Quer ainda fazer uma dúzia de viagens e pede que todos os portugueses tenham uma licenciatura e a cura para o cancro. Eis António Barreto pelos seus gostos e desejos.
Tem na sua lista três acontecimentos que lhe foram inesperados na vida. Todos eles têm a data de uma conversa em Genebra, na Suíça, em março de 1974.
O melhor de Portugal é…?
Vinho do Porto.
E o pior?
O atraso.
Qual é, para si, o país modelo?
A Grã-Bretanha no Norte e a Itália no Sul, é um país feito destas duas partes.
Personalidade histórica que mais admira?
A última, em data, é o Mandela.
Quem é a pessoa que mais o marcou profissionalmente?
Andrew Piers. Não é conhecido em Portugal. É um sociólogo inglês especialista na América latina e que foi o meu primeiro patrão, o meu primeiro orientador científico em Genebra. Durante quatro ou cinco anos orientou-me quando eu comecei a crescer como sociólogo. Ensinou-me tudo o que eu sei, quase.
Qual foi a sua melhor experiência profissional?
Investigador no Instituto de Ciências Sociais.
Não foi a Fundação, nem ser ministro, por exemplo, ser o homem da reforma agrária?
Ser ministro não é profissional. Mas não. De mim levo 25 anos de investigador, foi o que mais me marcou.
E o acontecimento mais inesperado da sua vida?
Tenho pena [que seja só um] porque eu tinha três acontecimentos. Mas é o 25 de Abril.
Tinha três acontecimentos?
Tinha. No dia 20 de Março de 1974, — já tinha acontecido o 16 de Março — numa conversa com os meus amigos de Genebra, disse com um ar melancólico: eu nunca vou ver a democracia em Portugal, é exatamente como o comunismo e o ‘apartheid’, nunca vão acabar. O comunismo acabou, o apartheid acabou e o 25 de Abril teve lugar. E foram estes os meus três acontecimentos inesperados.
Inesperados e ao mesmo tempo de sonho. E o que é que gosta mais de fazer nos tempos livres?
Fotografia.
Qual a qualidade que mais aprecia numa pessoa?
Lealdade.
E o defeito?
Deslealdade.
O seu livro de sonho?
É um livro que nunca acabei de ler mas ainda vou acabar, é o Proust. Li dois volumes dos oito volumes de “Em busca do tempo perdido”. Quero um dia ter tempo para acabar de o ler.
Será diferente, não é? Os livros são sempre diferentes quando os lemos em momentos diferentes da vida.
Terei de o recomeçar do princípio outra vez.
O seu filme?
A sua música?
Dom Carlos, do Verdi.
A obra de arte, escultura, arquitetura?
Machu Picchu.
Há um incêndio em sua casa, está sozinho, o que é que salva?
Toda a minha fotografia e o disco rígido.
O génio de Aladim oferece-lhe três desejos, quais são?
Fazer as dez ou doze viagens que eu gostava de fazer antes de morrer, conseguir ver que Portugal tem 100% da sua população com curso superior e o remédio para o cancro.
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Conhecer António Barreto: como o inesperado foi dito em Março de 1974
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