Zelensky admite que exército ucraniano propôs mobilizar até 500.000 pessoas
Volodymyr Zelensky adianta que o comando militar "propôs a mobilização de 450.000 a 500.000 pessoas", mas diz que ainda não tomou uma decisão.
O Exército ucraniano, a debater-se com a necessidade de encontrar voluntários, propôs mobilizar “450.000 a 500.000 pessoas” para continuar a lutar contra a invasão russa, avançou esta terça-feira Presidente da Ucrânia, admitindo, porém, que ainda não tomou uma decisão.
O comando militar “propôs a mobilização de 450.000 a 500.000 pessoas”, disse Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa em Kiev, acrescentando que precisava de “mais argumentos para apoiar esta ideia” porque se tratava de um “número muito importante”. Na mesma conferência de imprensa, Zelensky saudou “uma enorme vitória” do exército ucraniano sobre a Rússia no mar Negro, que permitiu estabelecer desde agosto um “corredor marítimo” para exportação de mercadorias.
“Isso está integrado na nossa operação no sul”, prosseguiu o líder ucraniano, lembrando ainda as ameaças russas de bombardeamentos e a suposta superioridade marítima da frota russa. Zelensky também anunciou que a Ucrânia vai receber “diversos” novos sistemas antiaéreos Patriot.
Zelensky exclui negociações com uma Rússia “arrogante”
O Presidente ucraniano rejeitou ainda qualquer hipótese de negociação com uma Rússia “arrogante”, apesar das dificuldades do Exército ucraniano na frente de combate e a crescente pressão das tropas de Moscovo. “Atualmente não é pertinente. Não vejo uma solicitação por parte da Rússia. Não o vejo nas suas ações. Apenas vejo arrogância e morte na sua retórica”, declarou o líder ucraniano, durante uma conferência de imprensa em Kiev com a presença de vários ‘media’ nacionais e internacionais.
Questionado sobre as recentes divergências com o chefe do Exército, Valery Zaluzhny, o Presidente ucraniano disse que “independentemente da posição ocupada”, os dirigentes a vários níveis têm “responsabilidade sobre os resultados do dia a dia”. Presidente e chefe do Exército têm uma “boa relação de trabalho”, disse Zelensky, rejeitando “personalizações”.
Qualificou ainda de “fantasia” a possibilidade de que a Ucrânia ceda uma parte de seu território à Rússia em troca de entrar na NATO. Sobre o esforço de equipamento das Forças Armadas, Zelensky revelou ainda que a Ucrânia vai produzir “um milhão de ‘drones’ [aparelhos não-tripulados]” para o seu exército em 2024.
Zelensky foi também questionado sobre uma visita a Portugal, já confirmada em outubro, sem referir datas, e afirmou estar “muito agradecido ao Governo e ao Presidente de Portugal” por estarem ao lado de Kiev na luta contra a invasão russa. “É muito importante para nós ter o apoio de Portugal”, disse o chefe de Estado ucraniano, de acordo com a CNN Portugal.
O líder ucraniano também anunciou a intenção de se encontrar proximamente com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, “para encontrar soluções” aos seus diferendos, alguns dias após o dirigente húngaro ter vetado a aprovação de um novo pacote de ajuda da União Europeia (UE) à Ucrânia e de não ter participado na decisão de abrir negociações formais com Kiev para a adesão ao bloco comunitário.
“Somos vizinhos e tentamos encontrar soluções para os nossos problemas. Mas para isso devemos organizar uma reunião”, declarou. No decorrer da conferência de imprensa, Zelensky respondeu e falou diversas vezes sobre os Estados Unidos, até ao momento o principal aliado de Kiev.
Ainda a propósito de um possível regresso de Donald Trump à Casa Branca (Presidência norte-americana), a menos de um ano das presidenciais norte-americanas de 2024, Zelensky considerou que o antigo governante tem uma “personalidade diferente” do atual Presidente norte-americano, Joe Biden, e que por esse motivo iria promover “uma política diferente”, acrescentando que “todos os dirigentes têm uma influência sobre a sua sociedade e sobre as ações do seu Governo”.
Uma eventual redução da ajuda norte-americana poderá influenciar a atitude da UE e terá, segundo frisou, “decerto um impacto e que não seria positivo para a Ucrânia”. No entanto, disse acreditar que as grandes linhas da política oficial de Washington e o seu apoio a Kiev não serão alterados.
Estas declarações surgem alguns dias após o seu périplo diplomático destinado a convencer os Estados Unidos e a Europa a prosseguirem o envio de armamento e financiamentos à Ucrânia. Apesar de ter obtido de Bruxelas uma abertura das negociações de adesão da Ucrânia à UE, até ao momento não conseguiu convencer o Congresso norte-americano a votar um novo pacote de 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros) para o seu país.
(notícia atualizada às 19h57 com mais informação)
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