A um mês das eleições, empresários e gestores cristãos criticam “empolar dos extremos” na política
Associação Cristã de Empresários e Gestores teme “incapacidade de diálogo” na política e recupera apelo do pós-25 de abril à coragem, contra “silêncio conivente, apatia covarde ou medo irresponsável”.
A menos de um mês das eleições legislativas, a Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) alerta que a decisão de voto dos portugueses é “demasiado relevante para que a abstenção ou o mero protesto devam ser opções tomadas de ânimo leve”, notando que estão em causa duas visões para o desenvolvimento do país.
“A decisão eleitoral tem lugar num inédito contexto de polarização política. Com o empolar dos extremos, a política portuguesa caminha baseada no confronto e na incapacidade de diálogo, com indesejável perspetiva de instabilidade ou de impasse, num tempo de riscos imensos, num mundo com relevantes guerras abertas de evolução imprevisível”, frisa a organização liderada por João Pedro Tavares.
Descrevendo um cenário de “falta de esperança coletiva no futuro”, crise das instituições, crescimento da emigração jovem e “asfixia das classes médias”, a ACEGE dramatiza que “não há outra resposta para erradicar a pobreza, sustentar o Estado Social e tornar Portugal atrativo para os seus próprios jovens, que não seja um sólido e histórico processo de criação de riqueza”.
E as empresas “geridas com responsabilidade e ética, tendo o amor e a verdade como critérios de gestão, são a ‘chave’ para o desenvolvimento das famílias, do país e do combate sustentado à pobreza”. “Só através de empresas humanizadas e sustentáveis, capazes de criar empregos de qualidade, com salários dignos e atrativos, que valorizem as pessoas, podemos aspirar a desenvolver o país e a estancar a fuga de juventude e de talento de Portugal”, acrescenta.
Nesta tomada de posição sobre as legislativas em que sugere um desagravamento da carga fiscal, divulgada esta quarta-feira, a ACEGE sustenta ainda que os investidores e empresários têm uma “missão essencial a desempenhar com o seu trabalho, em convergência com o Estado”, e relembra que todos os líderes empresariais têm a “obrigação de cumprirem todas as suas obrigações legais e éticas”.
A associação que representa os empresários e gestores cristãos entende que nesta ida às urnas está em causa a escolha entre “um pensamento estatista e uma visão neo-social com enfoque na proteção do Estado Social, na valorização das famílias e da sociedade civil, na valorização do rendimento dos mais desfavorecidos e no respeito pelo princípio da subsidiariedade, consagrado na Constituição e na Doutrina Social da Igreja”.
Estarão essencialmente em escolha um pensamento estatista e uma visão neo-social com enfoque na proteção do Estado Social, na valorização das famílias e da sociedade civil, na valorização do rendimento dos mais desfavorecidos e no respeito pelo princípio da subsidiariedade.
“Estará em causa a escolha entre duas visões para o desenvolvimento de Portugal: partindo da orientação do Estado, ou da sociedade; entre um Estado prestador universal, e um Estado garante da prestação dos serviços sociais e da sua qualidade; entre a viabilização do Estado Social pela continuidade de um Estado centralizador e assistencialista, ou por via da sua interação e complementaridade com o conjunto da sociedade; entre a inércia do aumento gradual do peso e da influência do Estado na economia e na sociedade, e a valorização do papel e das decisões das famílias, empresas e de toda a sociedade civil”, lê-se neste comunicado.
Sem nomear partidos ou coligações, sugere, no entanto, que a escolha dos líderes empresariais deve ser “clara e coerente com as suas vidas, com a forma como trabalham e lideram, com a forma como decidem e se posicionam no mercado e perante o Estado”. E faz até questão de frisa que continua atual o apelo que a ACEGE fez em 1975, no pós 25 de Abril, para que os empresários tenham coragem e não se remetam ao “silêncio conivente, apatia covarde ou medo irresponsável”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
A um mês das eleições, empresários e gestores cristãos criticam “empolar dos extremos” na política
{{ noCommentsLabel }}