Exportações de mobiliário superaram pela primeira vez dois mil milhões de euros
As exportações do cluster português do mobiliário aumentaram 11% em 2023, tendo atingido os 2,2 mil milhões de euros. França é o principal mercado de exportação da fileira casa.
As exportações portuguesas de mobiliário superaram os dois mil milhões de euros em 2023, um aumento de 11% face ao ano anterior e um máximo histórico, de acordo com dados da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), divulgados em primeira mão ao ECO. Apesar dos bons resultados, a fileira casa mostra-se preocupada com a instabilidade económica nacional e internacional.
“O crescimento esperado para 2023 está nos dois dígitos, sendo antecipado um valor total de vendas ao exterior de aproximadamente 2,2 mil milhões de euros, tendo sido em 2022 registado um valor de 1,99 mil milhões de euros”, antecipa Gualter Morgado, diretor executivo da APIMA.
No topo da lista de melhores destinos para o mobiliário português — cluster que inclui indústrias como o mobiliário, a colchoaria, os têxteis-lar, a cutelaria, a cerâmica, a iluminação e a tapeçaria — estão França (com uma quota de 32%), Espanha (26%) e Alemanha (6%). As vendas para os EUA estão a ganhar terreno ao representarem 5,5% das exportações desta fileira em 2023.
É impossível não estar preocupado, mas é imperioso trabalhar afincadamente para encontrar nichos de mercado, novos segmentos de mercado e novos produtos, para ultrapassar esta fase.
Apesar de o mobiliário ter superado pela primeira vez a fasquia dos dois mil milhões em exportações no ano passado, o cluster está preocupado com a conjuntura nacional e internacional.
As guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, as novas limitações à circulação marítima de mercadorias devido aos ataques no Mar Vermelho, e a instabilidade política em mercados “muito relevantes” para o setor, são os principais desafios para este ano, enumerados pela associação liderada por Joaquim Carneiro. No entanto, a APIMA está confiante de que as empresas portuguesas “estão preparadas para superar mais estes obstáculos”, muito por conta da “postura positiva e resiliente”.
“É impossível não estar preocupado, mas é imperioso trabalhar afincadamente para encontrar nichos de mercado, novos segmentos de mercado e novos produtos, para ultrapassar esta fase”, afirma Gualter Morgado, diretor executivo da APIMA, em declarações ao ECO.
Já Joaquim Carneiro, presidente da APIMA, reconhece os desafios que 2024 pode trazer, mas destaca a resiliência do setor: “Apesar das expectativas de manutenção do volume de negócios, o início deste ano será claramente definido pela instabilidade financeira e arrefecimento do consumo em alguns dos principais mercados internacionais. O desafio não é novo para as empresas da fileira casa, pelo que a resposta que já comprovou sucesso será reforçada. Iremos continuar a apostar no alto valor acrescentado, na inovação e na sustentabilidade como os principais fatores distintivos das marcas portuguesas.”
Em relação às eleições antecipadas agendadas para 10 de março, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, depois das buscas e detenções em torno do negócio da concessão do hidrogénio verde e do lítio, a associação da fileira da casa considera que o “único problema com as eleições é, normalmente, o processo de substituição dos governos, que provoca um atraso de um ano no normal funcionamento das instituições”.
“De resto, estamos sempre preparados para trabalhar em colaboração com qualquer governo, pois os objetivos são comuns – por vezes, é a falta de alinhamento das estratégias que complica a obtenção de melhores resultados”, realça Gualter Morgado.
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