A liderança que desperta talentos

  • Luísa Gonçalves Colaço
  • 16 Fevereiro 2024

Uma gestão eficaz de talentos requer uma liderança proativa e visionária que ultrapasse as estruturas hierárquicas tradicionais e promova uma cultura positiva e atenta a cada um.

O sucesso de um líder é proporcional ao quão dispensável este se torna na sua equipa.

Pode parecer controverso, mas acredito que o trabalho de um líder é realmente bem-sucedido, quando apostamos no desenvolvimento das nossas equipas, por forma a que estas consigam ser autónomas e resolutas sem precisar de uma microgestão que afunile, nas lideranças, as mais pequenas decisões.

Ao colocar a liderança nesta perspetiva, estamos a acentuar um ponto de vista que me parece crucial: liderar é um serviço onde encontramos a maior satisfação na realização das nossas equipas sem procurar autopromoção. Enquanto líderes, existimos para servir aqueles com quem trabalhamos, e não o contrário.

E no cenário atual em que o recrutamento se tornou bastante desafiante, a gestão de talentos é ainda mais crucial para o sucesso das organizações. Os líderes desempenham um papel central neste processo estratégico devendo chamar a si, mais do que nunca, a responsabilidade do desenvolvimento humano e profissional das suas equipas. Atualmente, uma gestão eficaz de talentos requer uma liderança proativa e visionária que ultrapasse as estruturas hierárquicas tradicionais e promova uma cultura positiva e atenta a cada um.

Numa era em que tudo nos faz crer que a clivagem entre as gerações é cada vez maior, parecendo haver um abismo entre quem já está no mercado de trabalho há vários anos e quem nele agora se aventura, é imprescindível para a retenção de talento que os líderes ajustem a sua comunicação. Esta característica, que há já longos anos é apontada como essencial para um líder, parece-me ter hoje especial interesse. Percebermos quais as ambições e necessidades das novas gerações, ao mesmo tempo que ajustamos positivamente as suas expetativas quanto às exigências do mercado de trabalho.

Mas é também da promoção da diversidade, onde valorizamos a originalidade de cada um, que os líderes devem encontrar um caminho para a retenção das melhores pessoas. Assim, estamos não só a trazer uma enorme riqueza estratégica para as organizações, mas também a contribuir para uma sociedade onde cada um tem o seu lugar e encontra terreno fértil para crescer pessoal e profissionalmente.

E num mundo que se afigura instável e negativo, acredito que os líderes têm uma responsabilidade acrescida em promover uma cultura positiva e de esperança projetada no futuro onde, no nosso quotidiano, todos somos responsáveis pelo bem-estar uns dos outros. Podemos não conseguir mudar os grandes desastres do mundo, mas temos impacto direto e profundo na vida de quem, todos os dias, se cruza connosco. E acentuando-se cada vez mais a impessoalidade nas relações humanas, em larga medida pelo mundo excessivamente tecnológico em que vivemos, é imprescindível que os líderes procurem, não só criar vínculos e cuidar de quem lideram, mas também que o mesmo aconteça entre as suas equipas. Liderar para o bem-estar físico e mental no local de trabalho em que as equipas reconhecem o seu papel inter-relacional é, assim, um fator crítico de sucesso na retenção de talento.

E é neste cenário dinâmico dos novos locais de trabalho, que os líderes têm de ser adaptáveis e resilientes. A gestão eficaz de talentos exige uma abertura à mudança e uma maior capacidade de gerir nas crises e instabilidades. É fulcral que os líderes encarem a mudança não como uma perturbação, mas como uma oportunidade de crescimento. Ao promover uma cultura que abraça a mudança e a inovação, é possível posicionar as equipas para que se adaptem e prosperem num ambiente em constante evolução. Esta mentalidade é essencial para atrair talentos com visão de futuro que procuram locais de trabalho dinâmicos, que incentivam a aprendizagem e a evolução contínuas.

Em suma, acredito que a retenção eficaz de talentos passa pelo reconhecimento do impacto e responsabilidade que as lideranças têm nas equipas com quem trabalham. Gerir uma equipa não deverá ser de todo um exercício de poder de quem procura subir na carreira. É um ato exigente, com profundo impacto nas organizações e nas pessoas que nela colaboram, e que deve ser um caminho constante de aprendizagem que tem como meta o sucesso, a felicidade e a realização de quem gerimos. Porque se tudo estiver alinhado, é também aí que encontramos a nossa própria realização.

  • Luísa Gonçalves Colaço
  • Diretora de marketing e comunicação do Grupo Openbook

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