A importância dos bancos para o setor agroalimentar
O Santander marcou presença na Agroglobal, a maior feira agrícola do país. Vários parceiros do banco e especialistas do setor reuniram-se para falar sobre internacionalização e sustentabilidade.
A Agroglobal, a maior feira agrícola do país, decorreu entre os dias 5 e 7 de setembro e contou com a presença do banco Santander, que juntou, no dia 6 de setembro, vários especialistas do setor agroalimentar para discutirem sobre temas da atualidade.
A conferência, que se dividiu em duas partes, teve dois painéis de debate, ambos moderados por André Veríssimo, do ECO, que abordaram os seguintes temas: “Apoiar as empresas na internacionalização” e “Sustentabilidade, gestão e otimização de recursos”.
O primeiro debate, dedicado ao tema da internacionalização, contou com a presença de Catarina Pinto Correia, Partner da Vieira de Almeida & Associados; Filipe Rosa, Sócio e Co-Fundador do Grupo Vera Cruz; Otacílio Silva Filho, Presidente da Câmara do Comércio e Indústria Luso-Brasileira; Pedro Santos, General Manager da Consulai; e Helena Lampreia, Head of International Desk do Banco Santander.
Apesar da internacionalização dos produtos portugueses na Europa, este debate centrou-se, sobretudo, na relação entre Portugal e o Brasil, que, de acordo com Otacílio Silva Filho, decorrem “desde a descoberta do país”. “De investimentos do Brasil para Portugal, do ano passado até agora, passaram literalmente pelas minhas mãos cerca de 40 milhões de euros. E todo esse recurso foi para o setor agropecuário português”, revelou o presidente da Câmara do Comércio e da Indústria Luso-Brasileira, que destacou o vinho e o azeite como produtos muito apreciados pelos brasileiros, mas que “precisam de escala”.
“O azeite e o vinho são vendidos no Brasil através de redes de supermercados. E, no Brasil, existem grandes redes e existem redes menores. Mas, se o empresário português, produtor de azeite ou produtor de vinho, se aproximar dos distribuidores menores, eles vão conseguir vender diretamente. O brasileiro ama Portugal. O brasileiro ama os produtos portugueses. Quando eles veem um bom vinho português e um vinho de outros países, pode ter a certeza que o primeiro olhar carinhoso é para o produto português. O vinho português, apesar de ter muitos impostos no Brasil, consegue debater-se no bom sentido, com vinhos da Argentina, do Uruguai e do Chile, que entram no Brasil com zero de impostos”, explicou.
A “marca Portugal” vende lá fora
A mesma opinião foi partilhada por Pedro Santos, que reforçou o carinho que a “marca Portugal” recebe do povo brasileiro, mas também alertou para a necessidade que existe de os portugueses que exportam para o Brasil irem conhecer melhor o mercado deste país: “Muitos empresários, numa primeira fase, precisam de ir ao Brasil e conhecer, analisar e entrar no mercado de uma forma mais recorrente. Isto porque, o Brasil tem um conjunto de supermercados grandes e pequenos, mas os pequenos são muito maiores do que alguns grandes portugueses. Por isso, quando se pensa no Brasil, é preciso olhar para os vários mercados”.
Por sua vez, Filipe Rosa abordou o negócio das amêndoas Veracruz e deu o exemplo da estratégia de internacionalização, que passa pela participação em feiras, de forma a perceber os mercados. “Uma das coisas que nós fizemos, por exemplo, foi colocar nas nossas embalagens a bandeira de Portugal. Pode parecer presunção, pode parecer nacionalismo, mas a verdade é que Portugal vende. Vende no Canadá, nos Estados Unidos, vende no mundo inteiro“, disse.
Nesse sentido, o sócio e co-fundador do Grupo Vera Cruz partilhou, ainda, o objetivo que a empresa tem de tornar as amêndoas um produto de valor acrescentado com cunho português: “Já somos com o vinho, já somos com o azeite. Queremos fazê-lo com as amêndoas também”.
No que diz respeito aos aspetos regulatórios das internacionalizações de negócios, Catarina Correia explicou que há dois pontos essenciais a se ter em conta: a due diligence legal e regulamentada, “não só dos apoios, incentivos à internacionalização e à exportação, que normalmente são diferentes das empresas portuguesas lá para fora e, designadamente para o Brasil”, mas também a due diligence do país de origem e dos apoios à internacionalização em Portugal.
Além dos incentivos do governo para a internacionalização, as empresas podem procurar apoios junto de outras entidades que os disponibilizam, como é o caso do Banco Santander, que tem um portal – o Santander Trade – para essa finalidade. Trata-se de uma plataforma que reúne, num único espaço, todas as informações, ferramentas e recursos que as empresas precisam para internacionalizar os seus negócios. E possibilita, ainda, a entrada no Trade Club Alliance, uma plataforma que permite encontrar parceiros selecionados em todo o mundo, desde fornecedores, distribuidores e clientes.
“O Santander Trade ajuda as empresas a procurarem clientes no destino. Portanto, o primeiro passo é sempre encontrar os clientes. E o segundo passo é o tema financeiro, ou seja, depois de decidir o cliente no destino, eu quero exportar e é preciso saber como o fazer bem. É aí que a nossa equipa de especialistas de negócio internacional ajuda e explica quais são as modalidades dos produtos, quais são os riscos que existem em cada transação. Queremos que as pessoas vão com confiança, ou seja, que exportem, internacionalizem e que sejam bem-sucedidos“, explicou Helena Lampreia.
A sustentabilidade enquanto potenciador do setor agroalimentar
Já o segundo painel focou-se na sustentabilidade do setor e teve como oradores Cristina Melo Antunes, ESG Business Leader do Banco Santander; Gonçalo Escudeiro, Administrador da Torriba; Luís Seabra, consultor do Banco Santander; e Sofia Santos, Fundadora da Systemic.
Apesar de o investimento em sustentabilidade parecer estar associado apenas às grandes empresas, que já têm de cumprir critérios legais relacionados com o tema, a verdade é que, segundo Cristina Melo Antunes, esta preocupação deveria fazer parte de qualquer empresa, mesmo as pequenas, até porque os fornecedores das grandes empresas terão que ser neutros em carbono também: “Portanto, há uma pressão crescente de toda esta cadeia de valor de empresas, de fornecedores, para haver esta transição”.
“A sustentabilidade deve ser abraçada porque é algo que vai avançar, e não vista como ameaça. Também os investimentos não devem ser vistos como um custo. Através desta preocupação em se tornarem mais rentáveis e mais sustentáveis, é possível as empresas criarem uma capacidade de diferenciação sobre os concorrentes que não estão a fazer esse caminho. É uma oportunidade e não uma ameaça e não um custo”, disse.
Por sua vez, Sofia Santos considerou que se “está a dramatizar todo este tema da sustentabilidade nas PME”: “Isto não é complicado, é uma questão de bom senso e, acima de tudo, de regras. São orientações básicas que todas as empresas podem seguir. Portanto, quando nós falamos em sustentabilidade, é importante perceber qual é a essência e o que é que está por trás que, no caso, é deixar uma economia que permita à geração futura ter pelo menos a mesma qualidade de vida que nós estamos a ter“.
Nesse sentido, a fundadora da Systemic explicou que, para se tornarem mais sustentáveis, as empresas devem “diminuir a sua pegada ambiental e gerar um maior impacto positivo em termos sociais”. E, para isso, devem conhecer toda a cadeia de valor que existe até gerar-se um produto final, perceber se todos os fornecedores e restantes parceiros estão alinhados com os critérios sustentáveis e, no caso de não estarem, é importante “pressionar”.
Essa pressão, além de ser feita pelas empresas, acaba por acontecer por parte dos próprios clientes, que cada vez mais exigem produtos e soluções ecológicas e que respeitem o ambiente. “Se queremos estar com os melhores clientes, depois não podemos dizer que não queremos estar com os clientes mais exigentes. A pressão é muito grande, mas ainda bem que assim é, isto porque assim conseguimos juntar um produto de excelência do ponto de vista de imagem, mas também de sabor“, afirmou Gonçalo Escudeiro.
Ainda sobre a qualidade dos produtos alimentares, o administrador da Torriba disse ainda que “hoje em dia, se se soubesse bem o que é consumir um produto europeu, ninguém quereria, seguramente, comer um produto importado, até porque as obrigações e os controlos a que o produtor está sujeito na Europa são de tal maneira exigentes que não há falha, não pode falhar”.
Tudo isto exige um associativismo que, de acordo com Luís Seabra “tem muita importância” para se conseguir ter uma “boa sustentabilidade de gestão do território”. “Neste âmbito, o Santander tem tido um papel importante. Esta nossa intervenção junto do setor agroalimentar já não vem de hoje, vem de há muitos anos. Temos vindo a abordar vários temas que acabam por estar interligados e, neste âmbito, a parceria do Santander com este tipo de organizações também facilita, e exemplo disso foi conseguirmos aqui um debate deste deste tipo”, concluiu.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
A importância dos bancos para o setor agroalimentar
{{ noCommentsLabel }}