França proíbe todas as manifestações pró-palestinianas
As autoridades francesas já registaram "mais de uma centena de atos antissemitas", tendo a polícia procedido a 41 interpelações. Alemanha e Áustria também proibiram manifestações de apoio à Palestina.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, ordenou esta quinta-feira a proibição de “manifestações pró-palestinianas, porque são suscetíveis de gerar perturbações da ordem pública”, que poderão levar a casos de detenção de “organizadores e agitadores”.
A ordem, segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), foi remetida aos presidentes das diferentes câmaras municipais francesas, decisão já confirmada pelo Tribunal Administrativo. Segundo Darmanin, as autoridades francesas já registaram “mais de uma centena de atos antissemitas”, tendo a polícia procedido a 41 interpelações.
Por outro lado, cerca de 500 edifícios, entre escolas e sinagogas, estão atualmente protegidos por 10.000 polícias e gendarmes. No entanto, Darmanin sublinhou que “não há qualquer sinal de importação do conflito para França, nos bairros ou nas ruas”.
A polícia de Berlim anunciou na terça-feira a proibição de dois eventos de apoio à Palestina, por representarem, de acordo com as autoridades, “um perigo para a segurança e ordem pública”. Um dos eventos, de solidariedade com a Palestina, iria decorrer na praça Paris, no centro, enquanto uma manifestação iria percorrer o bairro de Neukölln, onde existe uma significativa comunidade árabe, segundo um comunicado da polícia, citado pela agência Efe.
A decisão de evitar estes eventos e todos aqueles que possam ser realizados alternativamente foi tomada, uma vez que “devido à situação atual no Médio Oriente e aos crimes cometidos em situações semelhantes no passado” representam um risco para a segurança.
A decisão surge depois de um evento da organização “Samidoun”, de apoio aos prisioneiros palestinianos, que no sábado distribuiu doces aos transeuntes em Berlim para celebrar o ataque da organização islâmica Hamas contra Israel, iniciativa que foi largamente condenada pelos partidos políticos alemães, com exceção da extrema-direita e do partido A Esquerda.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou a proibição de atividades do movimento islamita Hamas na Alemanha, depois da ofensiva lançada no sábado contra Israel, que deixou mais de 1.300 israelitas mortos. Num discurso no Bundestag, Scholz indicou que a Samidoun, rede de solidariedade com os prisioneiros palestinianos, também será proibida devido à polémica que surgiu após a celebração do ataque. “É desprezível. É desumano. Contradiz todos os valores do nosso país. Não deixaremos de agir contra o ódio e o incitamento ao ódio. Não toleramos o antissemitismo”, disse Scholz.
Na Áustria, a polícia austríaca proibiu quarta-feira uma manifestação convocada para Viena por um grupo pró-palestiniano, na sequência da escalada de violência no Médio Oriente. As autoridades austríacas afirmaram que os organizadores da manifestação, prevista para a Praça de Santo Estêvão, incitaram à violência nos apelos nas redes sociais.
“Se o objetivo é encorajar a violência, é nosso dever evitá-la”, declarou o vice-presidente da polícia de Viena, Franz Eigner, numa conferência de imprensa. O grupo islamita Hamas lançou sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, na operação denominada “Espadas de Ferro”. Israel declarou guerra total e prometeu castigar o Hamas como nunca antes, tendo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, declarado estar “em guerra” com o grupo palestiniano.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como “grupo terrorista” pela União Europeia (UE), Estados Unidos e Israel. Os últimos dados oficiais de vítimas mortais do conflito desencadeado sábado pelo grupo islamita apontam para 1.300 mortes em Israel e 1.354 na Faixa de Gaza, indicaram fontes oficiais das duas partes. Além dos 1.300 mortos em Israel, e segundo os últimos dados do Ministério da Saúde israelita, foram hospitalizadas 3.268 pessoas, das quais 28 em estado crítico, 348 em estado grave e 581 em estado moderado,
Do lado de Gaza, adianta o Ministério da Saúde palestiniano, além da morte de 1.354 pessoas, muitas delas civis, somam-se 6.049 feridos em diferentes estados, bem como 31 mortos na Cisjordânia, onde também foram contados cerca de 180 feridos.
Segundo o porta-voz do exército de Israel, Richard Hecht, além do número de mortos de ambos os lados, cerca de 1.000 milicianos do Hamas foram abatidos durante confrontos com as forças de segurança em território israelita, onde continuam os combates esporádicos, tendo cinco milicianos sido mortos na quarta-feira.
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