Benefícios: a principal “arma” para atrair e reter talentos nas empresas portuguesas

  • Alexandre Falcão
  • 3 Novembro 2023

É um equilíbrio delicado entre tornar os seus programas de benefícios mais sustentáveis e, ao mesmo tempo, oferecer um pacote competitivo.

A retenção e atração de talento são, sem dúvida, as grandes preocupações das empresas portuguesas, que procuram, através da sua estratégia de benefícios, ultrapassar este grande desafio.

As empresas portuguesas estão, hoje, numa posição difícil. Por um lado, necessitam de recrutar e reter os melhores talentos, pelo que têm de manter os seus benefícios atrativos. Mas, ao mesmo tempo, a inflação e o contexto económico menos favorável estão a exercer uma grande pressão sobre os orçamentos que as empresas nacionais dedicam aos benefícios.

É um equilíbrio delicado entre tornar os seus programas de benefícios mais sustentáveis e, ao mesmo tempo, oferecer um pacote competitivo e adaptado às necessidades individuais da generalidade dos colaboradores.

Isto é especialmente difícil quando os colaboradores das empresas exigem benefícios cada vez mais abrangentes, que os apoiem em áreas-chave como os cuidados de saúde, o bem-estar, o estilo de vida e a proteção financeira, implicando soluções criativas e alguma engenharia financeira.

Recentemente, pudemos observar pelas conclusões do estudo Tendências em Benefícios 2023 da WTW, que auscultou 94 empresas portuguesas, representativas de cerca de 55 mil colaboradores, que a sua grande maioria (78%) identifica a competição por talento como um dos principais fatores a influenciar a sua estratégia de atribuição de benefícios aos colaboradores.

A este fator juntam-se as políticas de trabalho flexível e o aumento dos custos, igualmente identificados por cerca de metade das empresas abrangidas pelo estudo. Os três fatores, no seu conjunto, mostram que, se por um lado os empregadores precisam de oferecer um pacote de benefícios cada vez mais competitivo e adaptado às novas tendências, para atrair e reter talento, por outro é cada vez mais difícil garantir o seu financiamento e a sua sustentabilidade.

Estes números mostram, sem sombra de dúvidas, que a atração e retenção de talento é, de facto, o problema número um enfrentado pelas empresas portuguesas, sendo que apenas 52% delas consideram ter um portfólio de benefícios eficaz na atração e retenção de talentos.

É neste contexto que cerca de metade das empresas em Portugal refere que uma das suas principais áreas de foco é garantir que os planos de benefícios satisfazem as necessidades de todos os colaboradores, da mesma forma que procuram concentrar-se no bem-estar dos mesmos.

Objetivo: elevar os benefícios, sem aumentar os custos

Como podemos ver, encontrar um equilíbrio na abordagem a estes objetivos contraditórios pode revelar-se um desafio.

Mais de dois terços das empresas portuguesas preveem que nos próximos dois anos os orçamentos para benefícios sejam impactados pela persistência de uma inflação mais elevada, e mais de metade antecipam igualmente o impacto do enfraquecimento da economia e do atual ambiente empresarial.

Para controlar os custos, as empresas portuguesas estão focadas em melhorar os termos dos contratos com os seus fornecedores, agrupando serviços. Paralelamente, cerca de metade das empresas estão a aumentar a partilha de custos com os colaboradores.

A título de conclusão podemos afirmar que existem hoje, nas empresas, ambições contraditórias – querem ter benefícios mais efetivos, para conseguir reter e atrair talento, enquanto necessitam controlar os custos. Por outro lado, o portfólio de benefícios na generalidade das organizações portuguesas carece de ser melhorado.

Há, portanto, um caminho a percorrer nas empresas, que poderá passar pela inovação na resposta às necessidades dos colaboradores. Vontade já existe: a maioria das empresas quer ter um programa de benefícios acima da média do mercado, para ganhar vantagens competitivas, nomeadamente na atração e retenção de talento.

É, por isso, necessário que não se desperdicem todas e quaisquer oportunidades de melhorar as diversas áreas da estratégia de benefícios, com especial incidência na experiência dos colaboradores e na componente analítica.

  • Alexandre Falcão
  • Associate director de health & benefits da WTW

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