Mapfre quer mais seguros de Vida, Brasil e manter elevados dividendos
O grupo segurador espanhol apresentou as suas contas mundiais em Madrid e o presidente Antonio Huertas foi muito objetivo a indicar o caminho e a quantificar os objetivos a alcançar nos próximos anos.
António Huertas, presidente da seguradora espanhola Mapfre, alertou na passada sexta-feira para o aumento da sinistralidade por desastres naturais como uma das ameaças mais relevantes à rentabilidade presente e futura dos seguros. “Não são as grandes catástrofes, como o terramoto na Turquia ou o furacão Otis no México, são muitos eventos pequenos e médios que estão a aumentar a frequência de sinistros”, explicou à margem da assembleia geral do grupo Mapfre, realizada em Madrid.
A reunião anual de apresentação de atividades e contas contou com representantes de 80,48% do capital e para estes foi aprovada uma distribuição de 462 milhões de euros, parte significativa dos resultados líquidos de 692 milhões de euros que corresponderam a 9,9% de rentabilidade dos capitais próprios. Estes resultados já foram explicados pelo ECOseguros.
No entanto, foi confirmado quer o valor quer a certeza de que existe liquidez no balanço para os poder pagar. Foram boas notícias para os investidores institucionais que detêm cerca de 17% do capital, para os mais 200 mil acionistas particulares, essencialmente espanhóis que controlam 13%, e para a Fundação Mapfre, a maior acionista com 70% do capital.
Para a Fundação a consistência de dividendos é essencial para o seu compromisso com “o bem-estar de pessoas e o progresso social”. Entre ajudas sociais, programas educativos, inovação, prémios, promoção de voluntariado e de artes plásticas e fotografia, a instituição investe anualmente cerca de 71 milhões de euros por ano em muitos projetos e iniciativas, dos quais 62 milhões dependem de dividendos da seguradora.
À procura de mais seguros de Vida e o rumor Generali
A carteira de seguros da Mapfre a nível mundial conta com cerca de 80% das receitas provenientes de seguros Não Vida e quase metade pertence ao ramo automóvel. António Huertas nota que se pretende reequilibrar essa distribuição de riscos e conta aumentar a presença no ramo Vida. Aquisições de concorrentes é uma das vias. Já a Mapfre em Portugal, liderada por Luis Anula, está a atenta a oportunidades que surjam.
A este propósito António Huertas comentou uma notícia, publicada na passada semana, a referir haver interesse da italiana Generali na aquisição de outra grande seguradora europeia e, uma das que se falava, era a Mapfre. A este respeito Huertas foi decisivo e atribuiu a notícia a uma especulação: “Philippe Donnet (CEO da Generali) é nosso amigo e disse-me que não foi ele que falou isso”, afirmou perante jornalistas portugueses, para mais tarde, quando questionado sobre este tema por um acionista individual durante a própria assembleia geral, concluir que “Donnet tem de ter mais cuidado com dizem os que o rodeiam”.
Portugal foi falado como uma presença muito positiva. A Mapfre contribuiu com 15,2 milhões para os resultados e as seguradoras Mapfre Vida, Mapfre Gerais, Mapfre Santander e Mapfre Assistência (Mawdy). A estas deve ainda juntar-se a Bankinter Vida, uma parceria entre a Mapfre e o Bankinter.
Em relação a mercados futuros para expansão, o Brasil foi destacado por António Huertas, já é a segunda maior geografia de negócio da Mapfre, após a Península Ibérica e revelou elevada rentabilidade com desempenho “histórico” na sinistralidade em seguros de Vida.
O plano estratégico até 2026 avança com objetivos aspiracionais:
- Crescimento anual maior que 6%;
- ROE (rendibilidade dos capitais próprios) entre 10 e 11%;
- Rácio combinado entre 96% e 95%;
- Entre 175% e 225% de rácio de solvência;
- Mais de 50% de payout (distribuir aos acionistas mais de metade dos lucros).
O grupo destaca ainda a Mapfre Asset Managment, que tem 53 mil milhões de euros de ativos sob gestão, sendo a maior parte são ativos do grupo Mapfre e 10 mil milhões são fundos de investimento e fundos de pensões para terceiros.
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