Sandra Maximiano confirma ter sido convidada para presidente da Anacom
O Ministério das Infraestruturas nomeou economista e professora do ISEG para suceder a João Cadete de Matos. Ainda precisa do parecer do Parlamento para ocupar a posição.
Sandra Maximiano confirma ter sido convidada pelo Governo para desempenhar o cargo de presidente da Anacom, sucedendo a João Cadete de Matos. A informação tinha sido avançada no domingo à noite pelo comentador Luís Marques Mendes.
Contactada pelo ECO, a economista e professora associada do ISEG revelou que foi convidada há já alguns meses, mas referiu que ainda não foi formalmente indigitada. Confirmando a informação avançada pelo comentador este domingo, Sandra Maximiano recordou também que é necessário parecer positivo da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) e da Assembleia da República.
De acordo com Luís Marques Mendes, o nome já está mesmo a ser avaliado pela comissão que determina se as personalidades nomeadas para altos cargos públicos são adequadas à função. Além do crivo da CReSAP, a professora também terá de se sujeitar ao escrutínio dos deputados na Assembleia da República. Para a nomeação se efetivar, a comissão de economia também tem de emitir um parecer, após a audição, que, não sendo vinculativo, é geralmente respeitado pelo Governo.
O ECO tem vindo a questionar o Ministério das Infraestruturas sobre a liderança da Anacom há já vários meses, mas o gabinete de João Galamba não tem respondido. O ECO enviou novas questões à tutela este domingo e insistiu já esta segunda-feira de manhã, mas o Ministério não confirmou nem desmentiu a nomeação, referindo apenas que responderá por email se houver alguma coisa a dizer. Ou seja, para todos os efeitos, a escolha ainda não é oficial.
É licenciada em Economia pelo ISEG, onde também fez mestrado, e doutorou-se na Universidade de Amesterdão. Deu aulas na Universidade de Purdue e já deu em Chicago. Em 2013, numa entrevista ao Jornal de Negócios, disse, a propósito do trabalho na Universidade de Purdue: “Tenho um colchão no gabinete, como a maior parte das pessoas. Por vezes ficamos uma noite inteira a trabalhar. […] Já cheguei a estar a trabalhar a noite inteira, a seguir ir dar aulas e só dormir depois das aulas, um bocadinho.”
Na mesma entrevista, revelou: “No meu doutoramento, em Amesterdão, estive uma vez 72 horas sem dormir para acabar um paper que teria de ser enviado. Já não consigo fazer 72 horas, consigo fazer 48 e qualquer coisa. […] Hoje, se vou correr duas ou três horas, fico com uma sensação tremenda de culpa.”
Além da vida académica, Sandra Maximiano escreve mensalmente uma coluna de opinião no Expresso sobre variados temas ligados à economia e à sociedade. Alguns dos seus artigos recentes publicados no Expresso incluem “Como combater o vício das raspadinhas?”, “Como acabar com salários baixos?” e “Faz sentido que os CEO ganhem uma fortuna?”. No ano passado, a professora escreveu ainda sobre a semana de quatro dias de trabalho e a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS), por exemplo.
Na sua página de autora no jornal, indica ainda: “Sou economista mas raramente escrevo sobre a dívida e o défice, conduzo antes experiências para analisar o comportamento dos agentes económicos.” “Escrever opinião é um modo de analisar de fora o que se passa cá dentro”, acrescenta.
O perfil está em linha com o que era esperado pelas operadoras de telecomunicações, segundo o que vinha a ser dito ao ECO por várias fontes do setor, que falavam na possibilidade de o Governo escolher uma académica para ocupar esta função. A lei prevê a alternância de género, pelo que teria sempre de ser uma mulher.
Em maio, no congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), o ministro João Galamba tinha traçado o perfil do que pretende que seja a próxima era de liderança da Anacom: “Para o futuro, espero um setor onde haja lugar à crítica e ao diálogo construtivos, ao respeito institucional e à procura equilibrada de soluções para o desenvolvimento do setor e para a defesa dos consumidores, procurando sinergias e melhorando processos produtivos.”
“É nestas linhas que devemos desenhar e executar a política de comunicações que o país necessita, com envolvimento de operadores e autarquias e o papel importante do regulador como fonte de estabilidade no setor”, disse, na altura, o ministro da tutela.
(Notícia atualizada pela última vez às 11h48)
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