
Flexibiliquê?
Passar de uma estrutura histórica rígida, de horário de trabalho fixo para horários flexíveis, é uma tremenda mas inevitável revolução.
Um dos temas mais relevantes no universo corporativo prende-se com o trabalho híbrido. A chamada revolução do trabalho remoto levanta várias questões muito importantes para a estratégia das empresas. Primeiro, a dimensão do espaço físico adequada a uma utilização rotativa nem sempre é fácil de avaliar porque os vectores raramente são constantes. Segundo, o desenho desses espaços está a mudar porque os colaboradores passam a definir tarefas específicas para estes, que se prendem predominantemente com uma utilização colaborativa. Terceiro, a flexibilidade de horários que implica calendários perpétuamente ajustáveis. Quarto, a melhor gestão dos recursos financeiros considerando as melhores práticas de custo por uso. Quinto, a importância desta flexibilidade na capacidade de atrair e reter talento.
Considerar todas estas variáveis num horizonte temporal médio, ou num mundo com elevada instabilidade político-económica, torna-se um verdadeiro quebra-cabeças para qualquer gestor.
Toda a cadeia de valor do sector imobiliário e serviços adjacentes sente esta mudança e necessidade de dar respostas. A flexibilidade tornou-se um valor quase absoluto num mundo onde a maturação dos investimentos tende a ser bastante longa. Um exemplo dessa resposta é o crescimento exponencial dos chamados flexoffices (escritórios com serviços), que oferecem um produto que compensa a tradicional longevidade dos compromisos contratuais no arrendamento.
Aqui refere-se o “onde” e o “como” trabalhar, mas quando se fala em trabalho remoto ou híbrido, há um outro factor com enorme peso e que tenderá a ser a próxima grande revolução na relação das organizações com os seus colaboradores: o “quando”.
Passar de uma estrutura histórica rígida, de horário de trabalho fixo para horários flexíveis, é uma tremenda mas inevitável revolução. Basta ver que a tipificação dos contratos de trabalho, o cálculo de remuneração e o cálculo de férias e licenças de quem trabalha por conta de outrém, está predominantemente assente numa lógica de remuneração de tempo e raramente de tarefa.
Esta flexibilidade, a ser implementada, vai concentrar a relação laboral nessas mesmas tarefas ou objectivos em detrimento do tempo ou local da sua execução. Os modelos de gestão já estão a ser alterados em muitas empresas com estes objectivos.
Estas mudanças transversais e a evolução tecnológica terão um óbvio impacto na legislação, na geografia das cidades, das suas comunicações e transportes, e na relação de cada um dos cidadãos com a forma como gerem os seus tempos profissionais e pessoais, que tendem a estar cada vez mais interligados.
Estamos a assistir a tempos extraordinários, em que as mudanças tendem a ser cada vez mais rápidas. Aplicando a lógica Darwiniana, sobreviverá, não só quem revelar melhor capacidade de adaptação ao meio, mas quem o fizer de forma mais célere.
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico
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