Luís Malcato reforça administração da seguradora de caução Abarca

Após 17 anos na associação dos seguradores, o diretor de assessoria económico-financeira da APS vai para a companhia de seguros de caução luso-espanhola. Abarca quer cativar mediadores para o negócio.

A administração da Abarca vai ser reforçada com a entrada de Luís Malcato que durante 17 anos foi quadro financeiro da Associação Portuguesa de Seguradores e responsável pela elaboração dos estudos atuariais e estatísticos desenvolvidos pela APS.

Após 17 anos na APS, Luis Malcato avança para a administração da seguradora de caução que exige uma gestão muito especializada.

Luis Malcato terá os pelouros de gestão de risco e atuariado e vai juntar-se a António Silva Lopes não executivo com a responsabilidade da auditoria interna, à CFO Ana Lia Pires Marques e ao CEO Fernando Morales, quadro com ligações familiares aos acionistas espanhóis detentores do capital da Abarca.

O negócio da companhia é, atualmente, apenas seguros caução. O seu concorrente principal são os bancos e as garantias bancárias que emitem para os clientes – considera o administrador António Silva Lopes – e que são uma alternativa, mais tradicional, aos seguros de caução que as empresas têm de apresentar em diversas situações, nomeadamente quando participam em concursos públicos.

É a 2ª maior em Portugal e 4ª em Espanha

Apesar dos acionistas espanhóis e de grande parte do negócio ir suceder em Espanha, seguradora nasceu em 2016 em Portugal onde tem sede. Em Espanha existe uma sucursal e em Itália, onde a Abarca se estabeleceu em LPS (Livre Prestação de Serviços) em 2018, está de saída depois de ter sido vítima de utilização criminosa do seu nome para emissão de apólices falsas, estando a situação sob controlo do supervisor italiano IVASS – Istituto per la Vigilanza sulle assicurazioni.

Para este ano e segundo a administração, a Abarca pretende atrair agentes e mais corretores para que divulguem melhor os seguros de caução junto dos seus clientes.

Para além dos bancos que, no entanto, passaram em 2018 a precisar de contabilizar as garantias bancárias nos seus balanços e, logo, com esses valores a pesar nos cálculos de solvabilidade e exigências de capital, a Abarca tem de competir com outras seguradoras no negócio de caução. Em Espanha, num mercado de 160 milhões de euros de prémio por ano, ocupa o 4º lugar do ranking.

Em Portugal é a 2ª maior com 37% de quota de mercado, um ponto menos que a COSEC líder em 2022 com 38% e da Crédit y Caución que tem 12%. No total 12 seguradoras operaram neste segmento em Portugal em 2022. Em Itália, um apetecido mercado de 500 milhões de euros anuais, a Abarca tem de desistir devido ao crime de que foi vítima e aos danos reputacionais que podia acarretar.

Se a avaliação de riscos é a base do negócio, nos seguros de caução os cuidados redobram. Os sinistros são raros mas de montantes muito elevados. A Abarca constitui-se com o capital de 10,1 milhões de euros, o triplo do que lhe era regulamentarmente exigido. No final de 2022 tinha 25 milhões em disponibilidades e um rácio SCR de 238%, quando a média do mercado português era, na mesma data, 202%.

Crescer para além das Garantias de Cumprimento

Cede grande parte dos prémios para resseguro, retendo o restante risco que em caso de baixa sinistralidade produz boa rentabilidade para o acionista. No entanto em 2022 obteve um resultado líquido negativo de cerca de 800 mil euros, devido a um investimento nos mercados financeiros em fase negativa, mas é uma perda apenas potencial, não precisando de alienar os ativos logo é apenas um prejuízo potencial.

Os Prémios brutos emitidos pela Abarca em 2022 atingiram 18,23 milhões de euros, tendo cedido para resseguro mais de 13 milhões. Cerca de 82% da produção foi subscrita em Espanha, Portugal e Itália contribuíram com 16% e 2%.

Em Portugal, as garantias de cumprimento continuam a liderar fortemente o tipo de garantias emitidas embora a Companhia procure a diversificação do risco por outros tipos de garantias, nomeadamente energias renováveis, alfândegas e impostos especiais, diferimento de impostos, empresas de trabalho temporário, empresas de segurança e judiciais.

Também em Espanha, as garantias de cumprimento lideram o número de garantias ativas existentes seguidas das garantias de energias renováveis que representam 9% em 31 de dezembro de 2022, das garantias de recuperação do meio ambiente e das garantias de licitação. O remanescente encontram-se dispersos entre diferentes tipos de garantias, nomeadamente: judiciais, mercadoria à consignação ou adiantamentos, alfândegas e impostos especiais, diferimento de impostos e entre privados, para estes últimos a Abarca exclui garantias first demand nos riscos aceites.

A nomeação de Luís Malcato ainda carece de confirmação por parte do supervisor.

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