Tires recebe o dobro de voos de jatos privados que Lisboa

  • Ana Petronilho
  • 24 Outubro 2023

Entre janeiro e junho deste ano, foram registados 2.481 voos executivos em Tires. Em Lisboa, no mesmo período houve 1.192. Cascais vai investir em Tires para acolher a transferência do tráfego.

O aeródromo municipal de Cascais em Tires opera mais de o dobro do número de voos de jatos privados que o Humberto Delgado. De acordo com os números divulgados ao ECO pela Câmara de Cascais, entre janeiro e junho deste ano, foram registados 2.481 voos executivos em Tires. Em Lisboa, no mesmo período, segundo os dados reportados pela NAV à ANA, foram sinalizados 1.192 voos executivos.

Estes números ainda deverão subir tendo em conta que no período do verão aumenta o tráfego aéreo, incluindo os voos executivos. Mas ao ECO, a empresa da Vinci diz que ainda não tem disponível o número de aterragens e descolagens do terceiro trimestre do ano. Em Tires, entre janeiro e 15 de outubro deste ano, foram operados 4.646 voos executivos, uma média de 465 por mês. São mais 61% que os 2.838 voos sinalizados em Lisboa durante todo o ano de 2022.

Será esta a ordem de grandeza do número de voos que o Governo quer transferir de Lisboa para Cascais, de forma a libertar espaço no Humberto Delgado que está sobrelotado. A intenção do Executivo tem sido posta em cima da mesa pelo menos desde 2022 e consta, agora, da proposta do Orçamento do Estado para 2024, cumprindo, também, com as recomendações da Comissão Técnica Independente.

Mas para acomodar os voos que Lisboa iria operar, a Câmara de Cascais diz ao ECO que esta transferência será feita “num processo lógico de consolidação do espaço aéreo da região de Lisboa” estando previsto “um conjunto de investimentos de melhoria das infraestruturas de Tires”, vinca ainda o vice-presidente da autarquia, Miguel Pinto Luz. Em causa está a construção de uma nova aerogare, uma nova torre de controlo e um quartel de bombeiros. Estas três obras implicam custos na ordem dos sete milhões de euros e deverão ficar concluídas dentro de um ano, prevê o presidente da autarquia de Cascais, Carlos Carreiras.

Sobre a capacidade de Tires para acolher a operação, Pinto Luz acrescenta ainda que “Cascais já hoje tem cerca de 70% da aviação executiva da região de Lisboa. Trata-se simplesmente de acomodar os restantes 30%”.

Para libertar espaço em Cascais, Carlos Carreiras explica ainda que as escolas de aviação vão ter de sair para outros aeródromos, nomeadamente do interior do país, num processo que será gradual, mediante o que estiver estipulado nos contratos em vigor. Medida que está, aliás, prevista na proposta do Orçamento do Estado para 2024, que refere que o Governo vai “apostar na migração do tráfego de formação (…) para os demais aeródromos nacionais espalhados pelo país, procurando a dinamização desses polos aeroportuários e reforçar a coesão territorial”.

Entretanto, o ministério das Infraestruturas criou um grupo de trabalho para preparar a deslocação da operação dos voos executivos. Segundo o despacho publicado em Diário da República, a equipa – composta por cinco elementos com representantes do Governo, da Câmara de Cascais e da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) – tem seis meses para apresentar “um plano com a concretização das medidas, obras e procedimentos necessários”.

Para marcar o arranque dos trabalhos, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, participa esta terça-feira na reunião da equipa e visita a obra da nova Torre de Controlo do Aeródromo de Cascais.

O tráfego de jatos privados tem subido em vários países europeus e Portugal não é exceção. Entre 2019 e 2022, de acordo com os dados reportados pela NAV à ANA, nos dez aeroportos nacionais geridos pela empresa da Vinci, o número de voos executivos subiu 43%, passando de 6.829 para 9.767 no ano passado.

Entre os principais aeroportos nacionais, Faro é onde se assiste ao maior número de aterragens e descolagens de jatos privados. Até junho, segundo os dados da ANA, houve 1.848 voos executivos, mais 656 que em Lisboa. No ano passado foram sinalizados 4.197 movimentos na capital algarvia, acumulando mais 1.359 voos que no Humberto Delgado.

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