Carlos Moreira da Silva e família Silva Domingues compram grupo industrial italiano do setor do vidro
Sócios na BA Glass e Cerealis fecham acordo com private equity para ficar com fabricante italiana de portas de vidro para máquinas de lavar, que tem 900 trabalhadores e controla fábrica na China.
O empresário Carlos Moreira da Silva e a família Silva Domingues, que controlam a vidreira BA Glass e há dois anos compraram o grupo alimentar Cerealis, acabam de fechar a aquisição conjunta de 100% do grupo industrial italiano Vetrerie Riunite (VR), que reclama a liderança mundial no fabrico de portas de vidro para máquinas de lavar e secar, e também produz moldes para vidro prensado e injeção de plástico, sobretudo para o setor da iluminação automóvel.
A aquisição do grupo fundado em 1968, que emprega um total de 900 trabalhadores e vende para 42 países, foi feita através da Teak Capital, holding pessoal de Carlos Moreira da Silva, e pela Tangor Capital, da família Silva Domingues. O negócio, concluído por um valor não divulgado pelas partes, foi acertado com a sociedade de private equity Sun European Partners, que tinha investido no grupo transalpino em 2019.
No complexo industrial com 140 mil metros quadrados em Colognola ai Colli, na província de Verona (região de Veneto), a multinacional produz perto de 43 milhões de peças por ano. Além disso, em 2021 entrou no capital (70%) da fabricante chinesa Suizhong Minghui Industrial Technology, sediada em Huludao (província de Liaoning), no nordeste do país asiático, equipada com seis fornos e 12 linhas de produção que ocupam uma área superior a 43 mil metros quadrados e que produzem anualmente mais oito milhões de peças de vidro prensado.
É um produto de nicho, mas com uma posição de quota de mercado mundial de mais de 50%. Parece-nos que, com o investimento que fez recentemente na China, poderá ter um crescimento significativo.
“Avançámos para esta aquisição porque é uma empresa industrial, que é aquilo de que mais gostamos e em que temos mais conhecimento, por um lado. Por outro, é um produto de nicho, mas com uma posição de quota de mercado mundial de mais de 50%. Parece-nos que, com o investimento que fez recentemente na China, poderá ter um crescimento significativo”, explicou ao ECO o diretor da Teak Capital, Carlos Moreira da Silva, situando o volume de negócios da adquirida “entre os 100 e os 200 milhões de euros”.
A Vetrerie Riunite, a principal empresa do grupo, produz 400 toneladas de vidro por dia e tem como clientes as principais marcas mundiais de eletrodomésticos: LG, WhirIpool, Miele, Candy, Electrolux e Bosch. Já a Borromini (moldes) tem na lista de clientes grandes empresas de componentes para a indústria automóvel, como a Marelli, Valeo, Farba, ZKW, Koito, Elba, Magna, Optrel, Wideye ou Hella. De fora do perímetro da transação, que está sujeita a aprovação pelas autoridades regulatórias, ficou a divisão Novaref (rolos refratários e peças especiais para edifícios).
A holding de Moreira da Silva agrega mais de 40 investimentos nos setores industrial, financeiro, imobiliário, educação, saúde e de private equity. O mais recente, notificado há duas semanas à Autoridade da Concorrência, foi a compra de 50% da histórica Quinta do Vallado, produtora de vinho no Douro. No portefólio industrial, além da BA Glass e Ceralis, soma desde novembro de 2021 uma participação minoritária na Sonae Indústria.
O empresário salienta estar “alinhado” com a gestão do grupo VR, a cargo de Davide Vassena, que se irá manter em funções. Carlos Moreira da Silva indica ao ECO que “a oportunidade surgiu já há bastante tempo, ainda antes da crise energética”. “Durante a crise energética [a operação] ficou em suspenso. E fomos contactados novamente, analisámos e achámos que era uma boa oportunidade”, completa. O foco estará “sobretudo no crescimento na Ásia e em manter a inovação em produto para manter a liderança mundial”.
Estamos confiantes que a nossa experiência e recursos irão contribuir significativamente para o desenvolvimento do Grupo VR. Queremos impulsionar [este negócio] para novos patamares de sucesso.
Os compradores portugueses contaram com a assessoria da EY e da Morais Leitão & Associados. Já a Sun European Partners, liderada por Paul Daccus – o diretor-geral fala num “marco significativo para o grupo VR e para os investidores” da firma de private equity e diz estar “confiante na prosperidade do grupo VR com os novos investidores” –, foi assessorada pela Rothschild, EY, Giliberti Triscornia e Associati, e Weil, Gotshal & Manges LLP.
“Estamos confiantes que a nossa experiência e recursos irão contribuir significativamente para o desenvolvimento do Grupo VR, posicionando-nos como os parceiros ideais para enfrentar os desafios e oportunidades que tem pela frente. Juntamente com a equipa de gestão, queremos impulsionar [este negócio] para novos patamares de sucesso”, resume Rita Domingues, diretora-geral da Tangor Capital, o family office da família Silva Domingues, que tem igualmente investimentos nos setores industrial, imobiliário e financeiro.
(Notícia atualizada às 11h50 com declarações de Carlos Moreira da Silva)
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