Mercadona quase duplica vendas em Portugal. “Pela primeira vez não perdemos dinheiro”, destaca Juan Roig

No ano em que chegou às 49 lojas em Portugal, com a abertura de dez novas unidades, as vendas da retalhista espanhola subiram 90%, para 1.403 milhões. Instabilidade política não trava investimentos.

A cadeia de supermercados Mercadona faturou um total de 35.527 milhões de euros em 2023, dos quais 1.403 milhões de euros em Portugal. Num ano em que inaugurou mais uma dezena de lojas, chegando a um total de 49 ao fim de quatro anos de operação, as vendas deste lado da fronteira quase duplicaram (+90%) face ao ano anterior.

“Estamos muito satisfeitos com Portugal. Conseguimos que os clientes nos recebam bem e já temos 8% de quota de mercado [no país]. É uma grande satisfação. Pela primeira vez não perdemos dinheiro em Portugal e, em 2024, estamos certos de que vamos ganhar dinheiro em Portugal. (…) O projeto já é rentável”, referiu o presidente, Juan Roig, sem detalhar os valores. Nos dois anos anteriores tinha acumulado 115 milhões de euros de prejuízos.

O anúncio foi feito esta terça-feira durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados, realizada em Valência. Com os 1.800 empregos criados em 2023, a empresa de distribuição tem agora 5.300 funcionários em Portugal, onde chegou em 2019 e que é a primeira experiência de internacionalização da líder do retalho alimentar em Espanha. Desde que em 2016 tomou a decisão de entrar em Portugal, calcula já ter investido 900 milhões de euros.

Já temos 8% de quota de mercado. É uma grande satisfação. Pela primeira vez não perdemos dinheiro em Portugal e, em 2024, estamos certos de que vamos ganhar dinheiro [no país].

Juan Roig

Presidente da Mercadona

Depois de 291 milhões de euros aplicados em Portugal no ano passado, em 2024 prevê investir mais 196 milhões de euros, destinados à abertura de 11 lojas e à conclusão do bloco logístico de Almeirim, no distrito de Santarém, que tem inauguração prevista para julho. Será o segundo no país – tem outro na Póvoa de Varzim – e o maior da cadeira retalhista.

De acordo com o plano de expansão para 2024, a retalhista vai abrir 11 novos espaços comerciais em Portugal e estrear-se em dois distritos: Guarda e Évora. Além disso, no segundo semestre vai inaugurar o bloco logístico de Almeirim (Santarém), que será o maior da empresa na Península Ibérica.

Guarda, Oliveira de Azeméis, Coimbra (Solum e Eiras), Leiria, Évora, Vila Nova de Gaia (Canelas), Sintra (Rio de Mouro), Maia (Moreira), Seixal (Fernão Ferro) e Barreiro (Lavradio). Estas são as próximas localizações dos supermercados Mercadona em Portugal, que prevê terminar este ano com um total de 60 lojas em território nacional.

Instabilidade política não trava investimento em Portugal

Segundo cálculos da Mercadona, através da empresa portuguesa Irmãdona Supermercados, com sede em Vila Nova de Gaia, contribuiu com 171 milhões de euros em impostos. Por outro lado, a retalhista trabalhou no ano passado com 1.000 fornecedores portugueses, aos quais comprou um total de 1.178 milhões de euros em produtos que vende dos dois lados da fronteira. “No futuro compraremos muito mais em Portugal. Ainda nos falta conhecer melhor a rede de fornecedores”, apontou Juan Roig.

Durante a conferência de imprensa, questionado sobre a internacionalização para outros países, respondeu que ainda falta à Mercadona ser “mais galega e canária” em Espanha, e aprofundar a aposta em Portugal. “Temos tido êxito em Portugal, mas está a custar-nos muito. Não vamos para um terceiro país antes de consolidar muito bem em Portugal. Só vamos para outro país quando soubermos que o mercado português está tão dominado quando o espanhol – e isso vai dar-nos muito trabalho”, acrescentou.

Juan Roig. presidente da Mercadona12 março, 2024

Com a abertura de 11 supermercados, Juan Roig fixa o objetivo de atingir vendas de 1.900 milhões de euros em Portugal no final de 2024. Já sobre o resultado das eleições legislativas em Portugal, o empresário desvalorizou o impacto que a situação política pode ter nos investimentos da empresa deste lado da fronteira.

“Sabemos que aumentou a participação eleitoral em Portugal. Cremos na democracia e aceitamos os resultados que saíram [das urnas]. Qualquer resultado nos parece bem, trabalhamos com as leis que temos no país. Não temos nenhuma ideia de que os resultados eleitorais em Portugal nos podem afetar”, resumiu o líder da Mercadona.

Com um total de 104 mil colaboradores, “com o objetivo de continuar a garantir o seu poder de compra”, a empresa aprovou um aumento salarial em linha com o Índice de Preços no Consumidor (IPC) de dezembro — 1,4% em Portugal e 3,1% em Espanha –, além do pagamento de um prémio por objetivos que advém dos lucros obtidos pela empresa e do atingimento de metas individuais, acordadas no início do ano.

Como medida excecional, recordou ainda, em 2023 foi distribuído mais meio prémio adicional, pela melhoria da eficiência produtiva e gestão, que resultou na partilha de um total de 600 milhões de euros com os trabalhadores em prémios, mais 50% do que no ano anterior.

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