SAP promete às empresas o “Santo Graal” da IA generativa
Tecnológica de origem alemã anunciou a integração de inteligência artificial (IA) generativa em algumas das suas principais soluções de software empresarial.
Imagine que tem um colega de trabalho que até é boa pessoa, mas que não sabe nada de nada da própria empresa, nem do que se passou no mundo nos últimos dois anos. Segundo a SAP, a maior tecnológica europeia, é o que sentem alguns gestores e programadores na hora de aplicar inteligência artificial (IA) generativa ao negócio.
Os grandes modelos de linguagem foram treinados com uma espécie de fotocópia do que está na internet. Isso permitiu criar programas como o ChatGPT, o popular chatbot que surgiu há quase um ano e acelerou o desenvolvimento da IA como em nenhum outro período da história. Mas, além de o ChatGPT não saber nada do que aconteceu para lá de 2021, não está familiarizado com o contexto de cada empresa individual. Nem poderia estar. É informação confidencial e proprietária que pertence a cada negócio.
A partir de Bangalore, na Índia, a SAP — lê-se S A P, e não “sap” — anunciou esta quinta-feira a integração da IA generativa em algumas das principais soluções de software do seu portefólio. Essas soluções ajudam os clientes a gerirem os negócios, desde a parte financeira às cadeias de abastecimento, passando pela contratação e pelos recursos humanos. Os novos lançamentos assinalam o início da conferência anual SAP TechEd, que, este ano, decorre no país onde a SAP mais está a crescer, servindo para aproximar a empresa dos parceiros.
“Com estes anúncios, aproximamo-nos do Santo Graal da IA generativa, em que combinamos as capacidades dos Large Language Models [que permitem aos computadores gerarem conteúdos em linguagem natural e que estão na base da nova tendência da IA] com dados em tempo real das empresas”, defendeu Juergen Mueller, administrador executivo da SAP com o pelouro da tecnologia, numa sessão com os jornalistas.
Com estes anúncios, aproximamo-nos do Santo Graal da IA generativa.
Mas como dar esse contexto que falta aos modelos de IA? Desde logo, a tecnológica decidiu reforçar a plataforma HANA Cloud com todo o potencial da IA generativa, garantindo que o algoritmo tem acesso aos dados estruturados da empresa que já estão no sistema SAP. Segundo Juergen Mueller, isso permitiu “reduzir massivamente” as alucinações do algoritmo, o jargão usado no setor da tecnologia quando o modelo responde a um pedido com informação falsa ou mesmo absurda.
A SAP anunciou ainda uma nova caixa de ferramentas com “tudo o que os programadores necessitam” para criar aplicações de IA e IA generativa nas empresas. A nova solução AI Foundation está integrada na SAP Business Technology Platform, uma plataforma que inclui produtos e serviços que ajudam os clientes a desenvolverem software para resolver questões fundamentais da operação.
A terceira novidade foi o lançamento daquilo a que a SAP chamou de Build Code, um conjunto de soluções que, entre outras coisas, vão facilitar a cooperação entre programadores e outros profissionais que não tenham conhecimentos avançados de programação. “O SAP Build Code destina-se aos programadores profissionais, dando-lhes ferramentas de IA para aumentar o seu impacto e produtividade. Os programadores vão ser capazes de criar novas aplicações e extensões para as soluções SAP, usando o nosso assistente de IA generativa Joule para gerar código, modelos de dados ou até dados de teste para as suas aplicações”, detalhou Juergen Mueller.
Ação ou reação?
Questionado pelo ECO, o gestor recusou que os lançamentos deste ano sejam o fruto de uma reação da SAP ao acelerar da inovação em IA, garantindo que a empresa já trabalha nestas áreas há alguns anos. Mas a verdade é que, ao longo do último ano, a massificação de modelos de IA generativa, como as múltiplas versões do GPT da OpenAI, financiada pela Microsoft, ou o Bard, que foi desenvolvido pela Google, está a forçar as empresas de software a adaptarem-se a esta tecnologia.
Para a SAP, que tem mais de 100 mil trabalhadores espalhados pelo mundo, e da qual dependem milhões de empresas à escala global, a questão poderia ser existencial. Isso ajuda a entender porque é que, além do investimento em cloud, a tecnológica está a apostar em força na IA generativa.
As novidades desta quinta-feira surgem ainda num ano que arrancou com o anúncio pela SAP de uma ronda de despedimentos de 3.000 trabalhadores, ou 2,5% do total, à semelhança de outras multinacionais do meso setor. De acordo com o Financial Times, este despedimento coletivo serviu para a empresa poupar 350 milhões de euros em 2024, que poderá ficar marcado pelo abrandamento da economia mundial, depois da subida das taxas de juro pelos bancos centrais para tentarem controlar a inflação.
Para já, até ao final da semana, enquanto decorre o SAP TechEd em Bangalore, são esperadas mais novidades tecnológicas por parte da empresa, que tem um valor de mercado superior a 157 mil milhões de euros. O público-alvo serão empresas de todos os tamanhos e setores, porque, apesar de ser pouco conhecida do grande público, esta gigante alemã, fundada em 1972, desenvolve o software de que dependem muitos negócios para funcionar.
(O ECO viajou para Bangalore a convite da SAP Portugal)
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