Exclusivo Farfetch propõe saídas por mútuo acordo com indemnização de 30 dias por ano
Propostas têm sido apresentadas aos trabalhadores em reuniões realizadas esta manhã, com a empresa comprada pelos sul-coreanos da Coupang a tentar evitar um despedimento coletivo.
A Farfetch iniciou esta manhã as negociações com os trabalhadores que pretende dispensar em Portugal. A empresa, comprada pela Coupang em dezembro e agora liderada por Bom Kim (na foto) e pela equipa executiva, está a propor aos colaboradores a saída por mútuo acordo com o pagamento de uma compensação de 30 dias por ano, ou esperarem pelo despedimento coletivo, segundo apurou o ECO junto de vários trabalhadores da empresa. Quem aceitar a proposta da empresa sai no final do mês.
Na reunião que decorreu esta manhã foram colocadas duas possibilidades aos trabalhadores de saída das operações em Portugal. A primeira opção passa saída com mútuo acordo, com a companhia a propor o pagamento de 30 dias por cada ano de contrato e tudo o que têm direito no acerto de contas com a empresa, mas quem aceitar esta proposta fica sem direito a subsídio de desemprego.
A segunda possibilidade em cima da mesa é esperar que a Farfetch avance com um processo de despedimento coletivo, para o qual não há data ainda. Nesta situação, as pessoas envolvidas receberão o valor legal definido (14 dias por cada ano de contrato) e têm direito à inscrição no subsídio de desemprego.
O ECO sabe que a Farfetch não tem mais margem de manobra, pois já chegou ao limite do número de trabalhadores que podem ter direito ao subsídio de desemprego.
Os trabalhadores contactados têm uma semana para responder se aceitam sair com estas condições e, caso o façam, o contrato de trabalho termina a 29 de fevereiro, segundo detalharam ao ECO vários funcionários da Farfetch, que pediram anonimato.
“Gostaríamos de te convocar para estares presente numa reunião que terá lugar amanhã, 16 de fevereiro, para uma atualização importante de Supply Chain. A tua presença é muito importante e é mandatório que recebas a informação que será partilhada na sessão”, terá sido esta a mensagem que os trabalhadores envolvidos nestas negociações receberam ontem, segundo mensagens partilhadas por trabalhadores da empresa num fórum na Internet, onde estão a trocar informações sobre o plano de despedimentos.
“Alegadamente a empresa está a promover acordos de rescisão amigável que praticamente correspondem ao obrigatório por lei, com a nuance de que se fica sem subsídio de desemprego. Claramente está a tentar escapar a um despedimento coletivo e a pressionar as pessoas para aceitarem algo que não lhes é benéfico”, indicava outro funcionário.
Outro trabalhador partilha que “os funcionários despedidos estão a ser confrontados com propostas para abdicarem da indemnização, sob ameaça de despedimento por justa causa, privando-os do direito a subsídio de desemprego”.
Ações fora das negociações
Por discutir ficou o que acontece com quem recebeu ações em 2023, com base no desempenho, títulos que serão tributados em sede de IRS e que hoje não valem nada, na sequência da venda à Coupang. A não existir uma proposta para os trabalhadores a quem foram entregues ações da Farfetch no ano passado, estes colaboradores correm o risco de ter de pagar impostos por ativos cujo valor foi reduzido a zero.
A Farfetch foi uma das primeiras empresas a promover a distribuição de ações pelos trabalhadores, como uma forma de compensação — José Neves adiantou em entrevista ao ECO que, em 2020 e 2021, foram entregues cerca de 80 milhões em ações aos colaboradores –, contudo estes valores não foram preservados no acordo com a Coupang, a 18 de dezembro.
“Quando a venda estiver consumada, a Farfetch Limited estima que os detentores das ações ordinárias de classe A e B e as notas convertíveis não recuperarão qualquer valor do investimento na Farfetch”, adiantou a empresa em comunicado aquando da realização do negócio.
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