Farfetch encerrou escritório em Braga em setembro

Decisão de concentrar a presença no Norte em Matosinhos e Guimarães aconteceu antes da venda à Coupang, numa fase em que a empresa já estaria com problemas. Critical TechWorks é o novo inquilino.

A Farfetch saiu dos escritórios que tinha em Braga no final de setembro do ano passado, deixando assim de manter uma presença física na capital minhota, pouco mais de quatro anos após a inauguração do espaço que ocupou na Avenida Dom João II. Com grande parte dos colaboradores em regimes híbridos de trabalho, a decisão da tecnológica foi concentrar as equipas nos escritórios em Matosinhos e Guimarães.

A abertura do escritório de Braga, o quarto no país, foi anunciada no início de março de 2018 — a inauguração oficial aconteceria em julho do mesmo ano — com a empresa então ainda liderada por José Neves apostada em criar um pólo de tecnologia na cidade com 150 trabalhadores. “Braga é considerada uma das cidades mais jovens do país, dinâmica e inovadora, e reúne as condições certas para receber um novo pólo de tecnologia da Farfetch. Este novo escritório é também sinónimo da continuação da nossa aposta em Portugal e da importância do país no desenvolvimento da nossa operação“, afirmava na altura Luís Teixeira, diretor-geral da Farfetch em Portugal, um dos executivos que entretanto também abandonou a empresa.

Pouco mais de quatro anos após esta inauguração, a Farfetch colocou o escritório de Braga, juntamente com o espaço que mantinha na Avenida da Boavista, no Porto, na lista de locais a encerrar, o que aconteceu logo após o verão do ano passado. Os escritórios fecharam portas definitivamente em setembro passado, contudo o fecho das operações em Braga não foi noticiado.

A companhia justificou esta decisão com uma otimização de escritórios, “alinhada com as nossas políticas de trabalho flexíveis e visa otimizar a nossa capacidade atual para atender às necessidades efetivas”, referiu fonte oficial da empresa aquando do fecho das instalações na Invicta.

Matosinhos e Guimarães concentram atividade no Norte

O ECO sabe que, face ao facto de muitos trabalhadores estarem a trabalhar a partir de casa na maior parte do tempo, a Farfetch optou por concentrar as equipas nos escritórios de Matosinhos e Guimarães. Assim, os colaboradores que antes estavam alocados ao escritório de Braga têm agora que se deslocar para os pólos vizinhos da plataforma de venda de produtos de luxo online.

A saída de Braga, a quarta cidade em que a Farfetch estava presente no país, além de Lisboa, Porto (Matosinhos) e Guimarães, ocorreu ainda antes da entrada dos sul-coreanos da Coupang, num período em que a tecnológica de sangue português estaria já a enfrentar dificuldades. Foi no dia 29 de novembro que a empresa, sem que nada o previsse, decidiu cancelar a apresentação de resultados referentes ao terceiro trimestre do ano, precisamente o período no qual o primeiro unicórnio português avançou com a descontinuação dos escritórios em Braga e no Porto, o que mostra que estas decisões já visavam tentar estancar os problemas de liquidez.

No entanto, as medidas tomadas pela administração revelar-se-iam insuficientes para salvar a empresa, sem entrada de novo capital, o que aconteceu a 18 de dezembro com a venda à Coupang, em troca de uma injeção de 500 milhões de dólares.

A aquisição da Coupang ficou concluída no início deste mês e os novos acionistas, liderados pelo sul-coreano Kim Bom, não perderam tempo a começar uma reestruturação que vai conduzir ao despedimento de até 30% da sua força de trabalho, levando à saída de até 2.000 pessoas. Metade deste número, sabe o Eco, poderá ser alcançado em Portugal, onde a empresa mantinha cerca de 3.000 postos de trabalho.

Critical TechWorks ocupa antigas instalações da Farfetch

Os antigos escritórios ocupados pela Farfetch já têm novo dono. O espaço de 2.000 metros quadrados é agora ocupado pela Critical TechWorks. A empresa abriu em Braga o terceiro hub da joint-venture entre a portuguesa Critical Software e o BMW Group em Portugal, que previa arrancar com 100 pessoas, número que a tecnológica quer elevar para 500 até 2027.

“Braga foi uma escolha que surge no seguimento do nosso posicionamento na região Norte para que a nossa equipa continue a crescer. Atualmente, já temos um escritório no Porto que tem capacidade para cerca de 1.600 pessoas e esta expansão irá permitir uma maior flexibilidade para quem vive em Braga, evitando deslocações. Por outro lado, tendo em conta o crescimento de projetos em que estamos envolvidos com o BMW Group, este novo escritório irá reforçar os nossos serviços de engenharia“, justificou Ana Serafim, responsável pelo recrutamento na Critical TechWorks, ao ECO em outubro do ano passado.

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