Cosgrave pede desculpa após boicote de Israel e investidores à Web Summit
Cosgrave classificou a atuação de Israel depois dos ataques do Hamas como "crimes de guerra". Num pedido de desculpas lembra que a cimeira tecnológica tem uma "longa história com Israel".
Depois de Israel, fundos de investimento e vários líderes de tecnológicas terem cancelado a sua participação na cimeira tecnológica, Paddy Cosgrave emitiu um pedido de desculpas. “A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as empresas tecnológicas, e lamento profundamente que esses amigos se sintam magoados com o que disse“, diz o CEO da Web Summit.
Depois do ataque, Paddy Cosgrave classificou, nas redes sociais, a reação de Israel ao ataque do Hamas como “crimes de guerra”. Horas antes, o fundador da cimeira afirmava na plataforma X: “Nas últimas 24h, nove investidores cancelaram e 35 novos registaram-se. Dois media cancelaram, mas mais de 50 media pediram passes. E, de alguma forma, vendemos mais bilhetes do que em qualquer outra segunda-feira”.
Depois de classificar como “crimes de guerra” a resposta de Israel aos ataques do Hamas, Cosgrave tem enfrentado uma tempestade mediática com vários líderes de tecnológicas e fundos de investimento a anunciar nas redes sociais que este ano não iriam participar na edição de Lisboa da Web Summit.
Na rede social X (antigo Twitter), o fundador da cimeira diz estar a ser “inundado com mensagens incríveis de apoio de Israel e de todo o mundo”, e que, apesar da controvérsia, a venda de bilhetes atingiu recordes. “Não podemos ser cancelados por querer a paz e a adesão ao direito internacional dos direitos humanos. Solidariedade para com todos os civis inocentes em todos os lados. Não vou ceder”, disse.
Tweet from @paddycosgrave
Mas no blogue da Web Summit, o fundador avançou com um pedido de desculpa, lembrando que “a Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as empresas tecnológicas, e lamento profundamente que esses amigos se sintam magoados com o que disse”, pode ler-se.
O que diz Cosgrave
“Reiterando o que disse na semana passada: Condeno sem reservas o malicioso, repugnante e monstruoso ataque do Hamas a 7 de outubro. Apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento todas as vidas inocentes perdidas neste e em quaisquer outros conflitos”, começa por destacar o fundador da Web Summit.
“Apoio inequivocamente o direito de Israel a existir e de se defender. Apoio inequivocamente uma solução de dois Estados”, reforçou.
“Como tantas figuras a nível mundial, também acredito que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às Convenções de Genebra – ou seja, não cometer crimes de guerra. Esta crença aplica-se igualmente a qualquer Estado em qualquer conflito. Nenhum país deve violar estas leis, mesmo que tenham sido cometidas atrocidades contra ele”, continua.
“Sempre fui anti-guerra e pro-lei internacional. É precisamente nos nossos momentos mais sombrios que devemos tentar defender os princípios que nos tornam civilizados”, refere ainda.
Cosgrave compara a sua posição – “crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados”, como tem vindo a repetir nas redes sociais – à de Anthony Blinken, secretário de Estado norte-americano, na semana passada no Qatar, “parceiro regional” dos Estados Unidos, que, ao mesmo tempo, que defendia o direito de Israel de se defender, pedia cuidados na proteção da população civil.
“Nos meus comentários, tentei fazer exatamente o mesmo que o secretário Blinken e tantos outros a nível mundial: exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional”, aponta Cosgrave.
O fundador também endereça o tema da realização da Web Summit Qatar no próximo ano, que alguns, nas redes sociais, apontam como motivo para a sua posição face ao conflito que eclodiu na região.
Tweet from @garrytan
“No que diz respeito ao evento da Web Summit no Qatar no próximo ano, destaco o agradecimento público do secretário Blinken ao Qatar pelo seu apoio nesta crise e em questões mais amplas que afetam a região: “O Qatar tem sido um parceiro muito próximo dos Estados Unidos numa ampla série de questões cruciais para ambos os países e para esta região… Os Estados Unidos e o Qatar partilham o objetivo de impedir que este conflito se espalhe”, realça o fundador da cimeira.
“Tal como o governo dos EUA, a Web Summit acredita em trabalhar com parceiros regionais e globais – incluindo o Qatar – para encorajar o diálogo e a comunicação dos quais depende a paz, e para lutar por uma solução justa e duradoura para as questões subjacentes que a região enfrenta. Como disse o secretário Blinken: “Uma coisa é certa: não podemos voltar ao status quo que permitiu que isto acontecesse em primeiro lugar”, diz Cosgrave.
“Compreendo que o que disse, o momento em que o disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos. A quem ficou magoado com minhas palavras, peço profundamente desculpa. O necessário neste momento é compaixão, e não transmiti isso. A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas, e lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que disse. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz. Espero de todo o coração que isso possa ser alcançado”, diz.
(Última atualização às 15h13)
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