JPMorgan prevê “duas a três descidas de juros” por parte do BCE e Fed, mas só na parte final do ano
A gestora de ativos do JPMorgan considera que os investidores estão demasiado otimistas em relação à política monetária, antecipando dois ou três cortes de juros, mas apenas na segunda metade do ano.
As pressões inflacionistas registaram uma forte desaceleração no último ano, permitindo aos bancos centrais fazer uma paragem no ciclo de subida de juros e uma mudança de discurso. No entanto, a JPMorgan Asset Management alerta que os investidores estão a interpretar com demasiado otimismo as indicações deixadas pela Reserva Federal e pelo Banco Central Europeu (BCE), apontando para mexidas nos juros apenas na segunda metade do ano.
“É demasiado otimista esperar um corte de juros no verão“, argumenta Elena Domecq, diretora-adjunta de estratégia e responsável pelo investimento sustentável em Espanha e Portugal da JP Morgan. Para a mesma especialista, os cortes deverão acontecer em 2024, mas “mais na parte final do ano”, adiantou numa apresentação a jornalistas esta terça-feira.
Questionada sobre quantos movimentos de descida se podem esperar este ano, Elena Domecq aponta para “duas a três descidas de juros“, tanto por parte da Fed como do BCE.
Apesar de reconhecer a grande correção da taxa de inflação ao longo do último ano – baixou de valores em torno de 9% e mais de 10% para cerca de 3% nos Estados Unidos e na Europa, respetivamente – a especialista responsável pelo negócio da JPMorgan AM em Portugal realça que “a luta contra a inflação ainda não está terminada“.
A luta contra a inflação ainda não está terminada. Estamos em níveis muito melhores que há um ano, mas vai levar tempo até atingir os targets dos bancos centrais para a inflação.
“Estamos em níveis muito melhores que há um ano, mas vai levar tempo até atingir os targets dos bancos centrais para a inflação“, explica. Nota, porém, que 2024 será um ano marcado por uma política monetária menos restritiva por parte dos bancos centrais.
Na primeira reunião de política monetária do ano, a presidente do BCE, Christine Lagarde, não fechou a porta a um corte de juros em abril, tal como estão a prever os investidores, mas o discurso da presidente do BCE está mais alinhado com uma descida em junho ou nos meses de verão.
Já esta semana será a vez de Jerome Powell deixar novas indicações sobre futuros cortes de juros nos EUA, na conferência após a reunião de política monetária que termina na quarta-feira.
Dívida e ações têm oportunidades
A JPMorgan AM antecipa, assim, um ano de crescimento mais moderado a nível global, mas positivo, acompanhado de uma normalização da taxa de inflação e descidas de juros. Um conjunto de circunstâncias que deverá favorecer o investimento tanto em obrigações, como em ações.
“Vamos ter crescimento, a inflação vai manter uma tendência para baixar e vamos ter os bancos centrais a adotarem uma política monetária menos restritiva”, sintetiza a responsável, mostrando-se mais otimista para o investimento nos Estados Unidos e reiterando a preferência pelos chamados “sete magníficos”: Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
Elena Domecq realça que estas gigantes de Wall Street têm potencial para continuar a destacar-se, suportadas no investimento na inteligência artificial.
Em relação às tensões geopolíticas que permanecem a nível global, a especialista refere que vão continuar a monitorizar a situação, contudo, para já, estes riscos não justificam uma mudança nas previsões para 2024.
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