Conferência APS: É precisa uma ética para reconquistar a confiança nas instituições
O congresso dos seguradores debateu ética juntando cientistas, políticos e falando das novas fronteiras na medicina, nos comportamentos sociais e na inteligência artificial. Há uma crise de confiança.
A Associação Portuguesa de Seguros realizou esta segunda feira no Porto a sua Conferência Anual sob o tema “Emoção e Razão em tempos de incerteza – O Lugar da Ética no setor segurador”, O encontro decorreu na sede da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, reunindo membros da comunidade científica e política, para além dos principais dirigentes das seguradoras em Portugal.
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“A inovação tem de assentar em valores éticos” defendeu José Galamba de Oliveira, presidente da APS que, na sua introdução, orientou o debate na procura de “refletir sobre aqueles que são os dilemas éticos que hoje a sociedade, e também o setor dos seguros, enfrenta, num contexto político e social complexo, em que os populismos ganham espaço e em que a inteligência artificial ganha quotidianamente importância destacada em múltiplas áreas da nossa vida em sociedade”. Isto, acrescentou, “ao mesmo tempo que a sociedade em geral lida com os dilemas éticos associados aos avanços da medicina e da ciência”. Lembrou ainda um tema fulcral que é a gestão do conflito entre inovação e direito à privacidade.
Francisco Assis, Presidente do Conselho Económico e Social, teve a seu cargo a sessão de abertura. Focou bastante a juventude das democracias ocidentais, plenas há apenas 100 anos, e a sua vulnerabilidade a uma crise de confiança nas instituições e entre os membros da sociedade. “Obter confiança não é vender ilusões”, disse, terminando dirigindo-se aos seguradores ao afirmar que “a vossa ação é importante para que os valores éticos se assumam”. Concluiu certo de “que a razão tem de prevalecer”.
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Arlindo Oliveira, Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico e Presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, explicou totalmente o estado da arte quanto a Inteligência Artificial situando-a como uma parte de três componentes da designada machine learning que também inclui analytics e automação e apontou os principais problemas que obrigarão a sociedade a uma adaptação rápida a uma nova realidade.
Ana Sofia Carvalho, Professora Catedrática Convidada de Bioética do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, foi também keynote speaker focando os dilemas impostos pela inteligência artificial e aos desafios éticos nos cuidados de saúde centrados na pessoa. Foi nesta ótica, na pessoa e não apenas na doença, que centrou a sua intervenção.
Já o Médico Psiquiatra e Professor Universitário, Júlio Machado Vaz, moderou uma debate sobre ética que contou com a participação de António Maia Gonçalves, Diretor Médico da Unilabs e Especialista em Medicina Interna e Cuidados Intensivos e Médico na Casa de Saúde da Boavista, Helena Pereira de Melo, Professora de Direito da Saúde e da Bioética da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e Membro da Direção da Associação Portuguesa de Bioética, Ricardo Baptista Leite, CEO na I-DAIR – The International Digital Health and AI Research Collaborative, e Maria João Sales Luís, Administradora da Multicare e Presidente da Comissão Técnica Saúde da Associação Portuguesa de Seguradores.
O encerramento da conferência ficou a cargo da Vereadora da Câmara Municipal do Porto, Catarina Araújo, com o pelouro da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto e o pelouro dos Recursos Humanos e Serviços Jurídicos e Proteção Civil. Na sua intervenção, defendeu a integridade e a honestidade como fatores essenciais na atividade em todas as áreas da sociedade, destacando entre estas a administração pública como o setor em que “corrupção é a maior ameaça à democracia”, concluiu.
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