ASF indica que o risco de seguros de Vida está a diminuir
A análise de risco da ASF para o setor segurador revela uma diminuição do risco do ramo Vida, mas o risco macroeconómico permanece elevado.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publicou na passada sexta-feira o “Painel de Riscos do Setor Segurador”, uma publicação trimestral que visa identificar e medir os riscos e vulnerabilidades do setor segurador, recorrendo aos dados fornecidos por empresas de seguros. O relatório considera “seis categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros de Vida e específicos de seguros Não Vida”, avança a ASF num comunicado.
Veja aqui as informações recolhidas pela ASF:
- A desaceleração da taxa de crescimento do PIB nacional, o aumento da inflação e o crescimento dos riscos geopolíticos, motivado pelo ressurgimento do conflito israelo-palestiniano, justificam a manutenção dos riscos macroeconómicos elevados, avança a ASF.
- Com o aumento das taxas de juro, verificado nos créditos habitacionais, por exemplo, e a inflação elevada, a pressão sobre as condições de financiamento a empresas e particulares aumentou. No entanto, segundo a ASF, “os prémios de risco dos emitentes soberanos e de dívida corporate dos setores financeiros e não financeiro mantiveram a tendência descendente”. Ainda assim, o “risco de crédito permanece classificado em médio-alto”.
- A ASF concluiu que a redução da rentabilidade do mercado imobiliário para 8,7%, em março de 2023, aliada à persistência do risco de descida dos preços dos ativos, justifica a manutenção dos riscos de mercado em médio-alto, ainda que “ao longo do terceiro trimestre de 2023, a volatilidade dos mercados obrigacionista e acionista tenha estabilizado”, lê-se no comunicado.
- A relativa “estabilidade do rácio de liquidez de ativos” e a trajetória descendente do “rácio de entradas sobre saídas” pelo terceiro trimestre consecutivo faz com que a categoria de risco de liquidez permaneça em médio-baixo, informa o órgão de supervisão.
- Os riscos de rendibilidade e de solvência permanecem avaliados em médio-baixo. O “rácio entre o ativo e o passivo registou uma melhoria” na generalidade das empresas de seguros. Assim como o rácio global de solvência, que cresceu para 20,21% e 17,4%, respetivamente, “o que reforça a folga de capital adicional face a eventuais desenvolvimentos adversos inesperados”. Adicionalmente, “a qualidade de fundos próprios registou uma melhoria, em termos médios, no segundo trimestre do ano”, escreve a ASF.
- De acordo com a ASF enquanto “o peso total do investimento em outras instituições financeiras registou um incremento”, assistiu-se “a um quadro de estabilidade global na exposição das empresas de seguros ao soberano nacional, bem como a instituições dos setores bancário, segurador e de fundos de pensões”, colocando o risco de interligações com uma avaliação médio-baixo.
- No conjunto do ramo Vida, verificou-se um decréscimo do valor anualizado dos prémios brutos emitidos (-0,4%), mas verifica-se “uma reversão da tendência de decréscimo observada em trimestres anteriores para mais de metade das empresas que exercem atividade neste ramo”, sendo a categoria classificada em médio-alto, mas com “tendência decrescente”, indica a ASF.
- O risco específico do ramo Não Vida conservou-se em médio-alto. “O valor anualizado dos prémios brutos emitidos dos ramos Não Vida” aumentou 2,3 %, em junho de 2023, e os custos com sinistros decresceram para “a modalidade de acidentes de trabalho e o ramo doença, enquanto nos segmentos automóvel e incêndio e outros danos se assistiu à evolução no sentido inverso”, explica a ASF.
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