“Houve uma precipitação das empresas” nos despedimentos, diz coordenador das Comissões de Trabalhadores da Autoeuropa
Daniel Bernardino realça que a paragem teve "consequências" nomeadamente para as centenas de trabalhadores de diversas empresas do parque industrial que foram despedidos, mas garante que vão voltar.
O coordenador das Comissões de Trabalhadores (CT) do Parque Industrial da Autoeuropa vê com bons olhos a retoma antecipada na produção da fábrica da Volkswagen, em Palmela, mas aponta que “uma precipitação das empresas” aos despedir trabalhadores.
“É, sem dúvida, uma muito boa noticia“, afirmou Daniel Bernardino, coordenador das CT do do Parque Industrial da Autoeuropa, em declarações à RTP3, após o anúncio de que a Autoeuropa vai retomar a produção no início de outubro depois de ter garantido o fornecimento de uma peça fundamental para o T-Roc junto de uma empresa espanhola e outra chinesa.
No entanto, o responsável adianta que a paragem teve “consequências” nomeadamente para as centenas de trabalhadores de diversas empresas do parque industrial que foram despedidos, considerando que “houve uma precipitação das empresas”, dado que estes funcionários “fazem falta”.
Ainda assim, Daniel Bernardino diz que estes trabalhadores “vão voltar gradualmente”, enquanto os funcionários que estão em lay-off também não irão ter os rendimentos tão afetados, dado que a paragem de nove semanas foi encurtada.
“Algumas empresas transmitiram aos trabalhadores que contavam com eles, após o retomar da produção, e é isso que vai acontecer. Acreditamos que a palavra dada às comissões de trabalhadores é uma palavra honrada”, conclui.
A posição é partilhada por Rogério Nogueira, coordenador da CT da Autoeuropa, que vê com “com grande satisfação” este “regresso antecipado” e que adianta que sempre demonstraram uma “grande confiança no trabalho” dos colegas para arranjar alternativas ao fornecedor esloveno. “Estamos no bom caminho”, afiança.
Tal como Daniel Bernardino, o coordenador da CT da Autoeuropa indica ainda que a informação transmitida é a de que os turnos vão voltar “gradualmente” até que se consiga voltar por completo à normalidade, sendo que os funcionários despedidos devem “voltar gradualmente às funções e equipas onde estavam inseridos”.
A Autoeuropa é uma empresa com grande impacto na economia portuguesa e que representa 1,5% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB), tal como foi sinalizado pelo primeiro-ministro. A fábrica de Palmela é considerada também um “motor” das exportações nacionais, com os últimos dados disponíveis, referentes a 2021, apontavam que a fábrica de Palmela contava com mais de cinco mil trabalhadores e representava cerca de 6% das exportações nacionais.
Em 2022, a Autoeuropa registou o segundo melhor ano de produção de sempre, com 231.100 unidades. Melhor mesmo só em 2019, quando saíram 254.600 unidades da fábrica em Palmela.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“Houve uma precipitação das empresas” nos despedimentos, diz coordenador das Comissões de Trabalhadores da Autoeuropa
{{ noCommentsLabel }}