PSD não se conforma com “país que pensa pequeno”. Chega anuncia moção de censura
Presidente da República terminou as audições com partidos antes do debate do Estado da Nação. IL alerta para "degradação" do Governo, Chega anuncia moção de censura e PSD assume-se como alternativa.
Iniciativa Liberal, Chega, PSD e PS estiveram esta segunda-feira reunidos com o Presidente da República para demonstrarem as suas preocupações e análises sobre a situação económica, social e política do país. À saída, os partidos da direita alertaram para a “degradação” do Governo e a “falta” de capacidade de resposta para “alavancar o crescimento da economia”, sublinhando que no último ano “nenhum problema estrutural foi resolvido”. Por outro lado, o PS rejeita as críticas feitas pela oposição, referindo que o Governo “tem estado à altura de poder apresentar resultados”.
Esta foi a segunda e última ronda de audições, depois de na sexta-feira o Presidente da República ter recebido Livre, PAN, Bloco de Esquerda e o PCP, com os partidos a apelarem a um maior diálogo, bem como a pedirem mais respostas para o país, menos “casos e casinhos” e a mostraram-se preocupados com a possibilidade de um Governo de direita.
“Governo está “cada vez mais fechado em si mesmo”, alerta Rui Rocha
À saída da audição com o Chefe de Estado, o presidente da Iniciativa Liberal (IL) disse que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa a sua preocupação com “a degradação do próprio governo e da sua capacidade de ouvir” e de acolher “soluções”. “Temos um Governo cada vez mais fechado em si mesmo“, alerta Rui Rocha, em declarações transmitidas pelas televisões.
Neste contexto, apesar de sublinhar que em “alguns temas” tem “visões eventualmente diferentes ou não alinhadas”, com o Presidente da República, a IL realça que afirmou o compromisso do partido com ” soluções alternativas” dado que “esta solução do PS não é uma solução que promova a transformação de necessária” para o país, afirmou Rui Rocha. Nesse sentido, os liberais prometeram continuar a escrutinar o Governo, bem como a apresentar políticas “diferentes” das do Governo, bem como das que “que outros partidos estão a apresentar”. “Às degradações opomos confiança, credibilidade e consistência. É disso que o país precisa“, atirou o líder da IL.
A par de algumas medidas já apresentadas como a lei de bases da Saúde ou propostas de descidas de impostos sobre os rendimentos, a IL revela que vai “desafiar as outras forças politicas” a avançar com uma reforma da lei eleitoral, tendo em vista “avançar com um círculo de compensação que permita receber e dar utilidade ao conjunto de votos”.
Chega acusa PS e PSD de conluio e pede atenção “máxima” a Marcelo
Já o Chega, que foi o segundo partido a ser ouvido esta segunda-feira, acusou PS e PSD de estarem a fazer um “conluio” no caso das buscas a Rui Rio e pediu atenção “máxima” ao Presidente da República. Apesar de sublinhar que não discutiu o “caso concreto” com o Chefe de Estado, André Ventura diz que discutiu a matéria numa “lógica de confronto institucional entre órgãos de soberania” e anunciou que iria apresentar uma moção de censura no início da próxima legislatura. Para o líder do Chega, o facto dos socialistas terem vindo em defesa de Rui Rio “é um ambiente preocupante” dado que considera que os dois maiores partidos querem menorizar ou condicionar a Justiça.
“O PS veio imediatamente cavalgar-se no PSD para cavalgar em algo que o PS sempre quis: condicionar a justiça e impedir o seu funcionamento“, afirmou André Ventura, pedindo “atenção máxima” ao Presidente da República. “Todos temos razões de queixa em momentos diferentes. Mas esta ideia de que quando toca aos dois maiores partidos se gera um conluio para condicionar a justiça ou para criar um regime especial deve merecer atenção redobrada da parte do Presidente da República”, reiterou.
Por outro lado, André Ventura referiu ainda que transmitiu a Marcelo a sua preocupação com a “incapacidade do Governo de conseguir governar para além dos casos e casinhos”, sublinhando que no último ano “nenhum problema estrutural foi resolvido”, dado como exemplo a degradação do SNS, os problemas dos professores e a baixa execução do PRR. André Ventura referiu ainda que “transmitiu preocupação pelo estado da democracia ou falta dela”, dando como exemplo a comissão de inquérito à TAP, onde houve uma “desresponsabilização de ministros”.
PSD acusa Governo de “só pensar no dia seguinte”
À saída da audição com o Presidente da República, o líder do PSD afirmou que discutiu com Marcelo Rebelo de Sousa “os temas que interessam à vida das pessoas”, nomeadamente na área da Saúde, Educação, Habitação e emprego. Os sociais-democratas garantiram que “não se conformam com um país que pensa pequeno” e não se revêm “num Governo que só pensa no dia seguinte”.
“Não nos conformamos com um SNS que não atende utentes, que deixa em lista de espera, que não oferece médico de família as pessoas”, atirou Luís Montenegro, que foi o terceiro líder partidário a ser ouvido em Belém. Para o PSD, este foi “mais um ano perdido de reestruturação do SNS”, lembrando ainda que a direção executiva foi criada há cerca de um ano e ainda não tem “sequer” estatutos aprovados. Quanto à Educação, os “laranjas” dizem não compreender “como é que o sistema de Educação continua com uma perturbação crescente ao nível dos professores e de todos os profissionais” que trabalham nas escolas.
Nesse sentido, os sociais-democratas assumem-se como alternativa para dar “os instrumentos” necessários para quem pretenda “entrar no mercado de habitação”, bem como para dar “as condições de sonhar mais e melhor nos próximos anos”. “Não nos conformamos com a falta de resposta do Governo para alavancar o crescimento da economia”, sinalizou Montenegro, lamentando ainda que em Portugal o dinheiro do PRR esteja a ser canalizado para “tapar os buracos da falta de investimento dos últimos anos”.
Quanto ao mercado laboral, o PSD alerta que a taxa de desemprego jovem é “mais do dobro da taxa geral“, alertando que “milhares de jovens não encontram uma oportunidade de emprego em Portugal e “estão a emigrar ao mesmo ritmo ou superior àquilo que sucedeu quando Portugal estava a ser intervencionado e estava num momento de grande dificuldade e debilidade”.
Governo “tem estado à altura” de apresentar resultados, diz PS
O PS foi o último partido a ser ouvido pelo Presidente da República. À saída, o secretário-geral adjunto do partido realçou que o Governo socialista tem procurado “proteger as famílias e empresas” da espiral inflacionistas, dando “especial atenção à preservação do poder de compra”, através da implementação do IVA zero, mas também do aumento intercalar de pensões e do aumento intercalar dos salários da Função Pública.
Para João Torres, “O Governo do PS é por isso também um Governo que nestas circunstâncias tem estado à altura de poder apresentar resultados aos portugueses”, elencando que “as boas políticas públicas” permitiram apresentar resultados.
“Do ponto de vista do crescimento económico fomos a economia que mais cresceu no espaço da UE em 2022″, sinalizou o secretário-geral adjunto socialista, referindo que este ano “seguramente continuaremos no pelotão da frente do crescimento económico do espaço europeu”.
O socialista destacou ainda que o desemprego está “em mínimos e o emprego em máximos históricos”, que a precariedade está a diminuir e “nunca a taxa de pobreza foi tão baixa”.
(Notícia atualizada pela última vez às 22h00)
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