Costa alerta para possível “crise alimentar à escala global”

"A não renovação do acordo por parte da Rússia é uma muito má notícia [e que pode levar a uma] crise alimentar à escala global", diz Costa.

António Costa considerou, esta segunda-feira, que “a não renovação do acordo por parte da Rússia é uma muito má notícia” e que pode levar a uma “crise alimentar à escala global”. E que exige agora à comunidade internacional “encontrar as melhores soluções para que esse comércio se possa restabelecer”, adiantando haver já negociações em curso nesse sentido.

Interpelado pelos jornalistas à margem da cimeira da UE com os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Bruxelas, o primeiro-ministro disse que a notícia “[foi] muito mal recebida. Todos têm a noção de que esse acordo é uma condição fundamental para evitar uma crise alimentar à escala global”.

Seria o acordo económico mais importante que existe, mais importante do que aquilo que temos com os Estados Unidos […] e com o Canadá.

António Costa

Primeiro-ministro

Adiantando que já há negociações de alternativas em curso, António Costa avançou com a possibilidade de “mecanismos alternativos de pagamento, tendo em conta as sanções que existem” contra Moscovo.

Há “vontade política” no acordo com Mercado Comum do Sul

O primeiro-ministro destacou ainda as divergências existentes entre os vários países presentes na Cimeira, nomeadamente em relação à guerra na Ucrânia, mas manifestou ter expectativa de que o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) esteja concluído até final deste ano, “até ao final da presidência espanhola” na UE que decorre até final de dezembro.

Considerou mesmo que “seria o acordo económico mais importante que existe, mais importante do que aquilo que temos com os Estados Unidos […] e com o Canadá”.

Costa espera que os países cheguem a acordo e garante haver vontade política. “É difícil encontrar o ponto de equilíbrio que torne o acordo comercial justo e vantajoso para todos e é nesse sentido que estamos a trabalhar. Vontade política não falta e isso é o mais importante. É preciso trabalhar para isso acontecer”, destacou o governante. Costa referiu citou o caso da “solução encontrada, muito recentemente, para a modernização do acordo com o Chile [que] é um excelente exemplo”.

Acho que aquilo que nos une é muitíssimo mais do que diferentes pontos de vista que tenhamos sobre diferentes matérias como a guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia.

António Costa

Primeiro-ministro

O primeiro-ministro referiu ainda que líderes de vários países estão de acordo e há “varias soluções possíveis” em cima da mesa. “Todos os líderes […] reafirmaram a mesma vontade de, até ao final do ano, podermos concluir o acordo com o Mercosul e todos temos vindo a procurar encontrar soluções para que se possa ultrapassar o bloqueio que encontramos.” Mas a UE espera agora a resposta do Mercosul ao documento complementar proposto pelo bloco comunitário.

Costa realçou ainda o momento histórico desta ciméria que não se realizava há oito anos. “A realização desta cimeira, depois de oito anos, é uma boa demonstração que de um lado e do outro do Atlântico todos temos a consciência de que é necessário trabalharmos mais em conjunto e há muita coisa que podemos fazer”. Elencou, por exemplo, temas que têm a ver com a transição energética.

“Não há transição energética sem investir significativamente na mobilidade elétrica e na produção massiva das baterias de lítio.” O primeiro-ministro realçou, por isso, que “as maiores reservas de lítio, a nível mundial estão na Argentina e no Chile“, destacando ainda que o Brasil é “um enorme produtor e a Europa [pode ser] um grande destino do hidrogénio que o Brasil pode produzir”.

Logo, considerou, todos têm a ganhar se trabalharem em conjunto para “organizar as cadeias de valor em conjunto, haver um desenvolvimento mais sustentável em conjunto. Isso é da maior importância”. Para Costa é possível os países chegarem a entendimento, apesar das divergências. “Acho que aquilo que nos une é muitíssimo mais do que diferentes pontos de vista que tenhamos sobre diferentes matérias como a guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia”, concluiu.

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