BCE começou a discutir alívio das políticas restritivas, diz Lagarde

A presidente do BCE revela que na reunião desta quinta-feira o Conselho do BCE não discutiu cortes das taxas de juro, mas iniciaram-se discussões para uma redução das restrições da política monetária.

O Banco Central Europeu (BCE) voltou a manter inalteradas as taxas diretoras em níveis historicamente elevados, por considerar que as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas “devido, em parte, ao forte crescimento dos salários.” Mas vê “sinais” de que a tendência “está a começar a abrandar”.

Os últimos dados divulgados pelo BCE mostraram um crescimento homólogo dos salários de 4,5% no último trimestre de 2023, que compara com um aumento de 4,7% no trimestre anterior — o segundo valor mais elevado desde o início da série do BCE (setembro de 2005).

Esta quinta-feira, na conferência de imprensa após a divulgação do comunicado do BCE, Christine Lagarde referiu que a decisão do Conselho do BCE foi unânime e voltou a destacar que a economia da Zona Euro permanece “fraca”, com os “consumidores a conterem-se nas suas despesas”, apesar de a presidente do BCE acreditar que “os rendimentos reais recuperarão, apoiando o crescimento.”

Apesar de a taxa de inflação continuar a desenhar uma “tendência descendente” aproximando-se do objetivo dos 2% do BCE, a presidente do BCE nota que “ainda não estamos suficientemente confiantes em relação à inflação.”

Lagarde destacou ainda um abrandamento do mercado de trabalho, salientando que “a procura de mão-de-obra está a abrandar” com “os empregadores a anunciarem menos propostas de trabalho” e sublinhou que “há sinais de que o crescimento dos salários está a começar a abrandar.”

Em relação à evolução recente dos preços da generalidade dos produtos, Lagarde salienta que apesar de a taxa de inflação continuar a desenhar uma “tendência descendente” aproximando-se do objetivo dos 2% do BCE, a presidente do BCE nota que “ainda não estamos suficientemente confiantes em relação à inflação.”

No entanto, Lagarde refere que “isso não significa que o BCE só fará cortes quando a taxa de inflação chegar aos 2%”, mas que essa decisão está dependente dos dados económicos e financeiros que forem sendo conhecidos e reforçou a ideia de que não se comprometerá “com o ritmo das futuras alterações das taxas de juro.”

Sobre a ideia de que a política monetária do BCE poderá ser influenciada pelas decisões da Fed, Lagarde declarou que o “BCE atua de forma independente e vamos fazer o que temos que fazer quando o tivermos de fazer”.

Além disso, a presidente do BCE revelou que, no decorrer da reunião desta quinta-feira do Conselho do BCE, não foram discutidos cortes das taxas diretoras, mas “começámos a discutir a redução da nossa posição restritiva.”

Além disso, sobre a ideia de que a política monetária do BCE poderá ser influenciada pelas decisões da Fed, Lagarde declarou que o “BCE atua de forma independente e vamos fazer o que temos que fazer quando o tivermos de fazer”, tendo em conta “o nosso objetivo de atingirmos o nosso objetivo de 2% para a inflação.”

No seguimento da pergunta de um jornalista, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, referiu que “o setor imobiliário comercial é um dos principais riscos na região”, apesar de notar que a exposição dos bancos europeus a este mercado “ser bastante limitado” e que “ainda não assistimos a um contágio generalizado.”

A próxima vez que os membros do Conselho do BCE se voltarão a reunir para discutir a política monetária da Zona Euro será a 11 de abril, novamente em Frankfurt, na sede do BCE.

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