Governo português condena “declarações irresponsáveis” de ministros israelitas
Gomes Cravinho apontou que a solução defendida pelos ministros israelitas, de expulsar os palestinianos de Gaza, "violaria o direito internacional".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português condenou esta quinta-feira as “declarações irresponsáveis” de dois ministros israelitas, que sugeriram a expulsão da população palestiniana de Gaza para permitir o regresso dos colonatos judaicos, apontando que “promovem a violência”.
Numa nota de “firme condenação” publicada na rede social X, o ministério liderado por João Gomes Cravinho apontou que a solução defendida pelo ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, e das Finanças, Bezalel Smotrich, “violaria o direito internacional”.
“Tais declarações promovem a violência e são contrárias à solução de dois estados”, pode ler-se ainda. Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, ambos provenientes de colonatos e os principais ministros de extrema-direita do Governo de Benjamin Netanyahu, são defensores da expulsão dos cerca de 2,3 milhões de palestinianos da Faixa de Gaza para permitir o regresso dos colonatos judaicos que foram desmantelados em 2005.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o Departamento de Estado dos EUA, também já condenaram estas declarações. O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque de 7 de outubro do movimento islamita palestiniano. Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também cerca de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 7 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 22.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 54 mil, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007. A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 7 de outubro, mais de 300 palestinianos foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, territórios ocupados pelo Estado judaico.
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