Quase dois terços das famílias jovens em casa arrendada preferiam comprar mas não têm salários

  • Ana Petronilho
  • 15 Dezembro 2023

Desde 2001 que o número de proprietários de habitação está a cair. Uma redução que é sentida de forma “acentuada” entre “os jovens nas gerações mais recentes”, alerta o Banco de Portugal.

Cerca de dois terços das famílias jovens, até aos 35 anos, que vivem numa casa arrendada queriam comprar casa, mas não tem salários.

Este é um dos resultados do inquérito à situação financeira das famílias de 2020, divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal, que questionou os proprietários e os arrendatários sobre os motivos para não alterarem o seu regime de ocupação da residência. “Quase dois terços das famílias (65%)” mais jovens aponta que “preferia comprar mas não tem condições financeiras para isso”, conclui o inquérito.

E ainda entre as famílias jovens arrendatárias, uma percentagem “também importante” (22%) indicou que ser arrendatário “é uma situação temporária”, pois “pretende comprar em breve”, refere ainda o Banco de Portugal.

Quanto aos jovens proprietários inquiridos, quase metade (48%) diz que comprou casa “porque faz sentido em termos financeiros viver numa casa própria”.

No boletim económico de outubro de 2023, o Banco de Portugal destaca ainda uma análise à “habitação em Portugal nos últimos 40 anos: regime de ocupação e recurso ao crédito”, onde se lê que, de acordo com o último Censos, realizado em 2021, 70% das famílias residentes em Portugal são proprietárias da residência principal, 22% arrendatárias e 8% têm uma outra situação, maioritariamente utilização gratuita, como casas emprestadas por familiares.

Entre as famílias proprietárias, 38% têm um empréstimo para aquisição de habitação sendo que a percentagem de famílias proprietárias é mais elevada em Portugal do que na média da área do euro (62%), refere ainda o documento.

No relatório constata-se ainda que “a percentagem de famílias residentes que são proprietárias da residência principal aumentou de 57% em 1981 para 65% em 1991 e 76% em 2001”. Um aumento que foi acompanhado “de forma simétrica” pela redução da percentagem de arrendatários em “quase 20 pontos percentuais entre 1981 e 2001 (de 39% para 21%)”.

Mas, a partir de 2001, a percentagem de proprietários reduziu “ligeiramente (73% em 2011 e 70% em 2021, face a 76% em 2001)” e a percentagem de arrendatários “manteve-se estável”.

Isto porque, “a partir de meados dos anos 2000, e em particular a partir de 2011, foram introduzidas medidas destinadas a dinamizar o mercado do arrendamento”, nomeadamente, “maior liberdade na estipulação da duração dos contratos pelas partes e definição de um período de transição para a atualização das rendas mais antigas, de acordo com o rendimento e a idade dos inquilinos”.

Em traços gerais, o relatório do Banco de Portugal diz que, a redução de proprietários é sentida de forma “acentuada” entre “os jovens nas gerações mais recentes”. A taxa de propriedade entre 25 e 34 anos, “reduziu-se de 70% na geração de 1967-76, para 60% e 40% nas gerações nascidas nos 10 e 20 anos seguintes”. Ao contrário do que acontecia com as gerações nascidas entre 1947 e 1966, “a maior parte dos proprietários das gerações mais recentes têm encargos com empréstimos associados à residência antes dos 35 anos”.

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