Ria, por favor
Rir baixa as defesas e cria uma ligação imediata com os outros, é um sinal para aqueles que são liderados por si, de que é uma pessoa segura e confiável. Quando um líder sorri, todos sorriem.
Durante muitos anos, a ideia de que liderar uma equipa devia incluir o humor, o sorriso, era considerada desnecessária, senão fútil. As lideranças deviam ser sérias e por sérias entenda-se sisudas, austeras e desprovidas de demonstrações de alegria. Também aqui o sorriso era visto como um sinal de leveza perigosa, quando de facto sorrir é transformativo e uma ferramenta essencial para liderar. Porquê? O ato de sorrir ou rir é uma ponte entre diferentes culturas.
Muito cedo na minha carreira, percebi o impacto de um sorriso ou de uma risada. Fosse enquanto líder de equipas ou no processo de escolha de futuros líderes, o senso comum ditou que rir é transformativo. Rir pode mudar tudo, permitir a sua entrada em locais onde todas as portas parecem encerradas. Pense num líder permanentemente zangado, com uma expressão agressiva, todos os dias e em qualquer ocasião. Qual é a sua disposição para o seguir? Garanto-lhe que qualquer pessoa interpretará essa expressão instintivamente como uma ameaça à sua integridade. Viver e trabalhar assim, é uma autêntica tortura.
Ainda hoje encontro lideranças que confundem levar a sério as suas responsabilidades com a ausência de um sorriso, como se esse as fragilizasse. Um erro. Rir baixa as defesas e cria uma ligação imediata com os outros, é um sinal para aqueles que são liderados por si, de que é uma pessoa segura e confiável.
Quando um líder sorri, todos sorriem. Abre-se espaço para a mudança, para a criatividade e a comunicação nas organizações.
Está preocupado com a cultura da empresa que foi convidado a liderar? Observe o ambiente à sua volta, porque há boas hipóteses de que o seu primeiro passo deva ser normalizar o sorriso no trabalho.
No livro “Tropeçando na Felicidade”, do professor de psicologia de Harvard Daniel Gilbert, o autor defende que uma das características mais marcantes do ser humano é a capacidade de imaginar um mundo melhor do que o presente, considerando a busca da felicidade fundamental para o bem-estar coletivo. Além disso, elege como ferramenta crucial para a liderança a capacidade de planificar, situando-a na zona do cérebro onde também está alojada a ansiedade: ambas funções voltadas para o futuro. Uma das conclusões lógicas desta associação poderá ser a de que rir pode ser, de facto, uma ferramenta essencial para gerir uma empresa.
Colaboradores ansiosos têm medo do futuro, cristalizam e tornam-se incapazes de inovar com eficácia. Colaboradores felizes não estão a olhar para a parede, mas a sorrir perante desafios que acreditam poder ultrapassar. O seu líder não é uma ameaça, mas alguém que os desafia a ser melhores, a atingir metas que nunca imaginaram, a crescer dentro das organizações e (porque não?) a ambicionar a felicidade no trabalho. As previsões dos cientistas e dos economistas normalmente falham porque são demasiado similares ao presente, afirma Gilbert. Com razão.
Temos uma tendência natural para desconfiarmos da imprevisibilidade e vermos a incerteza como um fator de ansiedade e infelicidade. A maior arma de um líder é a capacidade de criar relações de confiança e reforçar laços de lealdade dentro das suas equipas. O mundo será sempre incerto e os melhores planos não sobreviverão se não existir um líder capaz de transmitir uma decisão com um sorriso.
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