TAP tem mais receita, é mais rentável e está menos endividada que antes da pandemia

Os resultados do primeiro semestre mostram uma companhia aérea melhor do que antes da pandemia, em quase todos os indicadores.

Os resultados do primeiro semestre da TAP, conhecidos na quarta-feira, deverão ser os últimos antes de o Governo aprovar o decreto-lei com as condições da reprivatização que abrirá caminho à apresentação de propostas pelos interessados. Os números dão trunfos para a futura venda. A companhia aérea não só superou o impacto da pandemia na maioria dos indicadores, como está melhor do que em 2019.

A TAP tem, desde logo, mais negócio do que há quatro anos: as receitas operacionais totalizaram 1,9 mil milhões nos primeiros seis meses, uma variação de 31,5%. E isto com menos 11% de voos e transportando menos 4% de passageiros. Como?

A companhia aérea reforçou a capacidade, que entre janeiro e junho superou em 4,1% o nível de 2019, apesar de ter menos aviões (96 contra 100 há quatro anos). Conseguiu-o mexendo nas rotas e no tipo de aeronaves.

 

 

Além disso, a taxa de ocupação subiu para 80,2%, situando-se já ligeiramente acima da registada no pré-pandemia. A receita por lugar-quilómetro (7,62 cêntimos) oferecido é agora 26% mais elevada, o que também resulta do preço mais alto dos bilhetes.

Com a maior atividade vêm também custos mais elevados. Cada quilómetro voado custou mais 12%, o que se deve sobretudo ao combustível das aeronaves mais caro, mas também de outros fornecimentos. Sem o jet fuel, os encargos sobem apenas 2% face a 2019, diz a transportadora. Estas contas já incluem a redução no corte dos salários, mas não a sua abolição, que entrou em vigor só em agosto, no âmbito da assinatura dos novos acordos de empresa.

A TAP afirma que mantém um “esforço contínuo de redução de custos e melhoria da eficiência operacional”. Em abril conseguiu a renegociação do contrato com a Rolls-Royce para a manutenção dos motores, assinado em 2018. “Com o contrato reestruturado, a TAP alargou o âmbito dos serviços prestados pela Rolls-Royce, conseguindo uma significativa redução de custos e partilha de riscos”, diz a transportadora, sem revelar o montante.

Oito trimestres de EBITDA positivo

Mesmo com custos mais altos, a rentabilidade da TAP subiu para 7,99 cêntimos por quilómetro voado, 25% mais do que há quatro anos. O resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) é positivo há oito trimestres, o que segundo a gestão evidencia a recuperação da sustentabilidade financeira da companhia.

O resultado operacional, que em 2019 tinha sinal negativo (-80 milhões), foi positivo em 124 milhões. A margem operacional foi de 6,5%, o que segundo a TAP está acima do previsto no plano de reestruturação.

O primeiro semestre terminou com um lucro inédito de 23 milhões, graças aos 161 milhões conseguidos no segundo trimestre. Em 2019, tinha averbado um prejuízo de 112 milhões no período entre janeiro e junho.

Companhia está menos endividada

A TAP é também uma empresa menos endividada e mais bem capitalizada, o que se deve em grande parte aos 3,2 mil milhões de euros injetados pelo Estado (falta entrar 686 milhões) no âmbito do plano de reestruturação.

A dívida líquida da transportadora aérea reduziu-se em um quarto, dos 3.211 milhões para os 2.424 milhões. Além disso, é agora bem mais sustentável. Se em 2019 a dívida era equivalente a 5,2 vezes o EBITDA, agora o rácio é de 2,5 vezes, mesmo assim acima das principais companhias europeias.

A posição de liquidez é também substancialmente melhor. No final do primeiro semestre de 2019, a TAP tinha em caixa 387 milhões, depois de emitir 200 milhões de euros em obrigações vendidas aos investidores de retalho. No primeiro semestre deste ano, após o reembolso daqueles títulos, tinha 900 milhões em liquidez.

O capital próprio é agora também mais robusto, somando 441 milhões. Há um ano ficava pelos 105 milhões.

A procura continua forte com as reservas para os próximos trimestres a atingirem valores consideráveis, indiciando um segundo semestre intenso para o qual a TAP estará preparada.

Luís Rodrigues

CEO da TAP

O CEO da TAP aponta para a continuação dos bons resultados. A segunda metade do ano é habitualmente mais forte para a TAP, uma vez que apanham o maior período do verão e o Natal, quando a companhia portuguesa também regista um pico de passageiros.

Luís Rodrigues, que optou por não apresentar os resultados em conferência de imprensa, salienta em comunicado que “a procura continua forte com as reservas para os próximos trimestres a atingirem valores consideráveis, indiciando um segundo semestre intenso para o qual a TAP estará preparada”.

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