupança de seis toneladas de CO2 por dia“, afirmou.

"Se conseguíssemos converter 7 milhões destas viagens para micro mobilidade, isso significaria ter menos 1000 carros por dia, o que se traduz numa poupança de seis toneladas de CO2 por dia.”

Fabrizio Curtale, Diretor da Bird Portugal

Ainda assim, o responsável pela Bird confessa que “isto é um processo” e deu até o exemplo do carro para se entender que, desde a criação de uma nova solução de mobilidade até à sua efetiva adesão em massa pode levar tempo: “O carro demorou 60/70 anos a ser usado em massa por causa de desafios. Os desafios para as trotinetes são as poucas ciclovias e a infraestrutura é muito importante para isso”.

Por outro lado, Fabrizio Curtale também mencionou o facto de os utilizadores acharem o serviço caro como um entrave. No entanto, também explicou que se fossem feitas contas ao custo de um carro por quilómetro, era mais fácil entender-se que o custo das trotinetes não é assim tão caro. “O uso do carro fica a 0,50 cêntimos a 0,80 cêntimos por quilómetro, enquanto no Porto a trotinete fica 0,20 cêntimos por quilómetro e, caso se adira ao passe mensal, fica a 0,10 cêntimos”, referiu.

As novas soluções de mobilidade para e-commerce

As entregas ao domicílio de encomendas e-commerce acabam por ser outra preocupação para a mobilidade sustentável da cidade, que já tem implementado soluções nesse sentido, com vista a ter pontos de entrega comuns, em vez de promover a entrega casa a casa. Como é que isto funciona? Através de um sistema de cacifos, localizados estrategicamente, quer em centros, quer em shoppings, supermercados e outros locais de mais movimento, no qual se podem deixar as encomendas que, posteriormente, serão levantadas pelos interessados.

Francisco Travassos, Diretor de Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky, explicou que a Locky trata-se de uma rede de cacifos para receber encomendas: “A ideia é que esta rede seja densa e com horário conveniente. Isto porque, até esta solução estar implementada, a alternativa a não receber encomendas em casa eram as lojas CTT ou quiosques, que têm sempre um horário limitado e filas. A ideia da Locky foi criar uma rede conveniente e alternativa a isso”.

O responsável explicou que para usufruir deste sistema basta dirigir-se a um cacifo, colocar o PIN que recebeu através de uma SMS na máquina e ela abre-se. “Como são pontos agregadores de encomendas, há menos viagens, há menos poluição na cidade”, continuou.

"Como são pontos agregadores de encomendas, há menos viagens, há menos poluição na cidade.”

Francisco Travassos, Diretor de Expresso e Logística dos CTT e CEO da Locky

Apesar de ser uma opção mais sustentável, ainda há quem tenha alguma reticência em aderir a esta solução pela questão do vandalismo. Contudo, Francisco Travassos explicou que houve um número muito baixo de vandalismo desde que instalaram os cacifos e que, em nenhum dos poucos casos, conseguiram furtar encomendas. Ainda assim, o CEO da Locky garantiu que todas as encomendas estão seguradas: “Temos seguros para os cacifos e o que está lá dentro. Os bens estão segurados”.

Para já estão instalados mais de 600 cacifos Locky em todo o país, mas Francisco Travassos revelou que pretendem chegar aos 1000 até ao final deste ano.

Pode, ainda, ouvir a conferência em podcast, aqui:

A terceira sessão do Ciclo de Conversas, dedicada ao tema da “Descarbonização da construção” decorre já esta quinta-feira, dia 18 de maio, às 18 horas, no Porto Innovation Hub.

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