Novo aeroporto. “Não me passa pela cabeça que isto não venha a servir para nada”, avisa Mineiro Aires
O presidente da comissão de acompanhamento da CTI, Carlos Mineiro Aires, disse que nunca viu "um processo tão participado e isento, de modo que todos se pronunciassem, até os idiotas".
“Não me passa pela cabeça que isto não venha a servir para nada”, alertou esta terça-feira, o presidente da comissão de acompanhamento da Comissão Técnica Independente (CTI) para a ampliação da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, Carlos Mineiro Aires, na abertura da apresentação do relatório preliminar sobre o novo aeroporto.
“Não me passa pela cabeça que, depois da consulta pública, a versão final venha a ser desconsiderada. Tal seria uma desconsideração para os técnicos e para os portugueses que se deram ao trabalho de participar. Não podemos adiar mais processos destes”, reforçou.
A este respeito, o engenheiro revelou que o relatório vai estar em consulta pública até 19 de janeiro de 2024. “Há um ligeiro atraso do desiderato de entregar até ao fim do ano, mas apenas está com um mês de atraso, quando antes estava com um atraso de meio ano”, salientou.
Mineiro Aires salientou a importância de “duas soluções estruturais” no relatório sobre o novo aeroporto: “a questão aeroportuária e a ligação às redes transeuropeias para que nos possamos inserir na Europa a bem da nossa economia e do estado civilizacional”.
O presidente da comissão de acompanhamento reconheceu que “a aceitação das conclusões não será unânime”. “Não vai haver unanimidade, mas tem de haver uma decisão”, defendeu.
Face à experiência que tem, Mineiro Aires disse que nunca viu “um processo tão participado, tão isento como este”. “Foi um processo tão aberto, participado que todos se puderam pronunciar até mesmo os idiotas”, que mencionaram as Berlengas como uma possível localização para o novo aeroporto de Lisboa, destacou.
“Tivemos muitas pressões de muitos lados”, admite a coordenadora da CTI
“Tivemos muitas pressões de muitos lados. Muitos lóbis. Mas do Governo nem uma pressão. Queria deixar isso muito claro”, sublinhou a coordenadora geral da CTI, Maria do Rosário Partidário.
A responsável espera agora que “os resultados colham o mais possível de posições agradáveis”. “Não vamos certamente conseguir satisfazer todos”, reconheceu.
A Avaliação Ambiental Estratégica foi lançada no ano passado pelo Governo, num acordo com o PSD, para servir de base à decisão política sobre o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, onde a única infraestrutura está já sobrelotada.
Foram selecionadas para análise nove opções estratégicas em sete localizações: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Pegões, Portela + Pegões e Rio Frio + Poceirão.
Para a análise das várias opções foram considerados cinco fatores críticos de avaliação: segurança aeronáutica; acessibilidade e território; saúde humana e viabilidade ambiental; conectividade e desenvolvimento económico; investimento público e modelo de financiamento. Cada um daqueles fatores inclui vários critérios, num total de 24, avaliados à luz de uma bateria de 88 indicadores.
Com a demissão de António Costa, a decisão política passa para o Executivo que sair das eleições antecipadas de 10 de março. O desejo de conciliar uma decisão entre PS e PSD mantém-se.
O relatório que será apresentado esta quarta-feira ainda é preliminar. Após a realização da conferência no LNEC, o relatório será disponibilizado para consulta pública durante 30 dias úteis. Só depois será elaborado o relatório final, concluindo os trabalhos da CTI.
(Notícia atualizada às 15h47)
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