“Não colocamos de parte uma fusão se essa for superior à soma das partes”

Cláudio Gonçalves é o líder da corretora de seguros NacionalGest que tem adquirido concorrentes e se tornou a 13ª maior no mercado nacional. Explica as ambições da empresa e que passos vai dar.

Cláudio Gonçalves, diretor geral da NacionalGest: “Somos uma extensão das seguradoras no terreno fruto da dificuldade que as mesmas sentem para estarem fisicamente próximas dos clientes”.

Passar da mediação à corretagem de seguros é um passo empresarial decisivo. O capital, especialização e as exigências aumentam, a fiscalização pelo supervisor ASF também, os clientes querem melhor serviço.

Cláudio Gonçalves, diretor geral da NacionalGest, deu esse passo e entrou diretamente para o 13º lugar do ranking nacional em 2022. A corretora, baseada em Quarteira, conta com 32 lojas de norte a sul do país e comercializa seguros para empresas e particulares de quase todas as companhias do mercado.

Para revelar as novas ambições e os propósitos foi entrevistado por ECOseguros.

A entrada direta para o 13º lugar no ranking das corretoras nacionais aumenta as ambições de tornar a NacionalGest?

Não. Apenas indica que estamos no caminho certo. É apenas o cumprimento de uma etapa. O ranking é apenas uma consequência do trabalho que estamos a realizar em vários quadrantes, sempre com um único propósito que é proteger pessoas e aqui incluem-se os clientes, bem como a nossa equipa interna e parceiros, ou seja, de uma forma geral todos os stakeholders. A própria passagem a Corretor obriga a uma transformação da nossa operação.

Quais as alterações e recursos – financeiros e outros – que foram necessários para essa transformação?

A exigência por parte do regulador é maior, nomeadamente dos níveis de report, no cumprimento de requisitos legais e financeiros e na capacidade técnica. Para cumprirmos com todos estes requisitos é necessário para além de capacidade financeira, ter pessoas qualificadas, envolvidas e focadas em resolver problemas, porque no final do dia o que interessa é o valor que entregamos.

Funcionamos como agentes facilitadores para os empresários poderem tomar decisões baseadas em dados concretos e não com base apenas no preço e perceções, evitando desta forma que no momento do sinistro não exista a cobertura enquadrada no mesmo.

A transformação de mediadora em corretora de seguros pode trazer mais negócio?

A transformação só por si não. A consequência de ter melhores sistemas, maior robustez financeira, maior qualificação das equipas e relação on time com os seguradores é que permite dar uma melhor experiência de cliente. Sermos capazes de oferecer uma boa experiência de cliente tem como consequência o que melhor pode acontecer a qualquer empresa, que é serem os nossos clientes a promover a marca.

As seguradoras são diferentes ao lidar com uma corretora?

Sim, porque reconhecem competências diferenciadas na corretagem e sabem que o seu interlocutor entende a atividade. Somos uma extensão das seguradoras no terreno fruto da dificuldade que as mesmas sentem para estarem fisicamente próximas dos clientes.

Para os clientes o que muda?

Para os clientes muda tudo porque lhes permite num único lugar consultar o mercado, tendo respostas independentes, adequadas às necessidades de cada um, porque cada cliente é único. Isto é uma mais-valia substancial para os clientes, porque nem os seguradores nem os mediadores, tanto exclusivos como de menor dimensão a conseguem oferecer.

Nas empresas é particularmente relevante porque é onde são mais notórias as suas necessidades específicas, as quais não são satisfeitas pelas ofertas disponibilizadas diretamente pelos seguradores ou mediadores exclusivos, que se veem obrigados a apresentar apenas o que têm disponível não havendo paralelismo entre a oferta e a necessidade, seja por preço ou por dificuldade de subscrição.

As empresas devem esperar um serviço mais completo?

As empresas necessitam de interlocutores privilegiados, especializados e não generalistas, com capacidades técnicas muito específicas, para além das técnicas de seguros, nomeadamente na ótica da gestão, fiscalidade, direito e tecnológica. Por tudo isto criamos uma equipa dedicada de corporate constituída por mais de 10 elementos de norte a sul do País com valências multidisciplinares, funcionando como agentes facilitadores para os empresários poderem tomar decisões baseadas em dados concretos e não com base apenas no preço e perceções, evitando desta forma que no momento do sinistro não exista a cobertura enquadrada no mesmo.

Decisões baseadas no preço são mais comuns do que deviam, isto porque há desconhecimento de tudo o resto, nomeadamente coberturas ajustadas à realidade de cada um. Neste segmento, a tecnologia é muito importante porque permite, sem intervenção humana, prestar um conjunto de serviços aos nossos clientes, nomeadamente disponibilização de toda a informação necessária ao negócio, celeridade na resolução dos sinistros, bem como o seu acompanhamento de perto. A omnicanalidade está sempre presente na nossa relação com os clientes, uma vez que podem comunicar connosco nas mais diversas formas.

Qual o perfil de aquisições que procura?

Nós procuramos perfis de pessoas e não de empresas ou geografias, porque para nós o mais importante são as pessoas e a sua satisfação, uma vez que pessoas satisfeitas dão melhor serviço aos clientes. Queremos pessoas que partilhem os mesmos princípios e valores que nós. Um dos três vetores do nosso crescimento são as aquisições, pelo que nos próximos anos continuaremos atentos às oportunidades.

Está disponível para fundir ou vender a NacionalGest?

Vender não é uma opção para nós, uma vez que gostaríamos de ser o primeiro corretor em Portugal com 100% do capital português, ao contrário do que acontece com os primeiros seis corretores do ranking. Já uma fusão é algo que não colocamos de parte, desde que seja com empreendedores que partilhem da mesma visão que nós e desde que o resultado seja superior à soma das partes.

A dimensão permite criar economias de escala e reforçar toda a organização nas suas várias áreas, tornando a operação mais competitiva e sobretudo continuar focados na melhoria continua da experiência de cliente que é o que mais interessa no final.

A aposta na sustentabilidade como lema da corretora pode significar maior atenção aos riscos que ajuda a subscrever?

A nossa aposta na sustentabilidade, através da neutralidade carbónica, visa essencialmente alertar o mercado para esta grave problemática, porque só temos um planeta, o qual está em mutação constante como se pode constatar pelos fenómenos climatéricos extremos cada vez mais frequentes, os quais também impactam e colocam em risco a nossa indústria. Não nos cabe a nós fazer juízos de valor relativamente a comportamentos. O nosso objetivo principal é fazer a nossa parte e contribuir ativamente para que os outros façam a sua.

Haverá atividades com que não procure fazer negócio?

Só não fazemos negócio com atividades ilícitas, ilegais e sem sentido ético.

 

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