Grupo de investidores quer travar venda da Farfetch à Coupang
O grupo de investidores detém mais de um bilião de ativos em obrigações convertíveis da Farfetch e quer travar o negócio, que ameaça reduzir a zero o seu investimento.
Um grupo de investidores da Farfetch, com mais de um bilião de ativos da empresa, uniu-se para tentar travar a aquisição do grupo liderado pelo português José Neves pelos sul-coreanos da Coupang, contestando o acordo alcançado entre as duas empresas a 18 de dezembro do ano passado.
Intitulado 2027 Ad Hoc Group, estes investidores representam mais de 50% das obrigações sénior convertíveis da Farfetch com maturidade em 2027 e dizem que o primeiro passo para tentar bloquear a venda à Coupang é declarar a Farfetch em incumprimento e exigir o reembolso imediato e integral das obrigações, isto depois de a empresa de venda de bens de luxo eletrónica ter declarado na passada quarta-feira, 24 de janeiro, que os atuais investidores de dívida “não devem esperar recuperar os seus investimentos”.
A Farfetch chegou a acordo com os sul-coreanos da Coupang no dia 18 de dezembro para a venda dos seus ativos e negócio, impedindo a companhia de entrar em insolvência, através da injeção de uma linha de liquidez no valor 500 milhões de dólares, permitindo à companhia continuar a sua atividade.
Este acordo não preservou, contudo, os investimentos nem dos acionistas, nem dos detentores de dívida convertível. “Quando a venda estiver consumada, a Farfetch Limited estima que os detentores das ações ordinárias de classe A e B e as notas convertíveis não recuperarão qualquer valor do investimento na Farfetch”, adiantou a empresa em comunicado aquando do negócio.
O grupo de acionistas pretende avaliar todas as opções para proteger os seus interesses e evitar a destruição de valor dos seus investimentos, tendo para isso nomeado a Pallas Partners como conselheiro legal e o Ducera Partners como conselheiro financeiro.
“A proposta de venda à Coupang está a transformar em zero milhões de dólares de títulos de dívida e também a prejudicar funcionários e outros investidores“, adiantou Fiona Huntriss, partner da Pallas Partners em comunicado.
O mesmo comunicado refere que os investidores “estão muito preocupados com os motivos pelos quais essa venda de emergência ocorreu, se o negócio foi comercializado para terceiros e por que os termos da venda propostos para a Coupang são tão destrutivos em termos de valor”.
O mesmo grupo de investidores manifesta ainda muitas dúvidas sobre como a Farfetch “passou de líder de mercado no final do exercício financeiro de 2023, com uma liquidez superior a 800 milhões de dólares em agosto de 2023, para uma liquidação imediata quatro meses depois“.
“Na altura em que o negócio foi anunciado, o consenso dos analistas (incluindo o seu corretor interno JPMorgan) estimou o valor do negócio da Farfetch em mais de três mil milhões de dólares”, observa o 2027 Ad Hoc Group, expressando “profunda preocupação com a deterioração rápida e inexplicável da posição financeira da Farfetch entre agosto e dezembro de 2023”.
Os investidores alertam ainda que os termos do acordo excluem a possibilidade de outra oferta. “Este processo estabelece um precedente incrivelmente perigoso. Permitir que esta transação prossiga não maximiza o valor dos ativos da empresa num momento em que pelo menos três outras partes credíveis foram publicamente declaradas interessadas em todo ou parte do negócio“, adiantou um porta-voz do grupo, adiantando que os investidores estão a considerar “urgentemente os próximos passos apropriados”.
José Neves estima que a venda à Coupang esteja concluída no primeiro trimestre de 2024. Os termos do contrato celebrado entre a Farfetch e a Coupang e a Greenoaks Capital estão sujeitos a um período de exclusividade até 30 de abril de 2024.
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