Exclusivo Acionistas da EDP escolhem Lobo Xavier para presidente do Conselho Geral e de Supervisão
Depois da anunciada saída de João Talone, os principais acionistas da EDP escolheram o advogado, com duas décadas de experiência em conselhos de administração.
O advogado António Lobo Xavier é o nome escolhido pelos principais acionistas da EDP para suceder a João Talone na presidência do Conselho Geral de Supervisão, o órgão de fiscalização da comissão executiva, apurou o ECO junto de duas fontes que acompanham este processo. Talone comunicou formalmente no dia 4 de janeiro que não estaria disponível para um novo mandato por ter discordâncias sobre algumas das regras de governação na companhia, e daí para cá a China Three Gorges (CTG) e o grupo Masaveu, dois dos principais acionistas, avaliaram a escolha de um nome com experiência em conselhos de administração e capacidade diplomática, o que alinha com o perfil de Lobo Xavier.
Como o ECO revelou em primeira mão, os acionistas da EDP contrataram uma consultora internacional para os assessorar na escolha do presidente (chairman) do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) que apresentarão à Assembleia Geral eletiva de 10 de abril. Ainda assim, o nome do advogado não terá sido indicado pela consultora, mas apareceu por uma fonte terceira (não identificada) e acabou por convencer o acionista chinês e espanhol. A lista terá de ser divulgada publicamente até um mês antes da reunião de acionistas e terá outros nomes novos, além do presidente, que conta para a quota de membros não executivos independentes.
Oficialmente não foi possível confirmar esta escolha e o ECO tentou contactar António Lobo Xavier, mas o advogado da Morais Leitão e vice-presidente não executivo do BPI (também é membro não executivo de outras quatro empresas, nomeadamente a NOS), não esteve disponível para responder a quaisquer perguntas. De qualquer forma, tendo em conta as regras de governação da EDP, Lobo Xavier terá fazer outras escolhas profissionais, nomeadamente na advocacia.
A escolha do novo presidente do conselho geral é sensível, pela estrutura acionista da EDP e pelos mercados onde atua. O principal acionista é a China Three Gorges, enquanto o principal mercado da companhia, na área renovável, é o dos EUA. António Lobo Xavier tem um perfil diferente do de João Talone, um gestor que foi, aliás, presidente executivo da EDP, mas tem cerca de duas décadas de experiências em ‘boards’ e capacidade diplomática, essencial no atual contexto geopolítico em que a EDP opera.
Ainda recentemente, o vice-secretário Adjunto do Departamento de Energia, representante desse ministério no CFIUS (sigla em inglês para o Comité de Investimento Estrangeiro nos EUA), afirmou em entrevista ao ECO que os EUA estão a olhar para as mudanças que vêm aí no Conselho Geral e de Supervisão. “Estou muito satisfeito por ver que a EDP contratou uma consultora externa que vai ajudar no processo de garantir que quaisquer alterações ao governance da EDP vão atrair o tipo certo de pessoas, que teriam o tipo adequado de experiência económica e empresarial, que seria uma boa escolha para garantir que se mantém a transparência e o nível certo de direção no conselho de administração“, disse Michael Considine ao ECO.
No atual mandato, o CGS é composto por 16 membros, cinco dos quais são representantes do acionista chinês e dois do acionista espanhol, além de nove membros independentes, incluindo o próprio João Talone. Ora, o atual chairman queria mudanças no modelo de governação e tinha manifestado a visão de que a EDP deveria reduzir o número de membros do CGS, passando a China Three Gorges a ter três ou, no máximo, quatro membros, enquanto a família Mazaveu teria um representante. Talone apresentou uma proposta aos acionistas e terá dado o prazo do final do ano para ter uma resposta dos acionistas, que não chegou.
Segundo o site da EDP, a 13 de setembro de 2023, a China Three Gorges, controlada pelo Estado chinês, era a maior acionista da empresa, com 20,86% do capital. Em segundo lugar ex aequo estavam a Oppodium Capital (detida em 55,9% pela espanhola Masaveu Internacional, com os restantes 44,1% a pertencerem ao Liberbank) e a norte-americana BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com 6,82% cada.
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