Exclusivo Diretor da Faculdade de Economia do Porto renuncia ao mandato de deputado após ser eleito nas listas da AD
Óscar Afonso, independente eleito nas listas da AD após ajudar a elaborar o programa eleitoral, não tomou posse como deputado. Catedrático vai continuar a liderar a FEP, cargo de dedicação exclusiva.
Óscar Afonso participou na elaboração do programa da Aliança Democrática (AD), foi candidato em lugar de destaque pelo círculo eleitoral do Porto e eleito na votação de 10 de março. Apontado como exemplo da “abertura à sociedade” nas listas da coligação de direita, Luís Montenegro chegou até a admitir que era “uma possibilidade” para ministro das Finanças.
No entanto, segundo apurou o ECO, o diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) acabou por não tomar posse como deputado. Contactado, o professor catedrático e sócio fundador do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) preferiu não justificar a recusa em assumir o mandato para o qual foi eleito na legislatura que agora está a começar.
Escolhido em março de 2023 para suceder a José Manuel Varejão na direção da FEP, onde estudou e dá aulas há mais de três décadas, Óscar Afonso vai assim continuar a liderar esta escola de Economia e Gestão, que tem cerca de 3.200 alunos e onde se formaram os ex-ministros Daniel Bessa, Miguel Cadilhe e Teixeira dos Santos, ou o antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Fonte da reitoria da Universidade do Porto confirmou ao ECO que, se tivesse tomado posse como deputado, teria de renunciar ao cargo de diretor da faculdade, que é de dedicação exclusiva.
Natural de Miranda do Douro, onde nasceu há 55 anos e foi eleito presidente da Assembleia Municipal nas últimas autárquicas, igualmente como independente e numa lista que juntou PSD e CDS-PP – é membro do Movimento Cultural Terra de Miranda, que se insurgiu contra a vertente fiscal do negócio da venda das barragens da EDP no Douro –, este economista que começou a carreira profissional no BPA foi um dos oradores convidados na edição de 2023 da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, e um dos nove especialistas da equipa que ajudou Montenegro a elaborar as primeiras cinco propostas para a redução do IRS, apresentadas em agosto do ano passado.
Já depois da queda do Governo de António Costa, o agora primeiro-ministro fez entrar Óscar Afonso em quarto lugar nas listas do Porto, logo a seguir a Miguel Guimarães, Nuno Melo e Germana Rocha. A 17 de janeiro, após a aprovação dos candidatos, Montenegro fez a defesa da abertura a “pessoas de reputada qualificação” que seriam mais-valias no confronto com o PS em áreas como a Economia. “Estamos a dar um sinal do Portugal que queremos, que conta com todos e não se esgota nos partidos, se abre à sociedade e vai buscar os melhores para connosco construírem um Portugal novo”, disse então o líder social-democrata.
No arranque da campanha eleitoral, já depois de ter participado na elaboração do programa eleitoral da AD, durante a visita a uma feira do fumeiro em Trancoso (Guarda) e ao encontrar num dos stands uma estudante de Gestão da FEP, Montenegro fez questão de lhe dizer que o diretor da faculdade integrava as listas da coligação. E questionado pelos jornalistas sobre se Óscar Afonso daria um bom ministro das Finanças – cargo que veio a ser ocupado por Joaquim Miranda Sarmento –, respondeu que era “uma possibilidade”. “Tem capacidade, qualificação e competência para isso, como para muitas outras coisas”, acrescentou o líder social-democrata.
Em entrevista ao ECO, publicada em junho do ano passado, numa altura em que as previsões de crescimento para a economia portuguesa estavam ainda a ser revistas em alta por vários organismos internacionais, o diretor da FEP advertiu que “tão cedo as pessoas não [iriam] ficar melhor”. Afirmou ainda ser “uma desgraça” o PIB nacional subir “tão pouco com a quantidade tão significativa de fundos” que chegam e com o nível de endividamento do país.
Já esta semana, num especial publicado no ECO com o título “Excedente orçamental de 2023, a admissão tardia e a insustentabilidade previsível”, Óscar Afonso argumentou como os “aparentes” bons resultados orçamentais do ano passado são “bastante enganadores”. E alertou para a necessidade de o novo Governo avançar com reformas estruturais, em diálogo com as restantes forças políticas. “A responsabilidade cabe a todos os agentes políticos do novo Parlamento eleito, foi essa uma das principais mensagens do voto popular, assim como a necessidade urgente de uma mudança substantiva de políticas públicas”, escreveu.
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