Transtejo defendeu navios elétricos em 2019 mas Governo queria a gás natural liquefeito

  • Lusa
  • 13 Setembro 2023

A tutela decidiu em 2019 que o concurso deveria ser aberto apenas para navios movidos a gás natural liquefeito embora a Transtejo tenha apresentado proposta de estes serem 100% eléctricos.

A ex-presidente do Conselho de Administração da Transtejo disse esta quarta-feira que a renovação da frota podia ter sido mais célere se o Governo tivesse aceitado em 2019 a proposta de avançar para a compra de navios elétricos.

Segundo Marina Ferreira, que foi ouvida na Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, a tutela decidiu em 2019 que o concurso deveria ser aberto apenas para navios movidos a gás natural liquefeito (GNL) embora a Transtejo tenha apresentado proposta de estes serem 100 por cento eléctricos.

Desde maio 2018, explicou, foi desenvolvido pela empresa muito trabalho para apoiar uma decisão 100% elétrica, e que não avançou devido à orientação estratégica da tutela para limitar o procedimento a navios a GNL. “Eu teria avançado mas quem define é a tutela no que respeita a politica energética. Sinto-me segura por ter seguido a orientação da tutela”, disse Marina Ferreira adiantando que na sua opinião a escolha de navios 100 por cento elétricos é a mais segura e com menos custos de manutenção.

Apesar das opiniões divergentes a ex-presidente do conselho de administração da Transtejo considera que a tutela não atrapalhou o processo. Marina Ferreira saiu da presidência do Conselho de Administração da Transtejo em abril, a seu pedido, após um relatório do Tribunal de Contas (TdC) que acusava a empresa de “faltar à verdade” e de práticas ilegais e irracionais.

Em causa estava a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros, num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 milhões, de dez (um deles já com bateria, para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.

Na sequência deste caso foi requerida a sua audição em sede parlamentar pelo Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, Partido Socialista, Iniciativa Liberal e o Partido Social Democrata, facto que hoje agradeceu aos deputados por “poder prestar contas aos contribuintes” sobre um projeto que afirma ter tido o privilégio de lançar e acompanhar. “É especialmente gratificante fazê-lo depois de ter sido compelida a abandonar o projeto inopinadamente quando nos preparávamos com alegria para dar a conhecer o novo navio, o cegonha branca”, disse.

Marina Ferreira admitiu que viveu juntamente com a sua equipa “anos muito duros” em que a empresa teve sempre a preocupação de que havia pessoas que queriam ir trabalhar e não tinham barcos, um facto que ainda permanece e que, segundo os deputados do BE Joana Mortágua e do PS André Pinotes Batista tem sido fator de discriminação dos residentes na margem sul prejudicando-os no acesso aos empregos na capital.

A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.

As empresas têm uma administração comum sendo o conselho de administração hoje presidido por Alexandra Carvalho que na quinta-feira será também ouvida na Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito dos requerimentos apresentados pelo PCP, PSD, PS, BE e IL sobre “a aquisição de navios elétricos e de baterias pela Transtejo”.

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