70% dos jovens portugueses qualificados emigrados querem voltar
O estudo da Fundação Associação Empresarial de Portugal revela que os 30% que não querem voltar é devido aos baixos salários, às poucas oportunidades de carreira, à falta de oferta de emprego.
Um estudo da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP) revelou esta quarta-feira, no Porto, que 70% dos jovens portugueses qualificados e emigrados nos últimos anos querem regressar ao país, sendo a saudade dos familiares e dos amigos o principal motivo.
Outros das razões apontadas para o regresso a Portugal são as oportunidades de carreira, as possibilidades de criar o próprio negócio e o rendimento a obter.
Por seu lado, 30% dizem não pretender voltar devido aos baixos salários, às poucas oportunidades de carreira, à falta de oferta de emprego na área de experiência e à instabilidade do país.
O Reino Unido é o país que acolhe mais portugueses qualificados, seguido da Alemanha, França, Holanda e Suíça, tendo o pico da emigração sido em 2012.
Relativamente à sua situação laboral, o inquérito mostra que 59,9% deles estão empregados com um contrato sem termo, 20,6% com contrato a termo, 7,2% são estudantes, 5,8% trabalha por conta própria sem empregados, 2,8% são empresários e têm funcionários, 2,1% estão noutra situação e 1,3% estão no desemprego.
Quanto às suas habilitações académicas, 38,1% tem Mestrado, 31,1% uma Licenciatura com quatro ou cinco anos, 15,1% um Doutoramento, 9,6% um Bacharelado ou Licenciatura de três anos e 6,1% o Ensino Secundário.
Questionados sobre o desejo de investir em Portugal, 53% responderam afirmativamente e 47% negativamente, sendo que a maioria que pretende ter um negócio apenas pensa nisso daqui a mais de cinco anos.
Já quanto à origem dos inquiridos, o estudo mostra que a maior parte, 40,0% são do distrito de Lisboa, e 18,7% do Porto.
O professor da Universidade de Coimbra Pedro Góis, coordenador do estudo, explicou, na apresentação destes dados preliminares, que a maioria dos jovens emigrantes veem de locais do litoral, algo que poderá estar relacionado com a sua ida para aí para estudar ou trabalhar.
Outro das conclusões é que existem mais mulheres a emigrar e cada vez mais novas, situação que poderá estar relacionado com a profissão, sublinhou.
O docente revelou ainda que os inquéritos, realizados entre janeiro e abril, mostraram que o desemprego é “muito residual” entre a comunidade portuguesa “fora de portas”.
O questionário ‘online’ lançado pela Fundação AEP, no âmbito do programa “Empreender 2020 – Regresso de uma geração preparada”, pretendeu estudar a emigração de jovens qualificados e a forma de os cativar a voltar. O projeto pretende também identificar as condições que favoreçam o retorno e desenhar cenários concretos de atuação com vista ao regresso desta geração e, ainda, debater um modelo de desenvolvimento capaz de acolher estes jovens.
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