Exportações da China sobem pela primeira vez em sete meses
Vendas chinesas ao exterior cresceram 0,5% em novembro, enquanto importações encolheram 0,6%. Em Pequim, Von der Leyen pediu a Xi Jinping que aborde diferenças entre China e UE com "responsabilidade".
As exportações da China registaram em novembro a primeira subida desde abril. Aumentaram 0,5% em termos homólogos, para 291,9 mil milhões de dólares (271 mil milhões de euros), num sinal de que a procura global pode estar a aumentar após meses de declínio. Já as importações diminuíram 0,6% no mês passado, para 223,5 mil milhões de dólares (quase 208 mil milhões de euros), depois de terem subido 3% em outubro, segundo dados oficiais divulgados esta quinta-feira.
O abrandamento do comércio externo da China este ano surge num contexto de fraca procura global e de débil recuperação interna, apesar de o país ter desmantelado a política de ‘zero casos’ de Covid-19 no final do ano passado.
O excedente comercial, de 68,4 mil milhões de dólares (63 mil milhões de euros), aumentou 21%, em relação aos 56,5 mil milhões de dólares (mais de 52 mil milhões de euros) registados em outubro.
Alguns economistas disseram duvidar que o aumento, alimentado principalmente pelas exportações de veículos e navios, se mantenha a médio prazo. “Olhando para o futuro, é pouco provável que a resistência das exportações se mantenha. A recente subida é, pelo menos em parte, alimentada por exportadores que reduzem os preços para ganhar quota de mercado”, escreveu Zichun Huang, economista da consultora Capital Economics, num relatório, descrevendo a redução dos preços como “insustentável”.
“Sem o apoio das reduções de preços é pouco provável que as exportações consigam desafiar o abrandamento do crescimento entre os principais parceiros comerciais da China, que esperamos que se prolongue na primeira metade do próximo ano”, disse Huang.
O comércio com o Japão, os países do Sudeste Asiático, a União Europeia e os Estados Unidos diminuiu este ano. A procura pelas exportações chinesas enfraqueceu devido ao aumento das taxas de juro nos EUA, Europa e Ásia, visando combater a inflação galopante.
O setor imobiliário da China continua a constituir um entrave à economia, com as vendas a caírem e as construtoras a lutarem para não entrarem em incumprimento.
O banco central chinês flexibilizou as regras para contração de empréstimos, reduziu as taxas de juro do crédito hipotecário para os compradores da primeira casa própria e concedeu alguns benefícios fiscais às pequenas empresas.
No final do mês passado, anunciou planos para emitir um bilião de yuans (280 mil milhões de euros) em obrigações para projetos de infraestruturas e prevenção de catástrofes, aumentando ainda mais a dívida pública para tentar impulsionar a economia.
Os dados de hoje coincidem com o arranque da cimeira entre China e União Europeia (UE). Os líderes europeus vão abordar com a liderança chinesa o grande défice comercial do bloco com a China e outras questões, incluindo as alterações climáticas e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
As exportações para a UE caíram 11% em relação ao ano anterior, para 38,3 mil milhões de dólares (quase 36 mil milhões de euros) em novembro. As importações diminuíram 1% para 23,2 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, advertiu que a UE não vai tolerar um desequilíbrio crónico no comércio com a China. Pequim disse que não faz sentido a UE limitar as exportações de tecnologia sensível enquanto tenta aumentar as exportações para a China. As restrições às exportações de tecnologia sensível são um ponto de discórdia de longa data entre Pequim e as nações ocidentais.
Bruxelas pede a Xi que aborde diferenças entre China e UE com “responsabilidade”
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou esta quinta-feira o Presidente chinês, Xi Jinping, a “abordar e gerir responsavelmente as preocupações” que China e União Europeia têm “quando os seus interesses não coincidem”.
Von der Leyen, que se encontra na capital chinesa com o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, por ocasião da 24.ª cimeira entre o país asiático e a UE, afirmou que “há desequilíbrios claros e diferenças comerciais que têm de ser abordadas”.
Von der Leyen referiu ainda que Bruxelas e Pequim “têm de encontrar soluções para os desafios globais”. A responsável defendeu que “é essencial pôr termo à agressão russa contra a Ucrânia e estabelecer uma paz justa e duradoura” e “fazer tudo o que for possível para trabalhar no sentido de uma solução de dois Estados no Médio Oriente”.
A 24.ª cimeira China – UE, que arrancou hoje, em Pequim, significa um regresso aos encontros presenciais, que estiveram suspensos durante os três anos da pandemia de Covid-19. As relações foram abaladas pela posição de Pequim sobre a guerra na Ucrânia e por disputas comerciais motivadas por uma investigação sobre os subsídios atribuídos aos fabricantes de veículos elétricos pelo país asiático e o crescente excedente comercial da China no comércio com a Europa.
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