Fim de parcerias com universidades americanas é “decisão grave e injustificada” e revela “desnorte” do PS, diz PSD

"Quem tem de governar e tomar essas decisões não pode ceder aos interesses de um ou outro reitor", diz Pedro Duarte, sobre o cancelamento da parcerias com universidades estrangeiras.

O cancelamento das parcerias com universidades norte-americanas como o MIT, a Carnegie Mellon University ou a University of Texas at Austin pela ministra da Ciência e do Ensino Superior é uma “decisão grave e injustificada” e que revela o “desnorte” do PS, considera Pedro Duarte, coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, em declarações ao ECO. Elvira Fortunato garante não ter terminado parcerias e remete decisão para o governo que sair das eleições de 10 de março.

“O PSD considera esta decisão grave e injustificada. São parcerias que se têm revelado muitíssimo relevantes e com um impacto muito positivo para a economia nacional, para o ecossistema de inovação no país, para as empresas e para a própria Academia e Ciência nacionais. É, portanto, surpreendente a todos os títulos”, começa por referir Pedro Duarte.

A decorrer desde 2006 — por iniciativa de Mariano Gago tendo como objetivo promover a internacionalização da ciência e tecnologia nacionais — as parcerias têm, desde então, sido renovadas de cinco em cinco anos, inclusive “por um governo na altura sob a tutela da troika, portanto com enormíssimas dificuldades financeiras”, lembra o coordenador do CEN do PSD.

“Nem nesse momento de profunda gravidade, de quase bancarrota nacional, se deixou de investir numa parceria que tem um impacto gigantesco do ponto de vista do futuro do país no médio longo prazo, naquilo que é a capacidade empreendedora, a capacidade inovadora e, portanto, também na competitividade das empresas portuguesas”, continua.

“Para nós é grave o que está a passar. É injustificada esta posição, nem colhe o argumento da ministra do Ensino Superior que é para permitir que o próximo governo tome a decisão, que estando o governo em gestão não foi agora renovada estas parcerias”, diz Pedro Duarte.

Este domingo, à rádio TSF a ministra Elvira Fortunato remeteu, por uma questão de “ética”, a decisão para a renovação para o Governo que emergir das eleições de 10 de março. “O Ministério não terminou nenhum tipo de parceria com nenhuma universidade americana. Aquilo que aconteceu é que o contrato que existia terminava agora no final de dezembro”, disse Elvira Fortunato. Foi enviada “uma carta com os termos de um novo contrato a ser renegociado”, disse ainda à estação.

Argumento que não colhe junto do PSD. “Desde há cinco anos que se sabia que era este o momento da renovação e, como é evidente, uma parceria desta natureza, com esta relevância, não se deixa para o último mês para ser negociado. Aquilo que, de facto, aconteceu é que houve uma decisão de não renovação por parte deste governo socialista, sem se perceber porquê. Contraria, aliás, o que foi deliberado no passado por muitos dirigentes e governantes socialistas”, diz.

“Compreendemos que há um desnorte, atualmente do lado socialista, que estão a viver uma instabilidade interna, mas não podem ser os portugueses a pagar o custo desse desnorte em que mergulhou o Partido Socialista. Até era muito importante que estas decisões fossem tomadas com outro sentido de responsabilidade”, atira.

E desafia os candidatos à liderança do PS a tomaram uma posição. “Aproveitamos no PSD para interpelar os candidatos à liderança do PS — os conhecidos, e que estão nesta altura, diariamente, a fazer campanha e que se têm pronunciado por vezes sobre determinado tipo de tricas e até de intrigas políticas que são muito pouco relevantes para os portugueses –, a se pronunciarem sobre esta decisão. Porque esta sim é uma medida que tem impacto no médio e no longo prazo, no futuro do país”, aponta.

Nem o argumento do custo de cerca de 310 milhões, desde 2006, apontado por um estudo entregue em junho pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e o Conselho dos Laboratórios Associados ao ministério de Elvira Fortunato convence o PSD.

“É muito importante que sempre que for possível, haver uma avaliação rigorosa do impacto do investimento público, seja onde for, deve ser feito. Mas quem conhecer minimamente aquilo que é o ecossistema de inovação no país e startups que foram criadas, o dinamismo económico para as empresas que este tipo parcerias tem trazido, percebe que não se pode de ânimo leve, qualificar o retorno como sendo irrelevante ou não cobrindo o que foram os custos”, diz.

“É muito importante que os governantes não tomem decisões baseadas em decisões ou em opiniões, que são absolutamente legítimas, mas que são muitas vezes um pouco corporativas, endogâmicas e que olham para aquilo que é na realidade, o interesse particular de determinadas instituições”, diz o coordenador do CEN do PSD.

Respeito que alguns reitores tenham a esperança de que, se calhar, o fim destas parcerias possa no ano seguinte ser traduzido num aumento do seu orçamento. É um interesse legítimo, mas é um interesse particular. Ora, quem tem de governar e tomar essas decisões não pode ceder aos interesses de um ou outro reitor. Tem, sim, de olhar para o interesse nacional de médio e longo prazo, e se for feito, de facto, esta avaliação, acho que a conclusão que se vai tirar é que não faz sentido acabar com estas parcerias”, refere Pedro Duarte.

Situação que, se for Governo, o PSD diz querer retificar. “É evidente que um eventual futuro governo PSD tentará retificar este erro e recuperar o tempo perdido. Agora não posso assumir mais compromissos, porque neste tipo parcerias tem que haver dois lados e não posso, evidentemente, responder por aquilo que vai ser a atitude das instituições do outro lado e até que ponto é que se pode recuperar de facto esta relação no futuro. Agora, vontade não faltará certamente.”

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