Empresas temem instabilidade governativa e quebra do consumo interno em 2024
Manutenção de uma elevada carga fiscal, falta de trabalhadores qualificados, redução das exportações e aumento dos custos com taxas de juro e energia são outros dos constrangimentos apontados.
Com o espetro de um futuro Governo, liderado por PS ou PSD, sem maioria absoluta, forçado a negociar à esquerda, com PCP e BE, ou à direita, com o Chega, as empresas temem uma instabilidade política, no próximo ano, que será prejudicial para a evolução dos negócios, de acordo com os resultados do inquérito realizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) junto de 953 entidades, e que foi divulgado esta terça-feira.
Recorde-se que o País vai para eleições legislativas antecipadas a 10 de março, depois da demissão do primeiro-ministro António Costa e de o Presidente da República ter decidido dissolver o Parlamento.
No plano económico, a quebra do consumo interno, motivado pelo aumento do custo de vida, a manutenção de uma elevada carga fiscal sobre o trabalho e os lucros, a redução das exportações, a falta de mão-de-obra qualificada e de matérias-primas e o aumento dos custos de financiamento, devido às altas taxas de juro, e a pesada fatura da energia são outros dos constrangimentos apontados pelas empresas que responderam ao questionário.
A nível internacional, uma “conjuntura incerta e instável, com impacto na procura externa, sobretudo do mercado europeu, ou seja, no principal mercado de destino das exportações e de origem das importações” nacionais, também terá efeitos nocivos, segundo o mesmo estudo.
Um dos principais constrangimentos continua a ser a dinâmica do mercado desfavorável, antevendo-se uma redução da procura externa e interna. De igual modo, a dificuldade em assegurar mão-de-obra qualificada é outro dos riscos apontados, sendo que cerca de 70% das empresas inquiridas consideram este fator “significativo ou muito significativo”, destaca o inquérito.
Apesar de, globalmente, as empresas perspetivarem um aumento dos impactos negativos para a quase totalidade dos fatores elencados no estudo, a maioria (59%) acredita que, no próximo ano, o volume de negócios estará ao mesmo nível de 2023, sendo que apenas 11% preveem uma redução da faturação. De salientar que, para este ano, a proporção de entidades que estimavam quebras face a 2022 era de 38%, ou seja, bem superior.
Por outro lado, há uma menor proporção de empresas a perspetivar um aumento do seu volume de negócios: a percentagem desce de 41% para 30%.
Tendo em conta a resiliência do tecido empresarial face aos riscos apontados para 2024, os patrões estão mais otimistas. Daí que a esmagadora maioria das empresas inquiridas não preveja aderir ao lay off, no próximo ano.
Apenas 5% das entidades equacionam reduzir o horário de trabalho e 8% admitem recorrer à suspensão temporária. Neste pequeno universo, estão sobretudo empresas exportadoras, nos setores da indústria e dos transportes, segundo o mesmo inquérito.
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