Investimento na saúde mental: uma responsabilidade das organizações
Para evitar a degradação da saúde mental das pessoas, é essencial que as próprias organizações assumam a sua responsabilidade de apoiar e assegurar as condições psicológicas dos seus colaboradores.
Falar de saúde mental é falar de um tema cada vez mais premente, mesmo no contexto empresarial, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer. A saúde mental, ainda que seja um assunto que tem vindo a ganhar relevância na sociedade, ainda é considerada tabu em diversos contextos. Assim, é importante falar desta questão, que impacta e é impactada por todas as esferas da vida.
Devido ao acelerado ritmo de trabalho a que a sociedade cada vez mais obriga, agora também as organizações têm uma responsabilidade acrescida em garantir que os colaboradores cuidam da sua saúde mental, sendo o burnout um dos problemas mais comuns nesta esfera. Os próprios problemas da vida pessoal e a carga de trabalho excessiva podem levar ao esgotamento das pessoas e, por vezes, ainda que as empresas procurem investir no bem-estar dos seus colaboradores, estes não conseguem desligar-se do trabalho, sendo constantemente consumidos por stress.
Do lado das empresas, é fundamental que os colaboradores se encontrem saudáveis, nomeadamente a nível psicológico. A felicidade é sinónimo de produtividade e colaboradores felizes contribuem para o sucesso das organizações. Aqueles que se encontram numa situação estável a nível mental não só terão uma maior predisposição para alavancar os objetivos corporativos, como terão vontade e motivação para participarem nas iniciativas da empresa e usufruírem das condições proporcionadas, como eventos ou atividades fora do local de trabalho.
Desta forma, o desafio das organizações passa, em primeiro lugar, por identificar as pessoas que podem estar a entrar em burnout. Apesar de cada vez mais falada e legitimada, a saúde mental ainda pode ser um assunto sensível. Quem sofre de alguma perturbação pode procurar escondê-la, seja pelo medo de possíveis repercussões ou pela falta de vontade de se expor. Contudo, se a organização denotar que há uma tendência de perturbação num determinado departamento ou área da organização, deve procurar identificar se a causa é interna.
Para combater as perturbações de saúde mental dos colaboradores, as empresas devem implementar políticas que podem passar, por exemplo, pela formação dos managers. As pessoas com cargos superiores têm a responsabilidade de identificar possíveis mudanças comportamentais na sua equipa. Para isso, é essencial que lhes sejam dadas as ferramentas necessárias – através de sessões de formação, por exemplo -, para que saibam identificar sintomas e reencaminhar os colegas para um sistema de apoio adequado.
Para um processo de ajuda ágil e contínuo, medidas como a inclusão de consultas de psicologia no seguro de saúde ou a constante disponibilização de um profissional da área externo à organização podem ser boas opções. Além disso, será também interessante disponibilizar sessões ou workshops sobre saúde mental a todos os colaboradores, para que estes estejam mais conscientes da sintomatologia associada aos problemas de saúde mental, numa perspetiva de prevenção. A aposta em iniciativas de wellbeing, como a disponibilização de aulas de yoga e outros desportos, é também uma forma de manter os colaboradores motivados e equilibrados.
Atualmente, devido ao ritmo acelerado em que vivemos, pode ser difícil definir o limite entre vida pessoal e vida profissional. Para evitar a degradação da saúde mental das pessoas, é essencial que as próprias organizações assumam a sua responsabilidade de apoiar e assegurar as condições psicológicas dos seus colaboradores. Cada vez mais as organizações têm de ver além dos lucros e investir numa cultura organizacional que incentive um ambiente produtivo, colaborativo e saudável. Os resultados já não são o único foco das organizações – estas são, ou devem ser, ativos que trabalham em prol das questões sociais e do bem-estar dos colaboradores.
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