“Até 2050, a procura de água e alimentos deverá aumentar mais de 50%”
“A guerra na Ucrânia está a potencializar uma crise alimentar global”. Este foi um dos alertas da conferência organizada pela Coface, especializada em análise de riscos.
A ‘Conferência Risco País’, organizada pela Coface, especialista internacional em seguros de crédito e exportação, reuniu cerca de 100 empresários e especialistas em análise económica e de risco, que partilharam opiniões sobre a situação económica atual.
As boas-vindas do evento estiveram a cargo de José Monteiro, Country Manager da Coface em Portugal e foram seguidas da apresentação de Luís Tomé, Full Professor e Diretor do Departamento de Relações Internacionais e do Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa.
O líder apontou as transformações sistémicas que estão a ocorrer de forma transversal, tanto na ordem mundial como nas estruturas de poder, ambiente, energia, demografia e tecnologia. O conflito Ucrânia-Rússia e as consequências que lhe estão associadas também foram centrais para a apresentação, tal como a dependência de petróleo e gás – que aumentou em muitos países, com a exceção dos E.U.A. – e que existe no contexto de uma confluência de crises, que envolvem a disponibilidade de essenciais como a água, o clima estável e segurança.
“Até 2050, a procura de água e alimentos deverá aumentar em mais de 50%. O nexo entre os sistemas de abastecimento de água, energia e alimentos cria desafios geopolíticos num contexto agravado pelas alterações climáticas. A energia hidroelétrica é a maior fonte de eletricidade renovável e tem a sua dinâmica geopolítica própria, incluindo disputas e conflitos por rios, bacias hidrográficas, sistemas fluviais, barragens”, apontou o especialista, numa projeção intitulada ‘International River Disputes’, referente a conflitos fluviais internacionais.
O professor destacou ainda os aumentos oficiais de orçamentos de Defesa em 2023, face a 2022. O Japão a totalizar 26,3% (++objetivo 2% do PIB até 2017); a Austrália 14%; a Índia 13%; os E.U.A. 8% (quase 4% do PIB) e a China 7,2% (1,7% do PIB). “Antes da invasão russa da Ucrânia, as despesas militares dos Países Europa-NATO deveriam atingir cerca de 1,8 biliões de dólares até 2026, um aumento de 14% em cinco anos; agora, estima-se que essas despesas aumentem entre 53% e 65%”, sublinhou. Destacou-se também o papel das eleições em 2024, em Taiwan, Egito, Argélia, África do Sul, Índia, Indonésia, Coreia do Sul, União Europeia, Geórgia, Moldova, Rússia, México e E.U.A.
O objetivo do evento foi proporcionar uma perspetiva abrangente das tendências e da evolução da economia mundial para apoiar os envolvidos no comércio internacional e que tomam decisões de negócio sobre exportações e investimentos, com vista a partilhar conhecimento dos riscos associados às mesmas. Luís Cabral, Paganelli-Bull Professor of Economics and International Business e Chair, Department of Economics, na NYU Stern School of Business, partilhou ‘Megatrends’, numa perspetiva económica; também perspetivas macroeconómicas mundiais foram abordadas por Bruno de Moura Fernandes, Head of Macroeconomic Research da Coface.
Ao longo dos eventos Coface, “questões que afetam a economia global e a geopolítica são decifradas e discutidas, bem como os principais desafios que o mundo enfrenta no futuro”, informava o comunicado Coface.
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