Fábrica de Paredes de Coura só pode produzir vacinas para ensaios clínicos
Infarmed diz ao ECO que a unidade da galega Zendal no Alto Minho está “exclusivamente autorizada ao fabrico de medicamentos experimentais imunológicos e biotecnológicos, mas numa fase experimental".
A licença e certificação que foi obtida em setembro pela biofarmacêutica espanhola Zendal para a nova fábrica de vacinas construída em Paredes de Coura, que vai ser inaugurada esta sexta-feira à tarde pelo primeiro-ministro, é válida apenas para o “fabrico de medicamentos experimentais imunológicos e biotecnológicos na forma farmacêutica de injetáveis de pequeno volume”.
Fonte oficial do Infarmed esclareceu ao ECO que “na presente data, esta fábrica encontra-se exclusivamente autorizada ao fabrico de medicamentos experimentais imunológicos e biotecnológicos, nos quais se podem incluir as vacinas, mas numa fase experimental”. Ou seja, para serem utilizadas na fase de ensaios clínicos, “antes de ser aprovado para ser introduzido no mercado”.
Como o ECO adiantou na quarta-feira, depois de ter estado nos últimos meses em fase de testes, esta unidade industrial no Alto Minho, que já emprega 50 trabalhadores “altamente especializados”, está agora apta para começar a produzir. Foi construída no Parque Empresarial de Formariz, onde a empresa galega tem como “vizinhos” o grupo de calçado Kyaia (dono da marca Fly London) ou as fabricantes de componentes automóveis Doureca e Akwel.
Esta que é a primeira unidade industrial de produção de vacinas para uso humano em Portugal, na descrição do Governo, vai reforçar a capacidade de produção e embalagem de vacinas víricas e bacterianas do grupo fundado em 1939 e sediado no Porriño, na região da Galiza. Numa nota de agenda, o gabinete do primeiro-ministro enquadra que este investimento “representa um marco biotecnológico para o país, prevendo criar entre 250 a 300 postos de trabalho, dos quais 100 qualificados”.
Foi em 2018, ainda antes da pandemia, que o grupo galego iniciou os contactos com a autarquia de Paredes de Coura. No ano seguinte comprou um total de cinco hectares nesta zona industrial por 350 mil euros, o que, para o presidente da Câmara, abre “perspetivas de expansão” no concelho, uma vez que o terreno onde foi construída esta fábrica ocupa apenas um deles. Vítor Paulo Pereira diz que o plano inicial do grupo admitia a construção de mais três unidades (duas de vacinas e uma de injetáveis) até 2026, o que elevaria o investimento total para 80 milhões de euros.
Em entrevista ao ECO, o autarca que comanda a federação distrital do PS em Viana do Castelo desde dezembro de 2022 – substituiu Miguel Alves, que renunciou à liderança após a demissão do cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro – relatou que já há também empresas da região a “colaborar” com esta nova unidade ao nível das linhas de enchimento, da robótica ou da higienização de salas.
“É natural que, ao lado da fábrica de vacinas, outras empresas satélites ligadas ao setor farmacêutico venham a instalar-se como prestadoras de serviço para fornecer esta unidade e outras da área da biotecnologia. E já temos alguns interessados, com quem estamos em fase de cedência de terrenos. Umas empresas arrastam outras”, resumiu Vítor Paulo Pereira.
No périplo que está a fazer esta sexta-feira pelo Minho, o primeiro-ministro, António Costa, inaugura também a nova unidade de acabamentos têxteis da JF Almeida, em Moreira de Cónegos, no concelho de Guimarães. Um investimento de 15 milhões de euros que cria mais 45 postos de trabalho e que, contou ao ECO Juliana Almeida, filha do fundador e diretora de comunicação e marketing, vai “responder a necessidades internas” e prestar um “novo serviço a outras empresas nacionais e internacionais que comercializam roupa de cama”.
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