BRANDS' TRABALHO “Temos muita dificuldade de atração e retenção de talentos”
Em entrevista ao ECO, Cândida Morais, CFO & events na Great Place to Work, revela alguns detalhes sobre a próxima edição dos Melhores Lugares para Trabalhar, que irá decorrer no dia 20 de março.
No próximo dia 20 de março irá decorrer a próxima edição dos “Melhores Lugares para Trabalhar em Portugal”, que vai reconhecer várias empresas que se distinguiram pela qualidade de serviço ao colaborador.
Cândida Morais, CFO & events na Great Place to Work®, partilhou, em entrevista ao ECO, alguns pormenores sobre esta edição e ainda deixou algumas dicas para as empresas que pretendam ser reconhecidas com esta distinção.
Estamos a poucos dias de mais uma edição dos Melhores Lugares Para Trabalhar em Portugal. Pode levantar um pouco o véu sobre esta edição?Esta edição é marcada pela introdução da plataforma desenvolvida pela Great Place To Work® – Emprising™, que permite o uso da nossa metodologia para “ouvir” os colaboradores, com mais facilidades para os gestores, que operacionalizam diretamente na plataforma, acelerando e facilitando todos os processos da pesquisa, e ao término, com a disponibilização automática da visualização dos resultados, com leituras mais simplificadas e análises mais abrangentes. Veio, sem dúvida, mudar como fazer e incrementar a utilização dos dados da metodologia GPTW®, permitindo o benchmarking com o mercado mundial, pois a metodologia é a mesma e é a utilizada em todo o mundo. Vai ao encontro do nosso propósito FOR ALL®.
E sobre as empresas que irão ser reconhecidas?Ouvimos mais de 65 mil colaboradores ao longo do ano de 2023. Das 50 empresas reconhecidas, temos 26 novas entradas. E metade são empresas de origem nacional, provando que a preocupação com os colaboradores já é uma marca dos ambientes de trabalho nacionais. Os setores mais representados são: IT, farmacêutico, serviços financeiros e seguradoras. O reconhecimento pelos colaboradores dos Best Workplaces™ é, sem dúvida, o ponto máximo, pois, com este reconhecimento, percebem o trabalho empreendido na valorização das pessoas e dão uma grande motivação para que ele continue e se solidifique nas suas empresas.
E quais os critérios para ser um Melhor Lugar Para Trabalhar?Sem dúvida, a primeira condição, e a mais importante, é ouvir os colaboradores que, através da nossa metodologia de pesquisa, o Trust Index®, aponta a perceção dos colaboradores em pontos fundamentais para avaliar os ambientes de trabalho. Esta pesquisa é realizada de forma totalmente espontânea, anónima e com total confidencialidade. E garantimos isto pois estamos a avaliar estes ambientes há mais de 40 anos. Alcançada a média mínima para a Certificação, foi dado o primeiro passo: a empresa consegue o selo Certified® e já ingressa na comunidade dos Great Place To Work®, que carinhosamente são conhecidos por “Greaters”. Todas as empresas certificadas com mais de 20 colaboradores e um número mínimo de participação na pesquisa são automaticamente candidatas aos Best Workplaces™. Para complementar, auditamos as práticas em empresas acima de 100 colaboradores, alinhando, assim, as suas médias do Trust Index® com as suas práticas, a fim de determinar as Melhores das Melhores.
O que distingue estas empresas? O que as faz ser um Best Workplaces™?O mesmo que exatamente os colaboradores nos dizem através da pesquisa: elevados níveis de confiança nas suas lideranças, seja com quem interagem diretamente, sejam as lideranças do topo das empresas. Reconhecem que são tratados com justiça, percebem os seus ambientes como sendo de cordialidade com os colegas, instalações adequadas, que tem oportunidade de desenvolvimento profissional, que podem participar com sugestões pois serão ouvidos, são empresas que inovam e desafiam as suas capacidades, têm um propósito com que se identificam e, portanto, têm orgulho no lugar onde trabalham e são defensores das suas marcas. São empresas que terão, nos seus colaboradores, embaixadores da marca e que a indicam, tanto aos consumidores, como a possíveis candidatos.
Se estas empresas são os Melhores Lugares Para Trabalhar, podemos assumir que não têm problemas?Há sempre problemas, até porque muitos surgem de fatores externos. No entanto, as empresas Greaters, utilizando a plataforma Emprising™, identificam-nos mais depressa e percebem para onde deverão direcionar os seus esforços, a fim de terem uma ação mais focada. Por exemplo, durante a pandemia, atuámos ao lado destas empresas e, como uma comunidade, partilhamos muitas práticas e desenvolvemos outras para ultrapassar as dificuldades de adaptação ao teletrabalho. Estas empresas contam com a confiança dos colaboradores, o que permite a solução de problemas e transição em períodos de crise mais facilmente, até porque todos têm como prioridade cuidar das pessoas.
Quais foram, então, os principais desafios identificados pelos colaboradores destas organizações?Os pontos de melhoria apontados foram o teletrabalho e o modelo híbrido, a falta de estrutura e maturidade dos modelos, que ainda não foi atingida para prosperar e dar confiança entre os colaboradores e a empresa. A inflação, que causou a perda do poder de compra e, por conseguinte, uma necessidade de aumento dos rendimentos por parte dos colaboradores, que é um desafio que as empresas estão a tentar responder, através de benefícios que realmente criem impacto. E, ainda, alcançar o equilíbrio certo entre a vida pessoal e profissional que, para muitos colaboradores, é o ponto essencial que terá de ter mais ações por parte das empresas.
Ou seja, fazer um diagnóstico de cultura organizacional ou melhor ouvir os colaboradores é fundamental para qualquer empresa?Eu diria que é fundamental para o ser humano e que, nas empresas, poderá fazer a diferença para uma gestão mais sustentável e rentável. Vejam-se os números dos 100 Best Workplaces™ mundiais comparados ao índice Russel, que comprovam isso mesmo. As 100 empresas que constam do estudo da GPTW® Fortune tiveram uma performance três vezes superior aos seus principais concorrentes. As empresas certificadas pela Great Place To Work bateram o Russell 3000 e o Russell 1000 em desempenho no mercado de ações.
Fazer o diagnóstico da GPTW dá múltiplas possibilidades: assessment – importante para a gestão em diversos processos; reforçar o employer branding; avaliação do engagement, inovação e wellbeing. A nossa metodologia permite, ainda, acrescentar questões para avaliar problemas específicos. E a plataforma Emprising™ oferece a possibilidade de monitorização, através da aplicação de pulses surveys.
E o que podemos esperar da Great Place to Work em Portugal neste ano de 2024?Por ser uma plataforma de uso específico GPTW, que tem vindo a ser utilizada em mais de 100 países por empresas de diversos setores bastante exigentes e, ainda, com números elevados de colaboradores, estamos sempre a fazer adaptações e melhorias para que tenhamos uma plataforma de excelência, disponível para as nossas empresas. Assim, poderão contar com um Emprising™ de mais fácil utilização e melhor em 2024.
Outro ponto alto na nossa trajetória foi o reconhecimento dos nossos Best Workplaces™. Em 2024, haverá, ainda os Melhores Lugares para Trabalhar em Tecnologias da Informação e também num outro ponto, que se tornou um diferencial para as empresas, o Wellbeing.
Assim, já convidamos todos para nos acompanharem nestas novidades, bem como as empresas interessadas em procurar a nossa Certificação, para que estejam elegíveis também para estes dois novos rankings em 2024.
Como encara o futuro empresarial em Portugal?O futuro será exatamente o que trabalharmos hoje para alcançar. Confiamos plenamente nestas empresas Greaters, que já estão a fazer a diferença na vida de muitos colaboradores, nas suas famílias, nas comunidades e na economia do país. O futuro adivinha-se positivo para estas empresas. De 2023 para 2024, o índice de confiança dos colaboradores aumentou e a faturação aumentou 32%.
Aquelas empresas que ainda não entenderam que o sucesso está diretamente relacionado com os ambientes mais propícios e mais justos para alcançar maior produtividade e rentabilidade, terão de o fazer para sobreviver.
Já temos muita dificuldade de atração e retenção de talentos, como todos os dias vemos pelos índices de emigração dos nossos jovens. Por isso, se não assegurarmos as condições para o desenvolvimento de carreiras, com mais inovação, desafios estimulantes e propósito que os façam vestir a camisola, aliados a melhores rendimentos e qualidade de vida, todos perderemos, pois estes jovens, hoje, escolhem os seus empregadores.
O nosso número de empresas certificadas cresceu muito nestes últimos anos e vemos que, mesmo as microempresas, que estão a iniciar a sua trajetória, estão a procurar a nossa metodologia pois percebem que o futuro se constrói com as pessoas e o sucesso depende delas.
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