Seguradoras em Portugal têm o dobro da solidez financeira a que são obrigadas
O conjunto das companhias de seguros a operar em Portugal têm o dobro do dinheiro a que são obrigadas para enfrentar as piores perdas que se podem prever no horizonte do próximo ano.
Acaba de ser publicado pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS) o relatório trimestral Solvência II, que quantifica através e indicadores a solidez financeira das companhias de seguros para ter disponibilidade de dinheiro para pagar indemnizações aos seus segurados, mesmo perante os piores cenários de catástrofes e sinistros.
No entanto, esta capacidade financeira de dar resposta limita-se a quem tem seguros ativos. Em Portugal, por exemplo, apenas 16% das habitações tem cobertura para risco sísmico e, as autoridades de supervisão e operadores do setor têm insistido em afirmar que existe uma enorme lacuna de proteção por seguros para riscos de saúde, reforma e propriedade.
Obtidos através de uma fórmula complexa definido pelas autoridades financeiras europeias, resulta num primeiro rácio designado SCR – Requisito de Capital de Solvência, cujo valor mínimo é 100%. Neste nível uma companhia de seguros tem 99,5% de possibilidades de conseguir responder às piores catástrofes durante o ano seguinte.
As seguradoras portuguesas apresentavam em média 201,9% no rácio SCR no final do primeiro semestre do ano. Significa que dispunham do dobro dos recursos financeiros necessários para responder a uma calamidade e que não seria por insuficiência de fundos que não pagariam integralmente os danos aos seus segurados.
No último ano, o rácio SCR médio das seguradoras em Portugal, manteve-se estável em torno dos 200%. Nesse período os investimentos das seguradoras atingiram 48,4 mil milhões de euros para proteger 42,7 mil milhões de euros de provisões, o dinheiro dos clientes que as seguradoras não podem utilizar livremente porque garantem futuros pagamentos aos segurados e em alguns casos, como seguros de vida ou pensões, por prazos muito longínquos.
O conjunto dos capitais próprios dos acionistas das seguradoras atingiu 6,3 mil milhões de euros no mesmo dia 30 de junho. Também esta componente é importante porque estes fundos são imediatamente mobilizados para fazer frente a prejuízos anormais resultantes de um invulgar volume de sinistros que afete a companhia.
Para ser confiável o rácio SCR incorpora o cálculo dos riscos de subscrição – diferença entre os prémios cobrados e as indemnizações pagas aos segurados -, os riscos de mercado e crédito e de contrapartes que interagem com as seguradoras e nomeadamente com os seus investimentos.
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