Com 140 agências em todo o país e 21 mil novas apólices de seguros conseguidas em 6 meses, Luís Tavares, diretor da DS Seguros, aconselha a combater o medo e a inércia para baixar a prestação da casa.
Só no primeiro semestre, a rede de mediação da DS Seguros, com 140 lojas, emitiu 21 mil novas apólices e espera faturar sete milhões de euros em novos prémios este ano. Muitas delas são transferências de seguros de vida ligados a créditos à habitação, conseguidos por esta rede que negoceia com quase todas as seguradoras do mercado.
Apesar de os bancos tentarem vincular os clientes dando vantagens a quem contrate os seguros na própria instituição, Luís Tavares, diretor coordenador nacional da DS Seguros, sugere que os encargos com a habitação das famílias portuguesas podem baixar se estas encararem a mudança do seguro de vida. Em entrevista ao ECOseguros, explica como enfrentar os bancos e as armadilhas.
É possível e eficaz mudar o seguro de vida ligado ao crédito à habitação?
Os seguros de vida associados ao crédito habitação são uma realidade para muitas famílias que adquirem uma casa através de financiamento bancário. Embora esses seguros desempenhem um papel crucial na proteção financeira em caso de morte ou invalidez, muitos consumidores pagam mais do que o necessário devido à falta de informação e negociação. Numa altura em que os juros estão a níveis altíssimos e o custo de vida não para de aumentar, torna-se premente demonstrar que é realmente possível poupar através da negociação desses seguros, desmistificando assim o processo e oferecendo dicas para que seja possível obter as melhores condições.
As pessoas tendem a aceitar o que lhes é oferecido sem grande questionamento?
Estes seguros garantem que, em caso de morte ou invalidez do titular do empréstimo, o montante do mesmo seja liquidado, aliviando o fardo financeiro sobre ele próprio ou os seus beneficiários. Isso é especialmente relevante quando uma família depende do rendimento do titular para pagar a hipoteca. Muitas vezes as pessoas acabam por aceitar os seguros de vida das instituições financeiras, onde fazem o seu empréstimo, ou por desconhecerem que o podem fazer noutro parceiro, ou por pura inércia. A verdade é que estes podem ser bem mais caros. Por isso, aceitar cegamente a primeira oferta sem uma análise atenta do mercado e sem negociar as condições para obter a melhor relação custo-benefício é um erro crasso.
A cobertura para invalidez ITP (Invalidez Total e Permanente) é a aconselhável, para ser acionada e pagar o capital em dívida ao banco, basta que a pessoa segura tenha uma Invalidez superior a 60% ou 65%. Com a cobertura IAD (Invalidez Absoluta e Definitiva), a pessoa tem de estar quase em estado “vegetativo” ou completamente dependente, com uma invalidez de quase 100%, para o seguro pagar.
O que se deve saber antes de negociar e se comprometer num contrato?
Antes de assinar qualquer contrato devem acontecer passos importantes. O primeiro é logo comparar ofertas. Deve-se pesquisar e comparar ofertas de diferentes seguradoras. Isto permite avaliar as opções disponíveis e identificar a que melhor se adapta às reais necessidades e orçamento.
Depois, há que entender as coberturas e, com isso, garantir que as coberturas oferecidas respondem às necessidades. Podem não ser necessárias todas as coberturas adicionais que são oferecidas, o que pode resultar em economias substanciais e, pior ainda, no caso da cobertura de invalidez, pode não estar a contratar a mínima aceitável para poder ser usada.
A cobertura de invalidez exige atenção especial?
Para além da morte, também a invalidez garante o pagamento ao banco do capital em dívida, e, regra geral, é contratada com a instituição bancária aquando da contratação do crédito. Nesta fase os seus beneficiários nem sempre se informam devidamente, especialmente na cobertura de Invalidez, que pode ser IAD (Invalidez Absoluta e Definitiva) ou ITP (Invalidez Total e Permanente).
Qual a diferença e qual a aconselhada?
Uma Invalidez é talvez a situação mais gravosa que pode acontecer num agregado familiar, pior ainda que uma morte, pois, no caso da invalidez, para além de a pessoa deixar de contribuir para o rendimento familiar, deixando de trabalhar, aumenta de forma significativa, em muitos casos, as despesas do agregado. Uma pessoa dependente a necessitar de tratamentos e cuidados representa uma despesa muito elevada.
É nestas circunstâncias que a cobertura de Invalidez, que existe no contrato de seguro de vida, faz toda a diferença. Existem dois tipos de coberturas. A cobertura de invalidez IAD, que é cobertura contratada por uma grande maioria dos Seguros de Vida estabelecidos com as instituições. Para ser acionada, de modo a pagar o crédito ao banco, a pessoa segura tem de ficar dependente de terceiros para todas as funções básicas, como a sua higiene, para se alimentar, etc. Tem de estar quase em estado “vegetativo” ou completamente dependente, com uma invalidez de quase 100%.
Com qualquer outro tipo de invalidez menos grave, onde a pessoa segura não possa continuar a trabalhar, mas se possa movimentar, alimentar sozinha ou vestir, esta cobertura não pode ser acionada. Se tiver a cobertura ITP , que é a cobertura aconselhável, para ser acionada e pagar o capital em dívida ao banco basta que a pessoa segura tenha uma Invalidez superior a 60% ou 65%, perdendo a capacidade para o trabalho, mas podendo manter as capacidades para poder ter uma vida não dependente de terceiros.
As taxas de prémio de seguro são flexíveis e uma boa negociação pode resultar em reduções significativas nos custos mensais. Outro conselho: as pessoas devem manter-se atualizadas. Os prémios de seguros de vida podem variar com o tempo.
Esse tipo de condições é negociável?
É o meu terceiro passo: negociar as Taxas e Condições, não ter medo de negociar com a instituição financeira. Muitas vezes as taxas de prémio são flexíveis e uma boa negociação pode resultar em reduções significativas nos custos mensais. Outro conselho: as pessoas devem manter-se atualizadas. Os prémios de seguros de vida podem variar com o tempo. Periodicamente, é importante rever as necessidades e fazer uma nova comparação de mercado para garantir que ainda usufrui das melhores condições. O ideal será recorrer a um mediador de seguros que lhe apresentará todas as ofertas disponíveis no mercado em função do que procura.
Há uma ideia geral de não ser útil enfrentar os bancos no momento de procurar seguro?
Além de negociar ativamente, é vital que os consumidores estejam cientes dos seus direitos e obrigações quando se trata de seguros de vida associados ao crédito habitação. Em Portugal, a legislação dá o direito ao cliente de escolher livremente a seguradora, estando o banco legalmente impedido de penalizar o cliente por não fazer o seguro proposto por esse banco, ou retirar o seguro de vida passado um tempo.
No final, mudar de seguradora compensa?
Negociar os seguros de vida associados ao crédito habitação é uma estratégia inteligente para poupar dinheiro a curto, médio e longo prazo. A título de exemplo, para casais acima da faixa etária dos 45 anos, a poupança no prémio do seguro é de cerca de 50%. A consciencialização, pesquisa e negociação ativa são as chaves para obter os melhores negócios e garantir que estamos adequadamente protegidos sem comprometer as nossas finanças. Não podemos deixar que a falta de informação ou a inércia nos levem a gastar mais do que o necessário. Em vez disso, temos de tomar as rédeas da situação e economizar com inteligência. Nos dias de hoje todos os euros contam.
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“É eficaz não ter medo de negociar o seguro vida do crédito habitação”
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