Financeira dos EUA pressionou TAP a assumir incumprimento
João Weber Gameiro, antigo administrador da TAP, relevou que uma sociedade financeira americana quis que a companhia assinasse uma declaração em como estava em incumprimento.
A Elavon, uma sociedade financeira de pagamentos americana, pediu em 2021 que a TAP assinasse uma declaração a reconhecer que estava em situação de incumprimento, relevou esta quinta-feira João Weber Gameiro, antigo administrador financeiro, na comissão parlamentar de inquérito. A gestão da companhia aérea recusou.
Mesmo já tendo recebido uma injeção de liquidez de 1.200 milhões de euros a situação de tesouraria da TAP era precária, degradando-se de mês para mês, disse aos deputados João Weber Gameiro, que foi administrador financeiro (CFO) entre junho e outubro de 2021. “Mesmo com o aumento de capital de 462 milhões, muito marginalmente passaria dezembro de 2021 com tesouraria positiva”, afirmou o gestor.
Nesse ano, a Elavon, uma subsidiária do banco americano US Bancor responsável pelo processamento dos pagamentos (o chamado acquirer) das passagens da TAP, chegou mesmo a pedir que a companhia aérea assumisse que estava em incumprimento, revelou Weber Gameiro.
“Estes senhores entenderam que face à atuação da TAP, era elevado o risco de os voos não se realizarem e ser pedido o reembolso das passagens”, que teriam de pagar, começou por explicar o antigo CFO. “A Elavon começou a achar que havia o risco de a TAP deixar de voar”, disse. Para se proteger, chegou a reter 60 milhões de dólares da companhia aérea.
A dado ponto, a Elavon quis mesmo que a TAP assinasse um papel “em que reconhecêssemos uma situação de incumprimento”, contou Weber Gameiro. O que a acontecer teria repercussões nos outros empréstimos contraídos pela companhia com bancos e fundos, alguns sob “lei inglesa” e “lei de Nova Iorque”. Através de conversações, “esse problema foi resolvido”, assegurou.
O administrador financeiro afirmou ainda que “há uma lição a aprender”: a companhia ter relações com vários acquirers. Até porque mudar envolve alterar sistemas, pelo que não pode ser feito de forma rápida.
Questionado pelos deputados, Weber Gameiro ainda salientou que a TAP não tinha capacidade para se financiar nos mercados como fez a Lufthansa ou o Grupo IAG, dono da Iberia e da British Airways. Disse também que sem os cortes, nomeadamente de pessoal, a TAP “não sobreviveria” ou teria necessitado de “ajudas públicas ainda maiores”.
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